terça-feira, outubro 31, 2006

Olhar Virtual

Convite aos navegantes de ciberespaço.
Coloquei no ar, o blog chamado Olhar Virtual (http://olharvirtual.blogspot.com), com link ao lado, para divulgar a vida e obra de meu pai, José Américo Roig, mais conhecido como Zeméco, artista plástico autodidata, que mora na praia do Mar Grosso, em São José do Norte - RS - Brasil. Escolhi para título de seu blog - no qual irei postar biografia, fotos e material diverso - o nome de Olhar Virtual, pelo fato de que meu pai, desde meados dos anos 60, do século passado, ficara cego do olho esquerdo, quando era desenhista de uma grande loja de departamento em Porto Alegre, onde acabei nascendo. Por essas coisas do destino, acabamos retornando para sua terra natal, São José do Norte. Eu, vivo em Rio Grande, desde os anos 80, mas meu pai, na mesma época foi morar na pequena praia do Mar Grosso, onde busca inspiração pra seus quadros, que retratam os casarios históricos (muitos deles já tombado pelo tempo e o vento, vivos apenas na memória visual de meu pai), as marinhas e as paisagens típicas da região sul, entre a Laguna dos Patos e o oceano Atlântico.
Seu papel, como artista, é o de preservar a memória de sua região de uma maneira muito peculiar.
Na foto acima, tirada por mim, de um dos quadros que mais admiro, trata-se da Casa Ferrari (que não existe mais), e que estava situada na rua Mal. Floriano ou Rua Direita, em São José do Norte, município vizinho a Rio Grande - RS - Brasil.

Teorias da Aprendizagem

Nós, do NTE-Rio Grande, da 18ª Coordenadoria Regional de Educação, temos utilizado como suporte ao Projeto de Informática na Educação Especial algumas bases do construtivismo, principalmente às de Flexibilidade Cognitiva e Aprendizagem Significativa, tendo inciado de forma intuitiva e experimental um pouco de método clínico de Piaget, com 08 turmas da Educação Especial da EEEF Barão de Cêrro largo, onde o NTE/18ªCRE está implantado e em funcionamento:
- 01 turma DA: de alunos surdos de classe especial de 1ª a 3ª série (turno manhã), com o apoio das professoras Daina Soares, Cleusa Gonçalves e Graciema Lindner e da intérprete voluntária Ivana Gomes Silva(surda), no total de 17 alunos;
- 01 turma DA: inclusiva de 4ª série de alunos ouvintes e surdos (turno tarde), com apoio da profa. Simone Delgado, que conhece a Libras - Linguagem Brasileira de Sinais, no total de 13 alunos;
- 02 turmas DV: alunos cegos, com baixa visão e baixa visão com DM (deficiência mental), uma em cada turno, com apoio da profª. Nirlei Rodrigues e da monitora voluntária Luize Dorneles (cega), no total de 13 alunos;
- 02 turmas AH: altas habilidade/superdotação, em turno inverso ao da classe regular: turma da manhã, de 3ª a 5ª série do ens. fundamental; e turma da tarde, de 6ª e 8ª série, com apoio da profª. Isabel Veleda, no total de 14 alunos.
- 02 turmas DM: deficientes mentais, turno manhã e tarde, com apoio da profª. Jane Degani, uma das idealizadoras e parcerias do NTE, nesse projeto de educação inclusiva, no total de 24 alunos.
Iniciado de forma experimental, no formato de projeto-piloto, em 2005, foi em 2006 dada a continuidade, ampliando os apoiadores voluntários, com a adesão da intérprete Ivana e a monitora Luize, que também são portadoras de necessidades especiais (surda e cega, respectivamente).
O projeto de informática na Educaçã Especial totaliza em 2006, 08 professores da Educação especial, 08 turmas, 01 intérprete de Libras (voluntária), 02 monitoras cegas voluntárias, 01 coordenador (NTE), 01 multiplicadora (NTE) e 81 alunos.
Nós, do NTE, pensamos que uma inclusão que não abarque os portadores de necessidades especiais, tanto como sujeitos, como agentes de todo o processo inclusivo, não passa de uma tentativa de.. e não uma inclusão em sentido amplo...
Reiteramos que as teorias educacionais têm ampliado os horizontes, promovido mudanças de paradigmas, mas que aliado à teoria, deve paralelamente vir a prática educacional...
A convivência com alunos portadores de necessidades especiais nos dá uma clara visão que especiais são todos os que vivem em sociedade, e sabem se integrar a projetos de trabalho e de vida, de forma voluntária ou profissional. Os desafios são proporcionais às boas intenções.
A escola ideal é um objetivo, a escola tradicional é a realidade que vivenciamos.
Quando, feito um MOSAICO, agregamos projetos, pessoas, entidades e a própria comunidade para um objetivo em comum, acabamos provocando involuntariamente um desencadear de situações, que a médio e longo prazo, se dado continuidade, promovem a própria qualificação de um projeto educacional e de integração social.
Sempre o primeiro passo é o mais longo a ser dado... Os demais, são a conseqüência natural do aprender a caminhar, e aprender a aprender, como dizia o educador Paulo Freire.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Projeto Sítio Arqueológico Escola

Sabe aquele ditado: Um história puxa outra? Pois bem, antes mesmo de terminar minha pós-graduação lato sensu Rio Grande do Sul: sociedade, política e cultura, na qual apresentei o trabalho monográfico de conclusão "História, Literatura e Identidade Regional: o arquétipo e o gaúcho típico através da obra de Erico Verissimo", já iniciei um curso de extensão sobre Arqueologia Náutica. Rio Grande é uma cidade (quase uma ilha), cercada de água por quase todos os lados, e historicamente uma das costas mais perigosas à navegação, tendo muitos naufrágios relatados...
O curso é ministrado pelo oceanólogo e mergulhador Rodrigo Torres em um sítio escola, atrás do Yacht Club de Rio Grande, próximo ao Museu Oceanográfico da FURG (foto acima), onde encontram-se os três navios-escola (carcaças), para que nossa turma do projeto ArqueoNau possa praticar topografia, cartografia, construção naval, GPS, bússola, trena, prumo, história da navegação e dos naufrágios na região sul do RS. São ao todo 8 acadêmicos de História, Oceanologia e o "tio" aqui... Risos. O projeto se propõe a levar para as escolas esses conhecimentos... Noutro dia tivemos, no laboratório do NTE, uma atividade de plotagem das coordenadas geográficas e outras anotações colhidas dos naufrágios depositados no Sítio Escola, utilizando os programas Surfer e ArcView... Entre outras coisas, tentaremos descobrir se as embarcações são a vela ou a motor, o tipo de construção etc. Já aprendi a utilizar GPS, e breve utilizaremos teodolito (instrumento de medição de maior precisão). Numa das atividades práticas no sítio-escola, literalmente atolei no barro com meus quase 100kg. A turma é incrível, e a cada atividade, novos conhecimentos, sobre as mais variadas formas, são agregados e compartilhados... Acho ótimo, de vez em quando, me colocar no ponto de vista do aluno (e ser realmente um curioso e esforçado aluno!), para poder reciclar meus conceitos e poder qualificar minhas atividades no núcleo de tecnologia educacional...

Teatro e Escola

Dia 09/11, às 21 horas, no Teatro Municipal, da cidade do Rio Grande, ocorrerá uma sessão especial da peça infantil E AGORA BETINHA? , de minha autoria, em parceria com Canrobert Brasil (autor do argumento e título), que trata de questões variadas do imaginário infantil. Júnior (atriz Sabrina) e Betinha (atriz Renata) resolvem numa noite estrelada conhecer o mundo, com a ajuda de um Anjo/morador de rua (interpretado por Canrobert)... Nessa viagem encontram a dona Maria Fumaça (que fuma um cigarro atrás do outro), e que perdeu-se dos "trilhos", não sabendo mais o caminho de volta, etc.
Essa sessão especial tem caráter beneficente, para a construção de uma casa de abrigo às crianças do bairro Getúlio Vargas, em Rio Grande. Quem estiver pela região e quiser unir o "útil ao agradável", poderá prestigiar o evento, que é minha estréia no teatro, escrevendo para o público infatil também. Um duplo desafio. Abaixo o cartaz do espetáculo, que foi apresentado no mesmo local, com boa receptividade, nos dias 09 a 11/10, durante a Semana da Criança, a alunos de escolas da região.


Trabalhar em Rede




O trabalho em rede, seja escolar ou de informática (ou ambas, como é o caso dos NTEs - Núcleos de Tecnologia Educacional), pressupõe, mais que o domínio da máquina pelo homem (espécie e não gênero), um domínio de classe do educador, não pela imposição, mas pela mediação do conhecimento... Estimular projetos de aprendizagem, buscar a autocapacitação, quando a capacitação continuada não vem...

Ter algum conhecimento básico de gestão escolar, ainda que circunscrito a sua sala de aula é importante, para gerir o tempo educacional; enfim, meios de troca de experiência que dão certo para adaptação ao seu local de trabalho... Evidentemente que uma teoria educacional deve ser utilizada, respeitando as idiossincrasias de cada ambiente de trabalho...

Não tendo o mínimo de organização e planejamento, o servidor (público e não o aparelho de mesmo nome que gerencia uma rede de computadores num laboratório informática) acabará se enredando na própria teia-de-aranha da burocracia governamental.

Sempre digo que um laboratório de informática numa escola deve ser um ambiente de experimentação constante, direcionado a aprendizagem. Ouço, de vez em quando, alguém dizer que a escola precisa e não possui um responsável pelo laboratório, o que prejudica sua utilização... Penso que o responsável pelo "Lab de Info" deva se responsabilizar apenas que sua manutenção e não pela utilização dos equipamentos... Quem deve utilizar o laboratório são os alunos supervisionados pelo professor da disciplina, que deve usar a informática como uma ferramenta de apoio. Alguns softwares e jogos educacionais permitem o repasse de conteúdos curriculares... Entretanto, disponibilizar o laboratório, apenas com o responsável pelo mesmo, sem a presença do educador, é tornar o local numa lan house ou cybercafé... O sentido pedagógico dará lugar ao lúdico e ao entretenimento, invertendo as prioridades...

Utilizar convenientemente a rede para não enredar-se como o próprio ambiente, seja real ou virtual, é um dos grandes desafios do educador contemporâneo da rede pública de ensino...

sábado, outubro 28, 2006

Virtual Vision

Virtual Vision (visão virtual) é um software distribuído por um banco privado aos seus correntistas ou àqueles que abrem uma conta-poupança de no mínimo R$20,00, que proporciona mais recursos que o software Dos-Vox para pessoas cegas, e que pode ser baixado gratuitamente na página da UFRJ . Principalmente na questão da internet, o Virtual deixa o pc com amplos recursos, enquanto o dos-vox possui limitações...
Graças a Luize Dorneles, nossa monitora com alunos DV (com deficiência visual), pudemos ampliar o projeto de informática na educação especial, que o NTE Rio Grande/18ªCRE desenvolve, desde o ano passado... incluindo os alunos cegos.
Luize é monitora voluntária, e um pequeno detalhe: também é cega. Mais alguns detalhes: nos ensinou a usar adequadamente o dos-vox, atuando junto conosco com alunos igualmente cegos, com baixa visão e alunos com baixa visão e DMs (com deficiência mental).
Luize é uma jovem encantadora, divertida, inteligente, que me ensinou, via MSN, nos poucos momentos que posso acessar a net, a utilizar mais recursos do próprio MSN, como o microfone, o que agiliza a conversação. Discutimos via net, por fone, quais serão as atividades da próxima aula... Lidando com alunos surdos, cegos, com deficiência mental e altas habilidades, cada vez mais percebo, como a grande maioria da sociedade ainda é "cega, surda e muda" em relação a oportunidade de dar uma cidadania plena a todos, independente das limitações físicas que possam ter...
Luize é uma prova disso. Sem a sua intervenção, não poderíamos ter podido ampliar nosso projeto e ainda estaríamos "tateando no escuro" nessa questão...
Éder é um de nossos alunos e está fora da idade regular, recebendo atendimento em sala de recursos para DVs por possuir baixíssima visão... Para enxergar as letras no monitor, só aumentando a fonte pra mais do que o tamanho 28, e raramente consegue visualizar a "flechinha" do cursor na tela, mas optamos por alfabetizá-lo em informática, primeiro no sistema dos-vox, pra que ele memorize o teclado, o que facilitará seu desempenho mais adiante, e até que estávamos obtendo sucesso, não fosse um acidente. Éder, que possui baixa visão foi recentemente atropelado quando aguardava o ônibus para ir à Ilha da Torotama, na zona rural do município de Rio Grande. Um pequeno detalhe: não foi a sua falta de visão o motivo do acidente. Éder estava sentado num banco esperando a condução, quando um motorista alcoolizado (segundo notícias que tivemos) perdeu o controle do veículo e atropelou nosso amigo... Ironia da vida! Quem tem baixa visão nesse caso?
O Virtual Vision (ou a visão virtual) deveria ser extendido também àqueles que enxergam mas não querem ver, assim como outros softwares, para os que ouvem, mas não escutam, e por ai vai... Na Matrix de nossa sociedade, às vezes, parecemos viver numa realidade virtual...

A pedagogia do exemplo

A PEDAGOGIA DO EXEMPLO

Passado o período eleitoral, na política e na educação, com a eleição dos governantes e de diretores escolares (em mais de 400 municípios e 3.000 escolas públicas estaduais do RS, respectivamente), e há que se - observando o papel pedagógico do exemplo de ambos - buscar entrecruzamentos e distanciamentos entre políticos e educadores.
Quando se fala em educador a primeira imagem que a população comumente tem é a do professor com giz, apagador e quadro negro numa sala de aula, sem levar em conta que os primeiros educadores na vida da criança são seus pais ou responsáveis.
Antes do surgimento das primeiras escolas públicas e privadas, era atribuição da família a alfabetização e a instrução dos filhos, muitas vezes, contratando os chamados tutores de ensino, que iam à casa do aluno ou este se locomovia à residência do professor particular. Posteriormente, o ensino passou a ser centralizado e institucionalizado pelo Estado, contratando os professores e determinando: conteúdo ministrado, carga horária e dias letivos. À mulher cabiam as tarefas do lar, a igreja e depois a escola. Formatura solene, com a presença do prefeito, saindo até foto no jornal. Conforme pesquisa da pedagoga Milena Loureiro, ocorre a feminização (questão de gênero, da mulher entrando no mercado de trabalho) e a feminilização (características femininas) do Magistério, ditas pela sociedade. Ainda hoje, mais de 80% do corpo docente é composto por mulheres. Gênero e educação, tema amplo e universal.
Hoje, de forma inversa ao que ocorria às gerações passadas, os primeiros passos educacionais não ocorrem mais na família (ausente e/ou omissa por causa do trabalho) ou na escola (cada vez mais cobrada pela sociedade, além de sua competência instrucional), mas através da televisão, que entra na vida das crianças pelos desenhos animados, jogos, seriados, músicas, e toda produção para o público infanto-juvenil. Programação com o conteúdo mais mercadológico (do vender qualquer bugiganga com estampa dos ícones do mundo pop) do que pedagógico.
A própria escola, dentro do processo de Gestão Democrática, que pressupõe a participação de todos os segmentos escolares (professores, funcionários, pais e alunos), tem pontualmente proporcionado situações que lembram à política, no que ela tem de menos exemplar. Alguns gestores, apegados ao cargo e às vantagens financeiras advindas, nem tão vantajosas assim, se perpetuam no poder, que nem alguns políticos. Sem participação popular, CPM, grêmio estudantil e conselho escolar são mais referendadores de decisões do que propositores de projetos. A própria sociedade não participa ativamente, dizendo-se sem tempo para saber do rendimento e da conduta de seu filho no ambiente escolar. Quase 80% das escolas públicas estaduais da região sul do RS tiveram candidato único. Imagine-se além da escola, país, estado, município, até mesmo time de futebol, condomínio, sindicato e associação de bairro sem o contraponto. Perde-se o referencial e a identidade. Viver em comunidade requer participação e decisão da maioria dos integrantes. Há que se fazer justiça aos eleitos, ainda que candidato único, devido à competência e/ou a falta de interessados em assumir tamanha responsabilidade na administração, não apenas dos conteúdos pedagógicos e da falta de recursos humanos e financeiros, mas do trágico resultado do modelo familiar em desestruturação gradual, que desemboca na sala de aula.
Após cada eleição, o troca-troca dos ex-candidatos de partido lembra o de alguns servidores nas escolas, que alegam sentirem-se persona non grata no local de trabalho, após a derrota da chapa que apoiaram; denunciando a suposta apropriação da coisa pública por poucos, como se fosse privada. Alguns gestores (na educação e na política) não perceberam o significado e a significância de a escola ser o reflexo da sociedade familiar desestruturada, e não o contrário. A pedagogia do exemplo requer, entre outras, que quem exija direitos, cumpra primeiro deveres e que toda crítica formulada traga em si uma autocrítica, para não seja repetido o ditado: Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

quinta-feira, outubro 26, 2006

A inclusão que dá certo

Ainda, sobre PNEEs - portadores de necessidades educativas especiais -, recentemente, ao organizar papéis e revistas em casa - e toda vez que fazemos pequenas ou grandes mudanças encontramos coisas do "arco da velha", como dizia minha avó -, achei a revista Nova Escola (novaescola.com.br), edição 165, de setembro/2003, pág. 42, cujo tema da capa era A INCLUSÃO QUE DÁ CERTO: os caminhos para sua escola atender todas as crianças. As escolas que tenham esse exemplar no acervo de sua Biblioteca Escolar podem indicar aos professores que tenham dúvidas ou desejem subsídios sobre o tema.
No interior da revista há o subtítulo: "A inclusão que funciona: "mais do que criar condições para os deficientes, a inclusão é um desafio que implica mudar a escola como um todo, no projeto pedagógico, na postura diante dos alunos, na filosofia...". Diz ainda que é necessários "cuidados diferentes para cada deficiência: auditiva, visual, física e mental. Conclui dizendo que: "Muito mais que integração - A inclusão de estudantes com deficiência nas classes regulares representa um avanço histórico em relação ao movimento de integração, que pressupunha algum tipo de treinamento do deficiente para permitir sua participação no processo educativo como." Conforme explica Cláudia Dutra, secretária de educação especial do MEC (em 2003): "A inclusão postula uma reestruturação do sistema de ensino, com o objtivo de fazer com que a escola se torne aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais". Por isso, reforça ela, "todas as crianças que estão nas escolas especiais têm o direito constitucional de entrar no sistema regular, em turmas condizentes com sua idade". Vale a pena conferir toda a reportagem.

terça-feira, outubro 24, 2006

Pequenos universos em expansão...


Colegas e navegantes do ciberespaço. Ainda divagando e navegando sobre a questão da inclusão de alunos PNEEs - portadores de necessidades educativas especiais, gostaria de complementar a postagem abaixo, comentando que muitos pensam pra a execução de seus projetos, sejam de aprendizagem ou não, num ambiente ideal, com infra-estrutura adequada, uma certa parafernália tecnológica de apoio, recursos humanos e financeiros à disposição, apoio solidário e imediato de entidades públicas e privadas e outras coisas mais que passam ao largo da nossa realidade... Entre o ideal e o possível, está a necessidade (especial ou não) de um alunado que, se estimulado com possibilidades de interação de de comunicação em dois sentidos, entre o saber formal e a cultura popular que traz de casa, poderá qualificar o próprio processo de ensino-aprendizagem e a convivência em sala de aula. Para isso, não basta apenas bons salários, equipamentos de última geração, teorias e blábláblás, sem o despreendimento do educador, da escola e da própria sociedade, já que os objetivos e o interesse educacional são comuns a todos.
Parafraseando Clark: "TODOS TENTAM REALIZAR ALGO GRANDIOSO SEM REPARAR QUE A VIDA SE COMPÕE DE COISAS PEQUENAS". O trabalho em equipe sempre será mais produtivo e mais visível ao resto do grupo, daquele feito por EUquipe..., prática muito conhecida na educação, em que alguns que se destacam fazem todo o trabalho e os demais integrantes assinam em baixo... Mudar essa prática é uma coisa que depende de tempo e de estímulo. O educador - que é uma palavra ampla, acima do professor em sala de aula -, pode ser um pai, mãe, um tio, avô, a família, antes da própria escola ou da televisão, como é hoje percebido em nossa realidade globalizada e globalizante...
Tem um provérbio chinês que pode também ilustrar esse comentário, que diz: "TODAS AS FLORES DO FUTURO ESTÃO NAS SEMENTES DE HOJE".
Observação: foto acima, do site 1000imagens.com.

A Procissão do Desencontro

O título desta postagem é uma referência a expressão criada por Oswald de Andrade, um dos líderes da Semana de Arte Moderna, de 1922, que propunha, entre outras coisas, a busca de uma identidade nacional, a partir do conhecimento artístico e cultural de nossa própria realidade... Nunca Oswald e Mario de Andrade, que não eram parentes, no sentido consagüíneos, mas estavam irmanados na busca de referências nacionais, estiveram tão modernos e atuais, na medida que todos, desde escola à própria sociedade, calcados numa exasperante individualidade, perderam a própria indentidade e a solidariedade...
Hoje a inclusão, sem a devida articulação de agentes e sujeitos, parece-me um tanto quanto uma "Procissão do Desencontro". Saber divulgar experiências exitosas, certezas provisórias e dúvidas permanentes é um dos melhores caminhos a seguir...
Através do forum do Proa 7 (que trata dos PNEEs - portadores de necessidades educativas especiais) da especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem, postei esse comentário (logo abaixo), com base na indagação da colega Maristela Brizzi, sobre a realidade dos PNEEs em nossa região e assim respondi:
"Oi, Maristela. Realmente, a inclusão de PNEEs é uma longa caminhada, em que estamos apenas iniciando a jornada. Você disse tudo: 'a visão que a sociedade e a própria escola muitas vezes tem, é de que o problema é dos outros, ou daqueles que possuem em seu círculo de amizades ou familiar um PNEE'. A realidade em nossa CRE é similar as das demais. Até mesmo na escola onde está instalado o NTE, e que possui turmas com quase todas as necessidades especiais, percebemos que a própria questão da inclusão é um tema complexo e com visões diferenciadas. Alguns são a favor da inclusão outros sentem certo receio (mais pelo desconhecimento do que tanto pelo preconceito); muito pelo fato (via de regra regional e nacional) da falta de cursos, capacitação continuada, infra-estrutura etc. Ocorre, como sempre friso, a inclusão deve ser pensada como um todo, e com todos os agentes (educadore) e sujeitos (alunado) do processo de ensino-aprendizagem. Nós, num laboratório de informática, que possui a tecnologia como aliada, temos certas vantagens em relação ao professor em sala de aula, que não dispõe de tais equipamentos.
Nossa realidade (NTE) e a forma de atuação é bem diversa da escola, inclusive pelo uso da tecnologia em nosso favor... Por exemplo: O software dos-vox, em que o teclado fala ao aluno cego, é um poderoso aliado que o educador em sala de aula não tem. Mas a inclusão deve ser pensada, tanto intramuros como fora do ambiente escolar. E cada vez mais chego a conclusão de que A Pedagogia do Exemplo, através da troca de experiências, significados e ressignificados entre escola e sociedade é um dos caminhos necessários. Tem que se capacitar o aluno PNEE ao convívio social, mas a comunidade também tem que aprender a lidar com um PNEE. Mas, cada vez mais, lidando com alunos PNEEs chego a conclusão, que, aliada ao ensino regular integrado, deve haver uma sala de recursos na própria escola ou em parceria com instituições de apoio (APAE, de surdos, cegos, etc), pra que, em turno inverso, o alunado portador de necessidades especiais possa ter um suporte adequado, não apenas técnico, mas principalmente, pedagógico.
A maior barreira tanto da escola como da sociedade é a visão equivocada de que o PNEE é um aluno especial, quando, penso que é um aluno normal com uma necessidade especial. Uma questão de ponto de vista! Não deve ser tratado como um "coitadinho", mas como um aluno que tem limitações físicas ou neurológicas, mas que acima de tudo, tem o seu tempo próprio de aprendizagem. Essa mudança de atitude, requer também uma mudança de perspectiva da própria escola e da sociedade em relação a um PNEE, pois, os alunos regulares também tem cada um o seu tempo de aprendizagem... E o que a escola faz com alunos regulares, como tempo de aprendizagem diferenciados numa mesma sala de aula? Por que não utilizar esse conhecimento para a integração de PNEEs também?"
Tem uma citação, de Thibon, que acho interessante e que pode ilustrar esse momento inclusivo em que vivemos: "O MISTÉRIO NÃO É UM MURO ONDE A INTELIGÊNCIA ESBARRA, MAS UM OCEANO ONDE ELA MERGULHA". A inclusão é também um oceano cheio de espectativas e possibilidades. Um abraço, Maristela, colegas" e "navegantes" do ciberespaço.

E agora Betinha?





Caros amigos, colegas e "navegantes" da internet, aproveito esse espaço pra publicar algumas fotos de minha estréia como autor teatral, na peça infantil "E agora Betinha?", ocorrida entre os dias 9 a 11/10/2006, no Teatro Municipal de Rio Grande-RS. A peça tem argumento e título de Canrobert Brasil, diretor do Grupo Teatral Dupla Face, também do município de Rio Grande. Foi um desafio duplo pra mim, pois nunca tinha escrito para o público infantil e nem para o teatro, mas o resultado ficou acima de minhas mais otimistas expectativas, ainda mais com o reconhecimento do público infantil, que prestigiou o evento, justo na Semana da Criança. O texto procura passar uma mensagem de solidariedade, e os atores valorizaram demais o espectáculo, que contou com um pequeno "efeito especial" : um pequeno globo (com uma lâmpada no interior para mostrar o efeito do dia e do sol), feito por meu irmão Sérgio, que simboliza o planeta, quando as duas crianças (Betinha e Júnior) resolvem conhecer o mundo, com o auxilio de um "Anjo" (morador de rua que acredita ser um...).

segunda-feira, outubro 23, 2006

Os desafios da Inclusão

Está nas bancas, para os interessados nos desafios a da inclusão de PNEEs (pessoas portadoras de necessidades educativas especiais), a edição especial da Revista Nova Escola, cujo o tema é justamente INCLUSÃO: Todos aprendem quando as crianças com deficiência vão à escola junto com as outras, trazendo ainda sugestões de atividades com alunos e brinquedos, livros e materiais adaptados para a sala de aula. Na capa traz a foto de Joana Mocarzel, de 7 anos, a Clara da novela Páginas da VIda, que freq¨¨uenta a pré-escola em São Paulo. Vale a pena adquirir.

terça-feira, outubro 17, 2006

Sobre a vida e a aprendizagem

A citação logo abaixo, foi retirada de um comentário da colega Silvana, de Osório, que achei muito apropriada tanto para a educação como para o dia-a-dia, visto que somos eternos aprendizes. E aqueles que acham que sabem tudo, nada sabem... Temos que saber, isso sim, diferenciar o conhecimento da aprendizagem.
Maior equívoco é dizer que saíms de uma universidade "formados". Formados em quê? Na verdade, pesno, que formados para à vida, mas jamais prontos para o exercício pleno de qualquer profissão. O conhecimento teórico é bem diverso da prática diária.
"eu sei que nada sei", mais que o ditado, uma constatação, pois quanto mais tentamos nos especializar numa área do conhecimento, mais descobrimos apenas a ponta de uma "terra á vista". Sempre é bom lembrar que Cristóvão Colombo quando descobriu a América, estava numa ilha do Caribe apenas, e não no continente, se não me falha a memória.
E assim é a vida. às vezes temos uma idéia de uma fração e já achamos que "descobrimos o Brasil", e saímos a palpitar sem observar os prós e os contras; o sim, o não e o talvez. Nada é de todo definitivo, e a própria História está aí pra nos desmentir. Na idade média achávamos que era o Sol que girava em torno da Terra e esta que era o centro do universo. A partir de mais e mais observações descobriu-se que até mesmo o Sol é o centro apenas de nosso sistema solar, que é tão diminuto em relação ao universo, que nem os cientístas, dotados da mais alta tecnologia, chegaram a um comum acordo de quando surgia, qual seu tamanho, se é realmente infinito e outras coias mais...
A citação abaixo, de Jacques Delors, mais de que um belo pensamento universal, é um tema que exige uma grande reflexão.
“As aprendizagens necessárias a todo ser humano se estendem por toda a vida devendo, por isso, a educação basear-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Em face disso, embora os sistemas escolares tendam a privilegiar o acesso ao conhecimento, é fundamental que a educação seja concebida como um todo e que nenhuma das potencialidades de cada indivíduo seja negligenciada”. Jacques Delors

segunda-feira, outubro 16, 2006

Um salto para o futuro

Em resposta a indagação da colega Lucia Texeira ao questinamento 24 do Proa4, pode-se dizer que o método clínico deverá ser utilizado tanto com alunos cegos ou surdos como com alunos regulares, pois é uma sondagem do alunado, para o observador/educador conhecer aquele universo e com base nas anotações, buscar e propor formas de aprendizagem que respeitem cada especificidade. A limitação da audição e da visão por si só não impõem mudança na interpretação do aluno em relação ao ambiente. A aprendizagem pode ser a mesma, desde que com apoio de intérprete ou monitor, se necessário. Há professores que dominam e linguagem de sinais, e atuam diretamente com o aluno surdo em classes inclusivas. Conforme Piaget (1973) a fase da equilibração entre a acomodação do conhecimento e a aprendizagem ocorre quando: "A partir do instante em que o equilíbrio é atingido num ponto, a estrutura integra-se num novo equilíbrio em formação até ser alcançado novo equilíbrio, sempre mais estável e der campo mais extenso". (fonte: http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=4abed&...), onde Ana Maria Mielniczuk, Ana Maria Ponzio de Azevedo e Querte Mehlecke, autoras de "As Teorias de Aprendizagem e os Recursos da Internet Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento", concluem: "Os estágios possuem um caráter interativo. Conteúdo do conhecimento de um dadio nível é constituído pelas formas refletidas no nível anterior. Assim as estruturas sensório-motoras são parte das estruturas pré-operatórias, e estas das operatórias que, por sua vez integram-se nas operações formais".Ainda segue: "Em cada estágio ocorre um patamar de equílibro e os estágios constituem um processo de equilibração sucessivas". Mal comparando, com a geração videogame, são fases, em que precisamos de passwords (senhas) emitidas pelo próprio alunado, quando evidencia ter assimilado aque nível de conhecimento que permite o avanço das atividades. A equilibração é esse processo de assimilação de conhecimento que permite dar o passo seguinte ou "Um salto para o futuro", parafraseando título de um programa da TV Escola.

terça-feira, outubro 10, 2006

Auto-Escola e o trânsito da informação

Obs.: foto acima encontrada no site português 1000imagens,
intitulada De partida, de autoria de José Marafone, considerada arte digital.

Com base no questionamento da colega Márcia Ferron, de uma das atividades do Proa4, da especialização em Tecnologias da Informação, pude pensar mais detalhadamente sobre a pergunta teórica a partir da prática no laboratório do NTE, do qual sou coordenador.
A pergunta está subdividida em várias questões, mas o ponto principal trata de: "como o educador pode indentificar que o processo educacional está gerando aprendizagem? como se utilizar o métido clínico piagetiano (que pressupõe largo domínio sobre a técnica de observação do alunado apontando metas) e quais as dificuldades em sua implantação? Como identificar que o aluno está participando da contrução do conhecimento? Como utilizar o método clínico de Piaget num laboratório de informática? E, por fim (ufa, parece um questionário! desculpe-me a brincadeira... Risos), como se pode trabalhar com classes heterogêneas atendendo as dificuldades individuais...
Na minha opinião, de quem está aos poucos se debruçando sobre o método clínico, que não tinha conhecimento, este método é uma sondagem para avaliação das possibilidades de atuação do educador a partir da visão de jundo do alunado.
Não é, no meu leigo entendimento, um processo de aprendizagem propriamente dito, e sim de conhecimento ou re-conhecimento do professor sobre o universo de seus alunos. E com base nessa sondagem é que se deve desenvolver processo de aprendizagem.
O domínio do método requer conhecimento de si (pelo educador, professor etc), antes de praticá-lo com terceiros para que os resultados obtidos sejam nítidos e objetivos sem influências dos próprios conceitos, pré-conceitos ou pior, preconceitos, do avaliador em relação ao avaliado... Digo isso, pois se temos a idéia equivocada que PNEEs (portadores de necessidades educativas especiais) são pessoas especiais ou limitadas, quando na verdade se cegos, surdos e com problemas mentais, são pessoas normais que tem necessidades espciais, como qualquer outro, estaremos "contaminando" nossa pesquisa com um pré-julgamento...
Nós podemos perceber que as atividades estão gerando a contrução do conhecimento quando o aluno participa diretamente da descoberta geradas pelas próprias dúvidas, com a mediação do educador...
Num laboratório de informática ou numa sala de aula convencional a abordagem pode ser a mesma, os recursos sim, serão diferenciados... Somente o ambiente é que muda, mas o agente e o sujeito do processo de aprendizagem são os mesmos. A forma de utilização do espaço que é diferenciada. Mas, se pensarmos em falar de literatura dentro de uma biblioteca, penso ser a ideal, do que numa sala de ala ou laboratório de informática. Dar uma aula de ciência na horta escolar, ou numa praça pode ser tão interessante do que numa sala com quadro negro, giz e apagador, como com vários computadores interligados a internet. Como sempre digo: não importa tanto o veículo, mas sim o caminho que se faz entre a informação e o conhecimento; entre o conhecimento e a aprendizagem. Claro que determinados alunos seguem direto, outros necessitam paradas em algumas "estações"...
Por fim, creio ser possível atender as dificuldades individuais numa classe heterogênea através da cooperação mútua, professor-aluno, aluno-professor e aluno-aluno...
Primeiro, abordando o conteúdo da forma mais simples e percebendo àqueles que tem maior ou menor rendimento ou assimilação.
No segundo momento de avaliação, quando o grau de entendimento e de complexidade do tema vai aumentando (e isso pode ser numa sondagem inicial antes da apresentação da disciplina propriamente dita, ou durante ela) pode-se agrupar os alunos mais desinibidos juntos aos alunos que tem maior dificuldade na aprendizagem e timidez, fazendo-os atuar em grupos... Evidentemente, com exceção do dia da prova de conhecimentos, que deverá ser individual...
Nos demais dias, pode-se fazer uma ambiente de aprendizagem coletivo ou por agrupamento. Nada de um atrás do outro em fileiras... Em grupos de dois (o ideal) ou mais, haverá o auxílio mútuo, pois provocará a interação e a troca de experiências... Os alunos desinibidos muitas vezes atuarão como monitores sem perceber... Aqueles que tem um senso de liderança serão estimulados... O hovem desenvolve seus próprios códigos, inclusive no que tange à aprendizagem. Vemos bem isso aqui no NTE, cm os alunos surdos quando interagem entre eles e criam suas próprias gírias... como qualquer alunos regular... E quando convivendo integrados a alunos ouvintes, estes aprendem as LIBRAS - linguagem brasileira de sinais, muitas vezes atuando informalmente como nossos intérpretes, haja visto que nem eu e Janaína (minha colega e multiplicadora) ainda aprendemos a Libras, apenas alguns sinais... Dependemos da intérprete voluntária Ivana, que é surda, e/ou das professoras Cleusa, Graciema e Daina, que são da educação especial e parceiras de nosso projeto de informática na Educação Especial.
Com os alunos cegos e com baixa visão seguimos o mesmo caminho, com o apoio de Luize e breve de Luana, que são voluntárias e cegas, que nos ensinam a como lidar com o programa Dosvox (que identifica os caracteres do teclado por um comando de voz). A desenvoltura deles e a capacidade de memorização do teclado em pouco tempo para nós é fantástica... Fabio (12 anos), aluno que nunca teve contato com um computador, cego de nascença, memorizou a maior parte das teclas na primeira aula. Um menino que tem uma alegria de vida incrível e que adoro hip hop, pagode, e contar piadas do Paulinho Mixaria.
O "cego, o surdo e o mudo" nessa história são aqueles que imaginam as pessoas portadoras de necessidades especiais como alguém incapacitado, quando na verdade é alguém diferente e com algum limitação dos sentidos apenas...
No laboratório do NTE utilizamos muito dessa técnica de compartilhar experiências, convidando o aluno mais desembaraçado a atuar em conjunto com aquele que tem maior dificuldade ou timidez, dois por máquina, formando uma dupla, uma equipe, tipo piloto e navegador. Até pelo fato que dependemos de todo apoio voluntário, no aguardo de Recursos Humanos que estão se capacitando para atuarem conosco. Como numa auto-escola, em que o que melhor domina a máquina auxilia aquele que enfrenta dificuldades, e ambos aprendem juntos aos conteúdos que são apresentados a cada aula. Dessa forma geramos conhecimento mútuo e aprendizagem de trabalho em equipe, até pelo fato de que tanto eu como Janaína, em algumas situações com os alunos especiais, nós é que aprendemos como eles, de como lidar com as situações imprevistas, com muita intuição, bom senso e despreendimento. O educador vai mostrando os conteúdos que serão desenvolvidos e os alunos vão aprofundando a pesquisa, compartilhando as descobertas... Nada de ficar todo mundo "sentadinho" na sua cadeira sem poder levantar, salvo com a autorização do professor... Claro, desde que estabelecendo critérios de respeito e colaboração.
Como sempre digo também: "não há projeto de trabalho com resultado satisfatório se ele não faz parte de teu projeto de vida também".
Bom, como a pergunta foi extensa (mas bem interessante, proporcionando essa abordagem ampla) tive que me extender também na mesma proporção.

A Geração Control C e Control V

Hoje o público leigo comumente associa a educação inovadora ao uso de tecnologia em sala de aula. Que um laboratório de informática resolverá por si só todos os problemas da educação, do ponto de vista da própria comunidade.
Na verdade, amparado em estudos de especialistas da questão, dentre eles, Léa Fagundes, do LEC - Laboratório de Experiências Cognitivas da UFRGS, é possível compreender que a máquina é apenas uma ferramenta a mais no processo de ensino-aprendizagem, mas não a única ou a melhor... Que não adianta máquina velozes sem educadores capacitados continuamente para a utilização desses equipamentos... que compreende também infra-estrutura, manutenção e atualização, tant de maquinário como de conceitos...
O computador não veio para excluir o uso do quadro negro, giz e apagador... Ele deve ser considerado uma formaa mais de facilitação, mas nunca de substituição; do contrário, cometeremos o mesmo erro da geração Data Show, em que alguns ficam umbilicalmente dependentes da tecnologia, na apresentações de slides, onde são lidos quadro a quadro uma enormidade de conceitos, definições, imagens e efeitos especiais, mas o conteúdo e a interação que deveria ser privilegiada é por demais parecida àquela do professor que repete sempre o mesmo conteúdo, ano após ano, independente da platéia e da realidade que o circunda...
O show deve ser a educação da qualidade, libertária e emancipadora, e nunca o equipamento ou seu operador. Os meios tecnológicos devem ser encarados como meros acessórios de uma prática educacional, até pelo fato de que, na impossibilidade de funcionamento da máquina, pela falta de energia elétrica e outros inconvenientes tão comuns hoje em dia, nada se tenha a fazer, senão cruzar os braços e aguardar a volta da "luz", ou a solução do problema técnico.
Mais, vemos os jovens adotarem com freqüência os recursos Control C (copiar) e Control V (colar), que é copiar a opinião de outros (em páginas da internet) para suas pesquisas escolares, não exercitando o senso de análise e criticidade, tampouco refletindo sobre os temas propostos pelo educador.
Copiar e colar a idéia alheia como se fosse sua, sem a referência à fonte é plágio!... Podemos citar opiniões que comprovam nossas alegações, mas devemos publicar junto nossa visão sobre certos aspectos, sejam quais forem. Todo o assunto tem seus pontos positivos e negativos, e o alunado deverá saber desde a mais tenra idade que nada é de todo mal, ou de todo bem... (meio yin e yang). Que é o exercício do contraponto, do respeito à opinião contrária que se chega ao meio-termo e ao bom senso... Senão, veremos o nascimento do Joãozinho-do-Passo-Certo (aquela referência ao menino que marchava sempre batendo o pé direito, enquanto todo o restante do pelotão batia primeiro o pé esquerdo. Para o Joãozinho, ele estava certo e os demais eram os errados da história não tão faz-de-conta assim...).
Ah, descobri recentemente com alguns jovens que existe também o comando Control X (que copia e cola ao mesmo tempo), o que facilita mais a vida de que está com pressa e sem paciência pra leituras longas. Risos. Como adoro ler e comentar o que aprendo, esse recurso provavelmente jamais usarei...