quarta-feira, junho 01, 2011

Clipes que parecem Curtas - Projeto unindo mídias, literatura e língua portuguesa


O Projeto Clipes que Parecem Curtas, foi criado em 2010, amparado na Poética do Olhar, ou seja, buscar no alunado uma visão crítica, social, educacional e poética, levando em conta a sua visão de mundo, pois em se tratando de Literatura, assim o requer, que o jovem, mesmo vendo, aprenda a enxergar o que observa, além da linha horizontal de um texto e de suas palavras, verticalizando sua visão, sua interpretação e sua leitura de mundo; e até incentivando a produção textual.
Já dizia Paulo Freire que “a leitura de mundo antecede a leitura da palavra”.
Portanto, a relevância deste trabalho justifica-se pela intenção de unir as mídias, tanto informática (internet, microcomputador, datashow e videoclipes extraídos do You Tube) como impressa (livros e revistas) num diálogo entre a Língua Portuguesa e a Literatura, entre a leitura da palavra e a leitura da imagem; unindo também, além da Língua Portuguesa e da Literatura, a Arte e a Cultura, a História e a Sociedade, dentro da linha de pesquisa Literatura e Ensino (Educação e Tecnologia).
No projeto, iniciado em outubro de 2010, com alunos do ensino fundamental e retomado em 2011, no ensino médio da rede pública da cidade do Rio Grande – RS - Brasil, tratei de comunicação, linguagem e leitura, utilizando videoclipes que os alunos veem apenas com olhos musicais, buscando um olhar literário para a construção de videoclipes que parecem curtas-metragens. Um deles, por exemplo, foi analisar o videoclipe Minha Alma, da banda O Rappa, filmado em uma favela do Rio de Janeiro, em 1999 (século XX) e compará-lo com fragmentos do livro O Cortiço, de Aluizio Azevedo, clássico da Literatura Brasileira, escrito em 1860 (século 19), lendo as imagens e as palavras, e observando tempo, espaço e enredo de cada um, no que eles se parecem e no que se diferenciam. E pedindo ao final, que os alunos me relatassem em texto curto, o que viram e leram, através das imagens.
Coloquei em prática formas de motivar um alunado que não tem hábito de leitura, valendo-me de uma aprendizagem significativa, que leve em conta a realidade deste jovem e o seu conhecimento de mundo, que traz diariamente para a escola, usando os recursos que ele domina e utiliza diariamente como a internet e os videoclipes, mas num contexto educacional e literário e não apenas recreativo e de lazer. Busquei estratégias para isso, usando a arte e a cultura como elementos adicionais ao fazer pedagógico.
Assim sendo, o projeto teve como objetivo principal analisar as possibilidades do uso das mídias (em especial, videoclipes) como material didático no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Literatura e do incentivo ao hábito da leitura de alunos do ensino médio. E como objetivos específicos: Propor formas de utilização das mídias, como computador, datashow, internet, videoclipes como estratégias de motivação do aluno para a leitura de imagens, e a interpretação de textos visuais; incentivar o hábito da leitura crítica, a partir de imagens, analisando num segundo momento clássicos da literatura; desenvolver o senso crítico do aluno, trabalhando com as formas de linguagem verbal e não-verbal, em suas diversas manifestações; motivar o aluno para as aulas de Língua Portuguesa e Literatura, a partir de uma aprendizagem significativa, levando em conta o conhecimento prévio que o mesmo traz de casa, unindo ao conteúdo e competências do ensino formal.
O referencial teórico deste trabalho, alguns conceitos do Construtivismo, como a Flexibilidade Cognitiva e a Aprendizagem Significativa, a partir de teóricos como D. P. Ausubel, Carl Rogers, Paulo Freire, entre outros, serviram para amparar a prática escolar, (é o mesmo que utilizo-me nas formações de professores da rede pública estadual, minha principal atividade. Projetos envolvendo alunos são atividades extras, para pesquisa ou em parceria com outros colegas educadores).
O construtivismo pareceu-me o melhor referencial, pois, segundo Rogers (1998), a Aprendizagem Significativa possui diversas implicações no domínio da educação, dentre elas: “(...) que a aprendizagem seja significativa pela percepção da problemática e da busca pelos meios prover um ensino compartilhado; da autenticidade do professor frente aos desafios promovendo a interação mútua professor-aluno e o grupo entre si; que o educador precisa aceitar e compreender seu alunado, para assim poder mediar o conhecimento”. Ainda mais quando se pensa na problemática da falta de leitura dos jovens, que quando muito leem mais por obrigação do que por prazer.
Conforme Rogers (1998): “A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio”. D’outra forma, torna-se um processo repetitivo e mecânico. E as mídias e as tecnologias da informação e da comunicação (TICs), embora possuam uma mecânica própria, podem ser formas mais dinâmicas de passar um conteúdo pedagógico, sem “mecanizar” este fazer pedagógico.
Foi o psicólogo David Paul Ausubel, nos anos 1960, o primeiro a pensar sobre a aprendizagem escolar em um contexto fora da escola. E nesse contexto, outras condições são destacadas por Ausubel para que ocorra a AS, dentre elas: “a disposição do aluno em aprender e o conteúdo escolar significativo”. Nos dois pólos em questão, cabe ao professor estimular o interesse do alunado a partir da elaboração de um conteúdo que seja atrativo, aliando a informática e os multimeios como ferramentas deste processo.
De acordo com Ausubel, o modelo de FC propõe, entre outras coisas, que “(...) para que os estudantes desenvolvam esta flexibilidade cognitiva é preciso que os ambientes de aprendizagem repliquem esta complexidade e permitam a abordagem multidimensional a estudos de casos realistas”; o que pode-se dizer: “promover a interdisciplinariedade e a intertextualidade de práticas, visto que (...) o computador, devido à sua flexibilidade de representações é adequado à construção de tais ambientes de aprendizagem”.
Replicar o mundo do jovem, significa incoporar às estratégias pedagógicas elementos deste mundo, como videogames, internet, videoclipes, dança, etc. E no caso deste projeto, a interdisciplinariedade e a intertextualidade se expressam a partir da junção de clipes que parecem curtas (música e cinema), numa visão literária e também histórica.
Paulo Freire em a “Pedagogia da Autonomia”, dizia que “a leitura de mundo antecede a leitura da palavra”. O que se evidencia na forma que alunos que, sequer são alfabetizados, interagem com as TICs e, mais especialmente, com os jogos eletrônicos, muitos deles legendados em idioma estrangeiro (inglês, japonês e até coreano). Sabem ler os ideogramas japonês por experimentação e associação, erro, e acertos, mesmo que não consigam ainda ler as palavras, sequer em seu idioma natal.
Já o educador Sebastião Rocha trata de “A função do educador”, em que a arte e a cultura, a memória e a sociedade devem andar juntas, também para maior significação dos atos e fatos de um educador.
E, para elencar mais um autor essencial a este trabalho, refiro-me a Pier Cesare Rivoltela, filósofo e educador italiano, que desenvolveu o termo “Mídia-educação”, que é dar significado educacional às mídias, em que o professor seja um mediador em sala de aula e que o aluno seja tratado como co-autor do que lê, vê, escreve e produz. Segundo ele, o professor do futuro deverá tornar-se um “mídia-educador”, a fim de dar conta das possibilidades e demandas de um mundo cada vez mais integrado às TICs.
Unindo às mídias como suporte didático, utilizei-me de vídeoclipes que se parecem com curtas-metragens, para tratar tanto da Língua Portuguesa, como da Literatura, da arte e da cultura, da história e da sociedade com o alunado, procurando tornar esse processo de ensino-aprendizagem significativo e significante tanto para os alunos como para este educador. Afinal, como dizia Freire: “Educar é ter a consciência do inacabamento”; é um processo em aberto, em que a intervenção do educador deverá ser como mediador entre o conhecimento prévio do aluno e o conteúdo formal, proposto pela escola.
A metodologia do projeto “Clipes que parecem Curtas”, serviu-me de base para a reflexão sobre as mídias na educação, mas precisamente no processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa e Literatura, no ensino médio, composta de 10 encontros (períodos), utilizando dos seguintes recursos: sala de aula convencional, microcomputador (notebook), internet (conexão 3G), datashow, livro, videoclipes (que baixei para o notebook, via RealPlayer), folha de papel e caneta. Ou seja, que devemos levar em conta o conhecimento de mundo que o aluno traz de casa e buscar propor apresentar o conteúdo formal, a partir de meiso que o alunado conheça e goste de utilizar. No caso, as mídias.
A prática foi composta de três fases (exposição de vídeos e leitura de fragmentos de livros; interpretação e produção textual), analise das formas de linguagem verbal e não-verbal, a partir de videoclipes que podem ser lidos como se fossem curtas-metragens, em que cada aluno viu, interpretou e produziu um texto a partir de suas impressões sobre a palavra cantada e a história contada através de imagens, tratando de interdisciplinariedade e intertextualidade.
Das reflexões, algumas conclusões: o hábito da leitura precisa ser incentivado desde a tenra idade e pela família, seja através de livros só com imagens, HQs etc; que boa parte dos alunos entende a literatura como uma obrigação e não como prazer, justamente por essa falta de costume; que o uso de audiovisuais, ainda que pequenos vídeoclipes ou curta-metragens, possibilitam essa comunicação entre gerações (pais e filhos, professores e alunos); que o professor do século XXI precisa de fato, como diz Rivoltella, tornar-se um mídia-educador, automotivando-se para poder motivar o alunado; que quando usamos recursos que o jovem conhece a interação funciona melhor do que através dos meios tradicionais; que as mídias podem ser uma grande aliada, quando utilizadas com planejamento e proposta significante a todos os atores sociais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

José Antonio Klaes Roig
Mestre em letras (área História da Literatura), especialista em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem, especialista em Mídias na Educação, coordenador do Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) Rio Grande/18ª CRE e multiplicador em informática educativa.
Rio Grande – RS – Brasil.

Link para a primeira fase do projeto/2010:

Clipes que parecem Curtas - fase I
http://educa-tube.blogspot.com/2010/10/palavra-cantada-historia-contada-clipes.html

Link para segunda fase do projeto/2011:

Clipes que parecem Curtas - fase II
http://educa-tube.blogspot.com/2010/11/minha-alma-paz-que-eu-nao-quero-clipe.html

ANEXOS:

MATERIAL UTILIZADO NA FASE II:
Minha Alma, de O Rappa (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=vF1Ad3hrdzY
O Cortiço, de Aluízio Azevedo (resenha crítica)
http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_415646.shtml
Another brick in the wall, Pink Floyd (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=M_bvT-DGcWw
Do The Evolution, Pearl Jam (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI
Crystal Ball, Keane (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=lKrFfp67NDQ
Radiohead, All I Need (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=cdrCalO5BDs
Daniel Powter, Bad Day (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=gH476CxJxfg
Sigur Ros - Viorar Vel Til Loftarasa (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=34ZtT4Th9Ys

OUTROS CLIPES UTILIZADOS NA FASE I:

James Blunt, Carry You Home
http://www.youtube.com/watch?v=2IFF9yu5i3k&ob=av2e
Greenday, Wake me up when september ends
http://www.youtube.com/watch?v=KjNJmwwf7QA
A-Ha, Hunting High and Low
http://www.youtube.com/watch?v=s6VaeFCxta8

MATERIAL SUGERIDO:

Signs (Placas) – curta-metragem
http://www.youtube.com/watch?v=uOiLLhOGJVQ
A revolta e as reviravoltas de uma letra (slides)
http://educa-tube.blogspot.com/2010/10/revolta-e-as-reviravoltas-de-uma-letra.html
A maior flor do mundo, de José Saramago (animação)
http://www.youtube.com/watch?v=YUJ7cDSuS1U
The Killers, A Dustland Fairytale (videoclipe)
http://www.youtube.com/watch?v=-3hyrkzFRss

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALMEIDA COUTO, Letícia Antunes de; RIBEIRO, Luciane Oliveira; CUNHA, João Manuel dos Santos. LITERATURA E CINEMA EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE ESTÁGIO CURRICULAR. In:
http://www/ufpel.edu.br/cic/2009/cd/pdf/LA/LA_00526.pdf
BELLONI, Maria Luiza. O que é Mídia-Educação. 2ª ed. Campinas: Autores Associados. (Coleção Polêmicas do nosso tempo), 2005.
DIDONÊ, Débora. Falta cultura digital na sala de aula (entrevista com Pier Cesare Rivoltella). Revista Nova Escola. São Paulo: Ed. Abril, nº. 200, mar. 2007, p.15 a 18.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessárias à prática educativa. São Paulo, EGA, 1996. Disponível em:
GUTIERREZ, F. Linguagem total: uma pedagogia dos meios de comunicação. São Paulo: Summus, 1978.
LIMA, Marcos. Teoria da Flexibilidade Cognitiva e a Autoria de Estudos de Casos Hipertextuais em Ambientes de Aprendizagem Construtivistas: Projeto Aplicado de Novas Tecnologias para a Educação On-Line. Disponível em: .
MENEZES, Débora. Inclusão digital - Tecnologia ao alcance de todos. Revista Nova Escola. São Paulo: Ed. Abril, nº. 195, set. 2006, p.30 a 37.
MEIER, Marcos. Ensinar tem cheiro de oficina. Disponível em: http://marcosmeier.blogspot.com/2011/04/ensinar-tem-cheiro-de-oficina.html.
MOURA, Ana Maria Mielniczuk de; AZEVEDO, Ana Maria Ponzio de; MEHLECKE, Querte. As Teorias de Aprendizagem e os Recursos da Internet Auxiliando o Professor na Construção do Conhecimento. Disponível em: .
PELIZZARI, Adriana; KRIEGL, Maria de Lurdes; BARON, Márcia Pirih; FINCK, Nelcy Terezinha Lubi; DOROCINSKI, Solange Inês. Teoria da Aprendizagem Significativa Segundo Ausubel. Rev. PEC, Curitiba, v.2, n.1, p. 37-42, jul.2001 – jul. 2002. Disponível em: .
PINHEIRO, Alexandra Santos. LITERATURA E ENSINO: O PAPEL DO PROFESSOR LEITOR NA FORMAÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS. In: .
ROCHA, Sebastião. A função do educador. Disponível em: http://pt.scribd.com/word/full/2974456?access_key=key-xvdrftlqf6f28gqr0y5.
SANTOS, Maria do Carmo de Oliveira Turchiari; LONARDONI, Marines. Prática de ensino de Língua Portuguesa e estágio supervisionado: questões a serem discutidas. In: Acta Scientiarum, Maringá, 23(1): 167-175, 2001.
http://www,periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/view/2768/1897.
TAVARES, Romero. Aprendizagem significativa em um ambiente multimídia. Disponível em: .

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

alfredo candidatar conter atrás médioformado seguramente destacada fechada servlets ogilvy

11:45  
Anonymous Anônimo said...

It's awesome designed for me to have a website, which is helpful for my experience. thanks admin

Check out my blog - payday loans

10:17  
Anonymous Anônimo said...

My spouse and I abѕоlutely lovе your
blog and find most of уοur post's to be what precisely I'm looκing for.
Would you offeг guest writеrs to wгite сontent to suit
your nееds? I wouldn't mind writing a post or elaborating on most of the subjects you write in relation to here. Again, awesome site!

Stop by my site ... Instant Payday Loans

04:11  
Anonymous Anônimo said...

Hello there! Do you know if they make any plugins to protect against hackers?
I'm kinda paranoid about losing everything I've worked hard on. Any suggestions?


Here is my page: drain snake Troon

22:00  
Anonymous Anônimo said...

Hi there to every , because I am really keen of reading this web site's post to be updated regularly.
It includes nice material.

Feel free to visit my page ... twitter.com

22:03  
Blogger Unknown said...

0528qihangralph lauren outlet
toms shoes
oakley sunglasses outlet
coach factory outlet
tory burch handbags
air max 90
chanel outlet
kate spade
fitflops outlet
michael kors bag
coach outlet
tory burch outlet
fitflops sale clearance
michael kors outlet online
nike air max
kate spade outlet
cheap jordans
jordan shoes
abercrombie
pandora charms
ray ban glasses
gucci outlet
true religion
true religion outlet
pandora outlet
abercrombie outlet
gucci uk
oakley sunglass
ray bans
tory burch outlet online
coach factory outlet
ray ban sunglasses
true religion jeans
michael kors handbags
oakley sunglasses
true religion outlet
michael kors bags
michael kors handbags
q1

22:02  
Anonymous Rafeeg Commercial said...

والحقيقة في تطبيق رفيق حاولاً أن نوجد تسعيره موحدة على تتبعها جميع المحلات المسجلة، ولكن تبين لنا بأن السعر الموحد لن يناسب العملاء والمحلات المشتركة، حيث أن هنالك شركات تقدم خدمات استثنائية، ومحلات صغيرة تقدم خدمات أقل نوعاً ما. وبغض النظر اذا كان تصليح مكيفات او اي امر اخر في الصيانة المنزلية فإن اصحاب المنازل يفضلون بأن تصلهم عروض من المحلات، وأن تقوم هذه الشركات والمحلات بالتنافس لإرضائهم.

19:35  

Postar um comentário

<< Home