A Procissão do Desencontro
Hoje a inclusão, sem a devida articulação de agentes e sujeitos, parece-me um tanto quanto uma "Procissão do Desencontro". Saber divulgar experiências exitosas, certezas provisórias e dúvidas permanentes é um dos melhores caminhos a seguir...
Através do forum do Proa 7 (que trata dos PNEEs - portadores de necessidades educativas especiais) da especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem, postei esse comentário (logo abaixo), com base na indagação da colega Maristela Brizzi, sobre a realidade dos PNEEs em nossa região e assim respondi:
"Oi, Maristela. Realmente, a inclusão de PNEEs é uma longa caminhada, em que estamos apenas iniciando a jornada. Você disse tudo: 'a visão que a sociedade e a própria escola muitas vezes tem, é de que o problema é dos outros, ou daqueles que possuem em seu círculo de amizades ou familiar um PNEE'. A realidade em nossa CRE é similar as das demais. Até mesmo na escola onde está instalado o NTE, e que possui turmas com quase todas as necessidades especiais, percebemos que a própria questão da inclusão é um tema complexo e com visões diferenciadas. Alguns são a favor da inclusão outros sentem certo receio (mais pelo desconhecimento do que tanto pelo preconceito); muito pelo fato (via de regra regional e nacional) da falta de cursos, capacitação continuada, infra-estrutura etc. Ocorre, como sempre friso, a inclusão deve ser pensada como um todo, e com todos os agentes (educadore) e sujeitos (alunado) do processo de ensino-aprendizagem. Nós, num laboratório de informática, que possui a tecnologia como aliada, temos certas vantagens em relação ao professor em sala de aula, que não dispõe de tais equipamentos.
Nossa realidade (NTE) e a forma de atuação é bem diversa da escola, inclusive pelo uso da tecnologia em nosso favor... Por exemplo: O software dos-vox, em que o teclado fala ao aluno cego, é um poderoso aliado que o educador em sala de aula não tem. Mas a inclusão deve ser pensada, tanto intramuros como fora do ambiente escolar. E cada vez mais chego a conclusão de que A Pedagogia do Exemplo, através da troca de experiências, significados e ressignificados entre escola e sociedade é um dos caminhos necessários. Tem que se capacitar o aluno PNEE ao convívio social, mas a comunidade também tem que aprender a lidar com um PNEE. Mas, cada vez mais, lidando com alunos PNEEs chego a conclusão, que, aliada ao ensino regular integrado, deve haver uma sala de recursos na própria escola ou em parceria com instituições de apoio (APAE, de surdos, cegos, etc), pra que, em turno inverso, o alunado portador de necessidades especiais possa ter um suporte adequado, não apenas técnico, mas principalmente, pedagógico.
A maior barreira tanto da escola como da sociedade é a visão equivocada de que o PNEE é um aluno especial, quando, penso que é um aluno normal com uma necessidade especial. Uma questão de ponto de vista! Não deve ser tratado como um "coitadinho", mas como um aluno que tem limitações físicas ou neurológicas, mas que acima de tudo, tem o seu tempo próprio de aprendizagem. Essa mudança de atitude, requer também uma mudança de perspectiva da própria escola e da sociedade em relação a um PNEE, pois, os alunos regulares também tem cada um o seu tempo de aprendizagem... E o que a escola faz com alunos regulares, como tempo de aprendizagem diferenciados numa mesma sala de aula? Por que não utilizar esse conhecimento para a integração de PNEEs também?"
Tem uma citação, de Thibon, que acho interessante e que pode ilustrar esse momento inclusivo em que vivemos: "O MISTÉRIO NÃO É UM MURO ONDE A INTELIGÊNCIA ESBARRA, MAS UM OCEANO ONDE ELA MERGULHA". A inclusão é também um oceano cheio de espectativas e possibilidades. Um abraço, Maristela, colegas" e "navegantes" do ciberespaço.
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