quinta-feira, novembro 23, 2006

Educação e Mídia

O texto EDUCAÇÃO, SUBJETIVIDADE E CULTURA NOS ESPAÇOS MIDIÁTICOS, de Rosa Maria Bueno Fischer - jornalista, professora e Dra. em educação - nos propõe à reflexão para a influência da mídia na educação e cultura, demonstrando, através de análise crítica, as relações estabelecidas entre um e outro meio.
Algumas passagens do texto, quando comenta do "milagres das novas tecnologias", demonstra que nada mais é do que a volta ao padrão anterior de uma prática tecnicista, e ultrapassada. A verdadeira mudança se faz no homem e não através da máquina.
Léa Fagundes já disse, também, brilhantemente em um texto, que os laboratórios de informática nas escolas impressionam mais aos pais e a sociedade, do que ao professor. O que concordo plenamente, se não houver um planejamento adequado de práticas pedagógico, em que o professor utilize as mídias como recursos acessórios e/ou ferramentas de apoio. Do contrário, a tecnologia será apenas um recurso a mais de entretenimento.
Que vivemos numa "comunidade de consumo", como bem coloca Fischer, é público e notório. Em que o ter é mais importante que o ser. E, sob esse aspecto, temos consumidores de modismos e não de educação, arte e cultura. Temos competidores e não cidadãos solidários. São padrões de convivência distorcidos, que acabam repercutindo no dia-a-dia da escola e da própria comunidade.
Fischer nos faz uma pergunta que não quer calar: "E a TV? Ela narra, ela tece histórias, seleciona estratégias de linguagem pelas quais edita vidas, aponta caminhos, ensina modos de ser, espetaculariza o humano, a qualquer preço". Fischer ainda coloca outra questão, inspirada numa frase de Jurandir Freire Costa, em que fragilizam-se "os meios tradicionais de doação de identidade", como a família e a escola. O que resta fazer?
Nessa questão da escola, da família, da mídia e da identidade, cabe redefinir com urgência qual o papel de cada um. Pais e sociedade em geral, parecem estar delegando à escola e à mídia a educação e a instrução escolar... Ninguém mais tem tempo pra conversar com o filho, sondar seus caminhos... Depois, a culpa passa a ser também só da escola e da mídia. Mas e a sociedade? Qual o papel da família? Numa escola podemos perceber que o novo modelo familiar é: filhos de pais separados; separados inclusive dos filhos, ainda que morando juntos na mesma casa.
Nesse contexto, a própria mídia tem sua responsabilidade, através de uma grade de programação vinculada mais ao mercadológico do que ao pedagógico. Mas, em tempos de liberdade e de estado democrático de direito, a censura não é a melhor opção. Quem deve fazer a seleção natural é a própria família, já que a mídia em geral está vinculada cada vez mais a índices de audiência ou de interesses comerciais, seja rádio, TV, internet, jornal etc... A sociedade pode mudar a tendência da mídia, desde que mude a sua própria tendência à banalização da vida e da violência, que é muito influenciada pela mídia... Sim, parece e é um ciclo vicioso.
Por fim, na indagação final de Fischer há um "balão colorido", como ela cita... Uma dúvida, uma pergunta e nas entrelinhas um caminho pra solucionar esse dilema, quando comenta: "Pergunto-me se nossos modos de educar, de aprender e de ensinar não têm se afastado, gradativamente e sempre de forma mais intensa, das imensas possibilidades de sermos diferentes do que somos, diferente do que nos é mostrado e ensinado em espaços como o da mídia; sobretudo, de tratarmos as crianças, adolescentes e jovens nas suas infinitas diferenças e múltiplas formas de ser e existir, presos ainda somos aos modos cristalizados de perceber e conceber o mundo, os grupos sociais e a nós mesmos, e que a mídia nos devolve, cotidianamente, com todo o sedutor aparato tecnológico de que dispõe, mas que replica uma mesmice tão difícil, para nós, de abandonar".
E se olharmos em volta, na comunidade, na escola, na política, nas relações sociais, a mesmice é o que impera, e os projetos que tentam romper com esse paradigma, acabam tornando-se paradoxais. Mesmo assim, não podemos deixar de lançar ao ar nossos "balões coloridos", esperando que ninguém venha furá-los, com a burocracia, o imediatismo, a falta de compromisso com o social. A mídia influencia à cultura e à educação, mas pode também ser influenciada por essas, desde que haja compromisso de continuidade de projetos sérios e inovadores, e não apenas o continuísmo de projetos que se dizem "o novo". Entre o "novo" e o "de novo", mais que questão terminológica, há uma profunda questão pedagógica a ser explorada a fundo, e não apenas de quando em quando...

José Antonio Klaes Roig
Atividade Proa5 – Turma 3 - RS

segunda-feira, novembro 20, 2006

Sala de Bate Papo

Obs.: foto do site 100imagens.com, de Hugo Amador, intitulada: sonho, logo existo...

Hoje, na turma de 4ª série inclusiva (ensino fundamental da EEEF Barão de Cêrro Largo, Rio Grande-RS), com alunos ouvintes e surdos, dentro do projeto de informática na educação especial, do NTE-Rio Grande/18ªCRE, fizemos uma atividade numa sala de bate papo onde só nós (alunos e professores) interagimos on-line. Foi muito interessante ver o papo fluir sem limitações no ambieNTE virtual... A integração foi plena, principalmente pra mim, que, não sendo um conhecedor da Libras (estou aprendendo a cada encontro com os alunos mais e mais sinais), pude conversar fluentemente com todos (através do chat, teclado e mouse). A informática e a internet, quando utilizadas no contexto educacional pode ser uma grande e poderosa ferramenta, mas apenas isso: uma ferramenta. A máquina tem que ser um acessório, e o ser humano o agente principal (tanto como agente mediador do conhecimento, como sujeito do processo de ensino-aprendizagem).
Breve estaremos criando um blog só pra postar as atividades do NRE com alunos e professores da rede pública estadual, do qual o NTE faz parte e é responsável pela capacitação de professores no uso da tecnologia educacional. Aguardem.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Inclusão e avaliação

O quadro acima, de Cândido Portinari, intitulado Os Retirantes, pintado em 1944, serve apenas pra ilustrar essa postagem, que trata da inclusão, tanto em sentido amplo como restrito, de alunos regulares e portadores de necessidades especiais em sala de aula, no que tange a avaliação: seus aspectos quantitativos e qualitativos. Na verdade, ainda é um incipiente tema pra futura pesquisa, com base em depoimentos de alunos, professores, intérpretes que lidam no dia-a-dia com a questão da inclusão. Pretendo nas próximas semanas aprofundar o debate e a reflexão pra esse tema. Entretanto, não se pode falar de inclusão educacional, sem também referir-se à inclusão social, fator preponderante para o sucesso de qualquer empreitada dessa monta, com desafios, certezas e dúvidas de parte a parte: alunos, professores, equipe diretiva, gestores públicos, sociedade. Aguardem, portanto, os desdobramentos desse trabalho. Fico também no aguardo de comentários, críticas e colaboração pra amplitude dessa pesquisa. Obrigado.

terça-feira, novembro 14, 2006

difereNTE, sim; deficieNTE, não!

O título dessa postagem é uma frase que certa vez li, nos corredores da escola onde funciona o NTE e que reproduz realmente o que é ser um aluno PNEE - portador de necessidades educativas especiais: diferente... A deficência, que eu prefiro chamar de limitação física ou neurológica não impossibilita a aprendizagem, evidentemente, respeitando o seu tempo de aprendizagem.
Não vejo comentários de familiares, educadores e comunidade em relação a turma regular que possui alunos, ditos normais (e o que é normalidade, hoje em dia, num mundo de terror fundamentalista de Bin Laden's versus terror de Estado de Bush's?)...
Entretanto, sabemos que toda turma, seja de alunos-alunos, alunos-professores tem 3 grupos bem distintos: aqueles que tem um rendimento acelerado, os medianos e aqueles que possuem um rendimento mais lento... Nunca ouvi, nem espero ouvir, alguém defender a separação desses 3 grupos, em 3 classes distintas. Por que, então, quando se trata de alunos portadores de necessidades especiais há essa celeuma toda?
Claro é necessário planejamento, infra-estrutura, valorização profissional, capacitação continuada, e acima de tudo apoio e reconhecimento da sociedade para um desafio como o da inclusão educacional, digital e social...
Temos belas teorias, belos discursos, mas a prática inclusiva ainda vem em terceiro plano...
Nós, do NTE, utilizamos em nossas atividades com alunos da Educação Especial, como se frisei em postagens anteriores, algumas bases do construtivismo, principalmente às de Flexibilidade Cognitiva e Aprendizagem Significativa, tendo iniciado de forma intuitiva e experimental um Projeto de Aprendizagem no ano de 2005. Em 2006, ampliamos om leque de atividades - além da informática básica, noções de educvação ambiental - e de apoiadores voluntários, que são portadores de necessidades especiais (intérprete surda e 2 monitoras cegas), que nos mostram um lado que só quem é portador de necessidades especiais pode melhor entender.
Na verdade, iniciamos o projeto meios cegos, surdos e mudos, e hoje, passados quase 2 anos, podemos dizer que aprendemos mais do que ensinamos...
Breve, o NTE-Rio Grande/18ªCRE, em conjunto com os alunos do Projeto de Informática e Educação Ambiental na Educação Especial, estará criando um blog pra publicação e divulgação das atividades do referido projeto. Aguardem.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Relações entre a televisão e os temas do Grupo Modernidade (Wiki)

TELEVISÃO E O COMPORTAMENTO ADOLESCENTE
É público e notório a influência, desde os anos 1950, quando surgiu, da televisão no comportamento da sociedade, primeiramente de forma subliminar, pelos merchadising distribuídos na programação, depois de forma mais explícita, já no início dos anos 1980, na programação destinada ao público infantil, em que desde sandálias plásticas, a cadernos, vestuário em geral, albuns de figurinhas, tudo passou a ser comercializado, levando os pais a destinarem grande parte de seu orçamento familiar aos produtos com a estampa dos personagens infantis. A partir daí, não bastava ser um caderno, roupa, sandália qualquer. Tinha que ter o desenho, a marca ou a estampa de uma apresentadora ou de uma personagem. Muitas vezes, as apresentadoras de programas infantis tornavam-se uma personagem, e não um ser real... Hoje, podemos perceber a influência da TV em toda a sociedade, mudando o horário dos jogos de futebol, pra depois da telenovela das 8, que inicia quase 21h, fazendo os torcedores irem aos estádios quase às 22h, para sair de lá depois da zero hora. Muda o comportamento de um grupo social em função de índices de audiência de uma emissora de televisão.O adolescente, muito influenciado antigamente pelos adultos (pais, vizinhos, conhecidos, professores), hoje recebe a influência da programação televisiva, que invade a sua vida, antes mesmo do que a família e a escola. Até os anos 1950, eram os pais e depois a escola, os resposnsáveis pela educação informal e formal, respectivamente. Hoje, é a televisão que educa ou não, as crianças antes mesmo de ingressarem na escola, já que a família torna-se ausente pela necessidade de trabalhar fora. O modelo de família até os anos 1950 era o pai provedor da casa e a mãe, dona do lar. Esse perfil, hoje, é a exceção e não a regra. Da análise empírica e intuitiva que fiz e tenho feito há mais tempo do que o início dessa especialização e da escolha dese tema, percebo o quanto a TV influência e dita moda e comportamento. Sobre a moda, analisarei a seguir.
TELEVISÃO E A MODA
Tanto em sentido amplo, como estrito, da moda e do modismo, a televisão é um grande gerador de manias entre jovens e adultos. Nunca fiz esse exercício, de ir a um cartório de registro civil e pesquisar, após cada telenovela de sucesso, quantos nomes de personagens virtuais, tornam-se nomes reais de crianças nascidas durante e depois da exibição de novelas campeãs de audiência. Exemplo: Dara, Sol, Jade... Nomes que fogem ao trivial e que tornam-se avalanche nas escolas, basta examinar, como faço, a lista de matriculados, a cada ano. O nome da moda é o nome da personagem principal de uma telenovela, via de regra. Se aparece a saia de cigana, logo quase noventa por cento de jovens e até mesmo mulheres adultas, passam a utilizá-la, quase como um uniforme de guerra. Se forma tamancos, tipo plataforma - não sei bem se é esse o nome - nove em cada dez mulehres terá o seu no armário. É o reflexo da programação televisiva na própria sociedade, induzindo ao consumismo, ao modismo e a reprodução do que vêem na tele tremeluzente. Modismos que são também , além do vesuário, do penteado, mas tambénm de gírias, expressões, frases feitas, chevões e jargões humorísticos, tipo: "Vem cá, eu te conheço?". Quem já não reproduziu essa frase, ainda que em tom de deboche com algum familiar, amigo, vizinho ou colega de trabalho? Atire a primeira pedra aquele que jamais copiou algo que viu na TV!!! Risos. Ou expressões que me dão calafrio, pela repetição continuada, entre nove em cada dez adolescente: "Tipo assim!" Tudo hoje começa com o "tipo assim..." (sic). Risos.
TELEVISÃO E OS RECURSOS TECNOLÓGICOS
A televisão, pela sua programação, pura e simples, pode ser utilizada em sala de aula pelo professor, como comentei num texto deste wiki. Mas a ela, podem se agregar outros recursos tecnológicos, como: videocassete, hoje superados pelo DVD. Podendo também ser utilizado o gravador de DVD pra copiar a priogramação e fazer uma biblioteca digital no acervo da escola. Uma placa repectora de TV (em média de 150 a 300 reais) pode ser instalada num PC, tornando-o um receptor de sinais de TV, e consequentemente copiando pra o seu HD vídeos em geral. Um aparelho de som pode ser instalado numa entrada de TV, para ampliar seu som. Um Data show também é um projetor que possibilita a ampliação da imagem para um público maior, num espaço mais amplo, dinamizando uma atividade educativa, "tipo assim" (sic), uma aula aberta e multisseriada e multidisciplinar sobre educação ambiental. Enfm, a tecnologia deve ser encarada como uma ferramentas, um apoio, um acessório ao trabalho do educador, e não a "quintessência do mundo moderno". Até pelo fato que a "Geração Data Show" usa e abusa dos recursos tecnológicos, banalizando-o ao ponto de tornálo um recurso trivial. Todo mundo quer um data show pera fazer apresentações qulimétricas de slides, lendo um a um, e provocação a fadica do apresentador e da platéia. Sem falar que se falta luz, o PC trava, e o educador sem a cópia impressa, ou sem saber utilizar o maior recursos didático-pedagógico que possui (a própria voz e a experiência de vida), poderá dar vexame... A tecnologia não pode ser a "segunda pele" do professor. Não pode ser jamais a "lanterna mágica" na escuridão. A tecnologia deve ser encarada como o giz e o apagador, pra geração passada. Sem estes, a aula flui da mesma forma, ainda que d'outro jeito...
CONCLUSÃO:
Meu wiki partiu de interligações entre meu tema - a televisão e a educação -, conectando-se a de minhas colegas: Grede Brasil (Moda); Gelsi Oliveira (Comportamento adolescente) e Aline Conceição (Recursos Tecnológicos). Nesse caminho, nosso projeto de aprendizagem, batizado de MODERNIDADE, buscou esses "links" uns com os outros. Interagimos na etapa presencial, mas também a distãncia, via email, forum, chat, MSN, orkut... Trocamos idéias e experiências de vida. Interagimos com outros colegas de outros grupos. Eu, particularmente, sem o apoio das colegas do meu grupo, de minha colega de trabalho aqui do NTE-Rio Grande, Janaína, e de outras colegas que se tornaram amigas nessa trajetória profissional e solidária, em minha auto-avaliação, não teria podido desenvolver algumas das atividades propostas... Creio que o objetivo do curso era esse mesmo: promover a interação e a integração de tecnologias e de educadores.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Wiki em fase de conclusão

Colegas, estou retomando meu wiki, do projeto de aprendizagem sobre "A televisão pode ser uma aliada à educação?", podendo ser acessado através do link à direita deste blogue.
Aprofundei as certezas provissórias sobre o tema, mas pretendo ainda adicionar mais alguns comentários até o final desta semana. Aceito dos colegas, amigos e interessados na questão Televisão e Educação comentários, críticas e sugestões neste blogue ou no próprio wiki, em espaço reservado a isso (coments). Obrigado e bom trabalho a todos!

sexta-feira, novembro 03, 2006

O poder da mente



Noutro dia, me deparei por acaso com a revista National Geographic Brasil, de março de 2005, à pág. 52 e seguintes (matéria intitulada O poder da mente), e ao folheá-la, descobri a incrível história de vida do adolescente Tito Mukhopadhyay, gênio autista de 15 anos, nascido na Índia. Inicialmente foi diagnosticado como retardado mental, até a descoberta dos motivos do comportamento anormal e do impedimento à linguagem.
- "Sei que é diferente", diz Tito, falando de seu autismo grave, "(...) Mas adquiri esse hábito para encontrar e sentir meu eu disperso". Segundo a reportagem, a mãe de Tito, incansavelmente, usando de métodos às vezes inusitados, conseguiu romper a barreira do silêncio e ensinar ao filho a somar e subtrair, apreciar a literatura e, por fim, comunicar-se por escrito, no começo, amarrando o lápis em sua mão. Graças a mãe Tito pôde descrever com clareza, no livro Beyond the Silence, escrito entre os 08 e 11 anos de idade, como o paciente vivencia tal doença. Tito relata suas tentativas de lidar com a cacofonia de informações desconexas que lhe chegavam pelos sentidos e a luta para controlar o corpo e o comportamento. Tito escreveu sobre as duas pessoas distintas que coexistiam nele. Uma, a que pensava, era "cheia de saber e sentimentos"; a outra, a que agia, era "esquisita e cheia de ações" – e sobre esta ele não tinha controle, era como se pertencesse a outro indivíduo. Conforme o neurocientista Michael Merzenich, que examinou o garoto: "As extraordinárias realizações de Tito não venceram seu autismo", "(...) Em seu cérebro, ainda existe o caos". "Homens e mulheres assombram-se com o que faço" - diz Tito - "Médicos empregam diferentes terminologias para me descrever. Eu só queria entender".
A foto acima, retirada do site português 1000imagens.com, serve para nos lembrar que as pessoas diferentes ou com necessidades especiais, apesar de às vezes parecerem viver num Universo Paralelo, têm muita vida em seu interior, e com estímulos exteriores, podem até se comunicar e ter cidadania.