terça-feira, janeiro 30, 2007

A arte imita a vida


Cada vez mais os jogos eletrônicos se sofisticam, a ponto de simuladores darem a falsa impressão aos desavisados de estarem vendo cenas reais. Tempo atrás, senti na pele, ao ver TV ligada numa loja, mostrando partida de futebol. Tive a nítida impressão de tratar-se, à primeira vista, de um jogo da seleção canarinho, tal a similaridade dos jogadores virtuais com os trejeitos, forma de correr, chutar dos craques da bola de carne e osso. A resolução da imagem era quase perfeita.
Hoje o Brasil tem designers e programadores contratados por grandes empresas de softwares na computação gráfica, na elaboração de jogos e desenhos animados.
Há discussão acirrada sobre a exposição de jovens aos jogos violentos e dos efeitos colaterais que esse comportamento pode proporcionar futuramente. Na maioria das reportagens, há críticos e detratores. Recentemente me interessei pelo outro ponto de vista, ao ler o título de uma matéria, de Juliana Carpanez, publicado na Folha Online, sob o título “Livro ‘inocenta’ games e derruba mito de vilões da violência”. A pedagoga Lynn Alves escreveu o livro “Game Over: Jogos Eletrônicos e Violência”, em que ela utiliza, segundo Juliana, sua experiência na área de educação e tecnologia para analisar a influência dos jogos na vida dos usuários. Diz a matéria que “Em ‘Game Over’, a autora relata que os jogos (eletrônicos) podem funcionar como espaços de elaboração de conflitos, medos, angústias, sociabilidade, prazer e aprendizagem. Dessa forma, os títulos funcionariam como simuladores da vida real – isso não significa que as ações da tela são passadas para o universo off-line”; “Todos têm uma taxa de agressividade, e esse conteúdo latente – que nem sempre é manifestado – aflora durante os jogos. Por isso os games servem para a projeção de conteúdos adormecidos”, afirma Alves.
Evidentemente que a simples exposição a um jogo não leva ninguém em sã consciência a cometer qualquer tipo de crime ou atitude anti-social. É terapia ocupacional, catarse e lazer apenas. Entretanto, a exposição continuada e sem limite de tempo pode causar transtornos até de ordem fisiológica. Para o neuropsicólogo Daniel Fuentes, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, não há evidências da dependência aos jogos.
Lynn Alves diz que “É preciso sentar ao lado de seu filho e questionar os valores passados pelo jogo. É assim que se forma gente”. Concordo, e acredito que tal atitude deveria ser feita também em relação aos filmes, desenhos e demais atividades, principalmente o desinteresse pelo estudo.
Noutra matéria, sobre o mesmo tema, Alexandre Hlebanja, presidente da Associação Brasileira de Lan Houses diz que “Tudo em excesso faz mal. O uso do computador também deve ser limitado”, corroborando com a opinião da educadora. Por lan house entendemos lojas com computadores interligados em rede para que jovens disputem jogos simultaneamente, às vezes, por horas a fio.
Rodrigo Enout, presidente da Associação Brasileira de Magistrados da Infância e Juventude, diz: “As casas de jogos eletrônicos sempre foram uma preocupação dos juízes. Mas e os pais, onde estão? O primeiro fiscal é o pai.” Boa pergunta. Onde estariam os pais dos jovens de classe alta de Brasília, que despejaram álcool e depois atearam fogo no corpo adormecido do índio Galdino, confundindo-o – dissimuladamente – com um mendigo! Onde estariam os pais desses jovens e suas gangues, praticando crimes hediondos, sejam influenciados por games, drogas ou rock’n’roll? Os tempos são outros. Não vivemos como nossos pais. Nem nossos filhos vivem como nós, quando tínhamos a sua idade. Há inversão de valores: alguns pais são refém de filhos autoritários.
Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, inspirado no livro de Anthony Burgess, mostra jovens, num futuro não muito distante, cujo passatempo era atacar pessoas indefesas, molestar mulheres (como fazem hoje os pitt boys). Presos, eram expostos a aparelho fixado em seus olhos, impedindo-os de se fecharem, vendo dia e noite a projeção de cenas de violência explícita, tentando dessa forma inibir futuros delitos. Que, nesse caso, a arte não inspire a vida, pois violência gera violência.

José Antonio Klaes Roig

Obs. 1: Texto publicado no Jornal do Norte, de São José do Norte, em 21/07/2005, que por tratar de temas que tenho abordado seguidamente neste blog, resolvi incorporá-lo ao mesmo.

Obs. 2: Colagem de minh autoria, elaborada a cerca de 7 anos atrás, como terapia ocupacional.

A vida imita a arte


Documentário na TV a cabo, sob o título Reportagens Investigativas (A&E Mundo), analisou o fenômeno dos crimes copiados do cinema.
A reportagem fazia um inventário de filmes que influenciaram direta ou indiretamente pessoas, psicóticas ou com problemas de relacionamento, a cometerem crimes quase idênticos aos espelhados na tela do cinema. Dizia a matéria que nos primórdios do cinema, quando surgiu o filme Assalto ao Trem, os roubos aumentaram; que os filmes de gângster incentivaram o crime organizado; que o faroeste estimulou o porte de armas de fogo. Que Taxi Driver, de Martin Scorsese, mostrava a figura do assassino solitário, e que, John Hinckley Jr., que tentou matar o ex-presidente Ronald Reagan, declarou ter sofrido influências da película. Que Assassinos por Natureza, de Oliver Stone, teve quase 10 crimes relacionados a ele; Até as Últimas Conseqüências, influenciou um assalto a banco; O Corvo, fez 2 jovens provocarem incêndio; Robocop instigou um crime; como também Retrato de Um Assassino, de John Mac Naughton. Sem falar em Matrix, e os tiroteios em escolas públicas americanas.
Quando houve atentando ao metrô nos EUA, no lançamento de Assalto sobre Trilhos, os policiais que investigaram o crime disseram ter a impressão de estar no set de filmagens, tal a similaridade do atentado com as cenas do filme. Julia Phillips, produtora do filme Taxi Driver, chegou até a dizer que talvez seja a sociedade má influência aos filmes. Pode até ser, já que vivemos num mundo violento e os noticiários são reflexos do que vemos nas ruas. Alguns dizem tratar-se de tática de advogado - culpar um filme - para defender seu cliente. Tanto que até filmes inocentes já foram acusados de influenciar crimes. Um assunto polêmico por si só.
Psicólogos recomendam a aproximação dos pais com os filhos, sejam delinqüentes ou não, e da importância de modelos positivos de comportamento, e das influências negativas sobre a juventude. Que o crescente número de horas de exposição às telas (micro, TV, cinema) e aos jogos violentos, proporciona um distanciamento das reais conseqüências dos crimes. Estudos americanos indicam que o jovem quando chega a idade adulta teve uma exposição média a 4 mil assassinatos e 2 mil situações violentas, desde a programação televisiva à realidade das ruas.
Segundo o agente do FBI, John Douglas, filmes influenciam desequilibrados abaixo da linha de inteligência; que a mídia não cria, mas pode estimular aqueles que já estão predispostos à violência e ao crime; que deveria haver um monitoramento do tempo que as pessoas passam em frente das telas, com acompanhamento familiar – já que muitas famílias desoneram-se da responsabilidade, tipo Apertem os cintos, o piloto sumiu! Uma família estruturada não mata após assistir ao filme Rambo. Douglas foi consultor do filme O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme, que tinha como personagem o assassino em série Hannibal Lecter. Um crime também chegou a ser associado ao filme.
Há que, desde cedo, a família intervir e mostrar a distinção entre fantasia e realidade. De acordo com a reportagem, o filme Scarface, quando estreou, provocou o comportamento espelhado, fazendo que muitos jovens procedessem como a personagem central, vivendo em excessos. Muitos jovens impedidos pela família de namorar já imitaram Romeu e Julieta. Em 04/6, uma telenovela mostrou mãe ensinando filha como agarrar marido rico: furar a camisinha! Ficção perigosa em tempos de Aids.
Noutra época ocorreu polêmica entre o então governador do RJ, Leonel Brizola, e rede de televisão do país, que supostamente acusara-o de ser tolerante com a violência e não reprimir o tráfico de drogas nos morros cariocas. O ex-líder da Legalidade - que propiciou João Goulart, assumir a presidência, em 1961, após renúncia de Jânio Quadros -, contra-atacou: relacionou todas as situações violentas, veiculadas pela empresa, durante um mês, desde desenhos animados, noticiário, novelas, etc., usando o feitiço contra o feiticeiro. De lá pra cá, a violência real e a virtual aumentaram assustadoramente, a ponto de não sabermos se a vida que imita a arte ou é justo o contrário. A resposta: parece bala perdida.

José Antonio Klaes Roig
Obs. 1: Texto publicado no Jornal do Norte, de São José do Norte-RS, em 14/07/2005, que por tratar da mídia e, em especial, a televisão, resolvi postar no meu blog.
Obs. 2: Colagem de minha autoria, realizada a cerca de uns 7 anos atrás, como forma de terapia ocupacional.


TV via internet


A notícia abaixo, extraída do Yahoo Notícias, trata da futura televisão via internet, que promete revolucionar a forma de vermos e de se fazer TV no mundo. Na Revista Superinteressante deste mês também aborda o mesmo tema. Como um de meus temas de pesquisa é justamente o papel da Televisão como possível aliada da Educação, tomei a liberdade de copiá-lo e colá-lo em meu blogue, na íntegra. A idpeia parece interessante, já que nesse novo contexto, o telespectador tera´uma ação mais ativa na escolha da programção e não tão passiva, como no atual modelo televisivo. Em função disso, muita coisa poderá mudar, esperemos que pra melhor, não apenas na sofisticação de som e imagem, mas do conteúdo elaborado e distribuído.
A TV pela internet vem aí, por Carlos Ossamu *
(Fonte: Yahoo! Notícias):

Hoje, para alugar um filme, é preciso ir até a locadora, ver se ele está disponível, pegar a fila pra pagar e ainda tem prazo para devolver, o que significa ir até à loja novamente. Não seria bom se não fosse necessário sair de casa para alugar um filme? Bastaria pedir e no horário combinado ele estaria passando na tevê, com direito a pausa para ir ao banheiro, como num aparelho de DVD. E quem gosta de ver programas como o Big Brother, não seria melhor se o voto pudesse ser pelo controle remoto?E quando se estivesse vendo uma partida de futebol, que tal acessar diversas informações, como estatísticas, tabela de pontos, próximos jogos etc.? Gostou do colar da atriz? Já pensou poder comprar pelo controle remoto?Tudo isso fará parte da tevê interativa, que não necessariamente tem a ver com a tevê digital ou tevê de alta definição (HDTV). São coisas distintas, mas que acabam se misturando. A tevê digital poderá ser interativa, mas essa interatividade somente existirá caso o aparelho esteja conectado a um banco de dados por meio de uma rede. Além de receber o sinal, de alguma forma ele terá de enviar informações, que poderá ser pela internet ou até mesmo pela rede de telefonia celular. Outra forte candidata a ser uma tevê interativa é a IPTV, a televisão pela internet, que também é digital e em breve será ofertado em alta definição. Não confundir com Web TV, já oferecido por alguns portais e sites como AllTV, que na realidade é uma transmissão do programas de tevê por streaming, que pode ser um arquivo gravado ou ao vivo, acessado por browser no micro e que pouco, ou nada, oferece de interatividade.A IPTV deverá ser a grande saída das operadoras de telefonia fixa no mundo todo, que estão vendo suas receitas diminuírem com a popularização do VoIP (voz sobre IP ou telefonia pela internet). Para o seu funcionamento é preciso acesso banda larga e é aí que as operadoras entram com sua tecnologia ADSL, que usa os cabos da rede telefônica. Os serviços de IPTV vão se valer da capacidade bidirecional das redes banda larga para oferecer a sonhada interatividade. As possibilidades são inúmeras, desde o vídeo sob demanda e gravação de conteúdo, até jogos online e uma completa personalização. Além da conexão banda larga, o usuário precisará ter um set-top-box conectado ao aparelho de tevê, da mesma forma que ele tem hoje o modem ligado ao micro.Há uma grande movimentação no mercado internacional e segundo cálculos da empresa de consultoria McKinsey, já há mais de 1 milhão de usuários de IPTV no mundo. A empresa SBC Communications, que adquiriu a operadora de telefonia norte-americana AT&T, lançou o serviço no Texas para 50 mil assinantes; a espanhola Telefónica já possui mais de 200 mil assinantes; e a PCCW, de Hong Kong, com 450 mil. Outras operadoras, como a France Telecom, Verizon (EUA) e a alemã Deutsche Telekom, também anunciaram serviços nesta área. Por não ter restrições na legislação, a Europa é o mercado mais adiantado. Por outro lado, o Brasil sequer conseguiu definir ainda qual padrão de tevê digital aberta deverá adotar (as apostas são no padrão japonês).Ainda há pouco conteúdo interativo disponível em IPTV. A maior parte ainda é vídeo sob demanda, como filmes, seriados, desenhos etc. Mas aos poucos as novidades vão surgindo. A operadora France Télécom e a distribuidora de sinais via satélite TPS acabam de anunciar que vão oferecer, a partir de 1º de junho, o primeiro serviço de tevê sobre protocolo IP de alta definição do mundo, por meio do canal MaLigne TV. A grande atração serão os jogos da Copa do Mundo, mas o serviço também cobrirá outros grandes eventos esportivos, campeonatos franceses de futebol e basquetebol e, a partir de agosto, com exclusividade, jogos dos campeonatos inglês e alemão, além de muitos filmes, especialidade do canal. O serviço já tem cerca de 230 mil assinantes.

*Carlos Ossamu é jornalista especializado em tecnologia e colaborador do caderno de Informática do jornal Diário do Comércio e das revistas Info Corporate e Canal Info.


segunda-feira, janeiro 29, 2007

Aquecimento global


Capa da revista Carta na Escola (www.cartanaescola.com.br), alertando para os problemas sobre o aquecimento global e os prejuízos ao meio ambiente, calculados em estratosféricos 7 trilhões (não está expresso se em dólares ou euros). No detalhe, foto de um garoto indiano se banhando entre flores, lixo e poluição. Os níveis de poluição já antigiram, segundo a matéria, níveis alarmantes.
Quem pagará essa conta? Provavelmente as próximas gerações: nossos filhos, netos e os que virão... Mais um tema para reflexão.

Mobilização pelo planeta Terra

Recebi esse e-mail de alguns amigos (pensando ser mais uma daquelas correntes que enchem nosso correio eletrônico, rogando pragas, caso não repassemos adiante), mas esse texto, pela relevância do tema, achei interessante postá-lo no blogue, pois trata de uma questão de conscientização mundial para os problemas do aquecimento global e a própria preservação da vida no Planeta Azul.
Segue abaixo a mensagem recebida em seu inteiro teor. Mobilizemos e avisemos aos amigos e aos amigos dos amigos e assim por diante. Apenas 5 minutos que podem representar muito para o nosso futuro. E se for uma pegadinha de algum hacker que constuma espalhar terror virtual na internet, não correremos risco de passar um "mico" tão grande assim. Na pior das hipóteses, economizaremos 5 minutos de energia elétrica. Façamos, então, a nossa parte.
Parafraseando o astronauta Neil Armstrong, ao ser o primeiro ser humano a pisar na Lua: "Um pequeno passo para o Homem, um grande salto para a Humanidade".
A foto acima foi escaneada por mim, mas infelizmente, o que é raro, não anotei a fonte para referenciá-la no blogue. Preciso urgente tomar guaraná do Amazonas... Viva a nossa biodiversidade!

Assunto: Mobilização pelo planeta Terra
Objeto : apenas 5 minutos
No dia 1 º de fevereiro de 2007, em todo o mundo, haverá grande mobilização. Participe ! Cidadãos contra a mudança climática!
A Aliança pelo Planeta (grupo francês de associações ambientalistas) lança um apelo simples a todos os cidadãos de se dedicarem por cinco minutos à Terra. Todo o mundo apagará por 5 minutos suas lâmpadas e aparelhos elétricos entre 19h55 e 20 h.
Não se trata apenas de economizar eletricidade nesse dia, mas também chamar a atenção da mídia e daqueles que têm poder de decisão sobre o desperdício de energia e a urgência de agir! Cinco minutos de repouso para o Planeta Terra.
Não toma muito de seu tempo, não custa nada, e isso mostrará aos candidatos à presidência da França (e também a outros candidatos e atuais presidentes de outros países) que a mudança climática é uma questão que deve ser levada em conta em qualquer decisão política. Por que dia 1 º de fevereiro? Nesse dia será apresentado na França um relatório feito por um grupo de técnicos em climatologia da ONU. Os cidadãos não podem deixar escapar a ocasião para manifestarem sua opinião sobre a urgência com que deve ser tratada a mudança climática mundial.
Se todos participarem, essa ação poderá aparecer na mídia e ter peso político.
Faça circular ao máximo esse apelo entre os seus amigos, colegas e parentes.
A diferença de fuso horário com relação à França não tem importância porque o Brasil se manifestará ainda no dia 1º de fevereiro ( das 19:55 às 20H, de Brasília).
Laurent ROUSSERIE - Assistant au Chef de Projet
Ecosite du Bourgailh 179, avenue de Beutre - 33600 PESSAC
Tel:05.56.15.-32.11 Email : ecosite.bourgailh@wanadoo.fr

domingo, janeiro 28, 2007

Livro didático


Mesmo de férias, sempre estou com um livro ou mais nas mãos, além de revistas e jornais emprestados por minha mãe. Ela, a dona Hildette, por sinal, é a grande responsável por eu ter me tornado, primeiramente um leitor inveterado, depois um escritor... Desde menino, minha mãe sempre franqueou livros, jornais, revistas. Fui criado por meus avós, devido ao acidente que provocou o descolamento da retina de meu pai, o artista plástico Zeméco (http://olharvirtual.blogspot.com)... E o que era para ser passageiro, tornou-se permanente. Mesmo assim, mantinha contato com meus pais. E a visita a casa deles era como ir a uma bliblioteca, cheia de novidades. Minha bagagem cultural vem desde prosaicos albuns de figurinhas, revistas de HQ até dicionários e enciclopédias ilustradas que eu adorava passar os olhos, quando garoto. Em especial, tinha dois dicionários ilustrados, pertencentes ao meu avô paterno Américo Segundo Roig, que foi farmacêutico e funcionário público, que me chamavam muito a atenção. Os dois datados das primeiras décadas do século XX. Um era sobre temas universais e outro sobre medicina, com ilustrações do corpo humanos. Aprendi cedo mais coisas que um garoto de minha idade saberia, graças a essas viagens ao imaginário, através de páginas ilustradas destes dois dicionários, que ainda encontram-se sob a guarda familiar.
Mas o que me fez postar esse comentário, com o título LIVRO DIDÁTICO em meu blog, foi certa indignação ao ler a matéria batizada de "A Didática da Esperteza", publicada na Revista Isto É, de 20/12/2006, às págs. 56 a 58, onde, já no subtítulo da matéria diz que: "Prefeitos encaixotam livros escolares cedidos pelo MEC em troca de um sistema de apostilas caro e de qualidade duvidosa".
É impressionante como alguns governantes em nosso país conseguem subvertem a ordem natural das coisas, fazendo do improvável um rentável caminho particular, lesivo ao interesse da comunidade e da educação nacional...
Entre os dados apresentados, consta que "a prática, que começou em São Paulo, ameaça se espalhar para outras regiões do País". "No Estado de SP, 129 municípios decidiram deixar de lado os livros gratuitos oferecidos pelo Ministério da Educação (MEC) - um benefício garantido pelo governo. No lugar deles, optaram pelo controverso e caro sistema apostilado de ensino em suas escolas de educação fundamental, a que vai da primeira à oitava série. Com isso, passaram a gastar uma grande parcela dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) e provocaram insegurança em pais e alunos. Isso porque as cartilhas não são submetidas a qualquer tipo de controle e avaliação do Ministério da Educação".
Pior que isso, tais apostilas contém erros crassos, como identificar num mapa a Antártida onde consta o território da Groenlândia, numa inversão de pólos e de informação... Além disso, o estreito de Bering aparece grafado como Berning, etc. Erros grosseiros que levam a confusão do alunado.
Por mais que tenham justificativa, vem a minha mente o ditado popular: "não se deve trocar o certo pelo duvidoso"; ainda mais quando este é caro e cheio de erros. A não ser que existam "mais coisas entre o céu e a terra que possam vislumbrar nossa vã filosofia" e pedagogia também, parafraseando William Shakespeare.
Quando alguns prefeitos reclamam da falta de recursos para uma educação de qualidade, e ficamos sabendo que existe material de ótima qualidade e sem custos, depositados em galpões, para que sejam "desovados" materiais apostilados, provavelmente, superfaturados, ficamos temendo pelo próprio futuro da educação... Sabe-se que o segmento de ensino apostilado no país é um milionário mercado.
Segundo a matéria: "Os números do negócio em Taubaté impressionam. Por um contrato de três anos, a gestão (...) vai pagar à editora a quantia de R$ 33,4 milhões Anualmente, serão gastos R$ 11,1 milhões. Dividido esse valor pela quantidade de estudantes da rede de ensino infantil, fundamental e da educação de jovens e adultos (38 mil pessoas), chega-se a R$ 290 gastos anualmente por aluno. É uma conta alta para os cofres públicos. Para verificar isso, basta comparar esse dados com os do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Em 2007, o PNLD fornecerá 102,5 milhões de livros. No total, o governo federal desembolsará R$ 456,7 milhões. Ou seja, são R$ 4,50 por estudante ao ano. Feitos os cálculos, descobre-se que o ágio em Taubaté beira os 300%". Faça-se uma auditoria em outras prefeituras com essa mesmo situação, e os valores aumentarão.
O que prova que recursos existem, mas são muito mal aplicados por certos gestores públicos, com um interesse privado fora do comum... Denunciar esses e outros incidentes aos órgãos competentes ainda é a melhor solução.

sábado, janeiro 27, 2007

Qualidade Social da Educação

A educação brasileira e seus desafios. Segundo Horácio F.dos Reis Filho, do Ministério da Educação (MEC), os principais são: "garantir a ampliação e o acesso de todas as etapas da Educação Básica às crianças, jovens e adultos, aprendendo a consolidar políticas em busca da qualidade social da educação; contribuir com o fortalecimento dos sistemas de ensino, que têm dificuldades na organização e no enfrentamento das demandas educacionais; funções docentes exercidas por alguns professores não habilitados; baixos salários; analfabetismo funcional (apenas reproduz o nome no papel), entre outros".
Em painel sobre Política Nacional de Gestão da Educação, em Brasília (24/04/06), assisti exposição do embaixador da Finlândia Hannu Uusi-Videnoja, sobre a escola abrangente (ensino fundamental), instalada em seu país (1970). A Finlândia possui área equivalente ao estado de Goiás e 5,8% do PIB destinados à Educação. O ano escolar possui 190 dias letivos. É garantido o acesso à educação, e o ensino é obrigatório até os 16 anos. 20% da hora/aula são dedicados a estudos opcionais para o aluno. Não há sinais (sineta, buzina, chamamento) para entrar em sala de aula, tanto para o aluno, como ao professor. Não há utilização de Nota e sim auto-avaliação. 95% de cada faixa etária iniciam estudos superiores, sendo enfatizado o estudo de idiomas estrangeiros (idiomas oficiais são o finlandês e o sueco, esse 6% da população). No 3º ano da escola é oferecido o primeiro idioma estrangeiro, no 7º ano o segundo. São 24 alunos, no máximo, por faixa de idade em sala de aula. 70% dos professores são mulheres. Alunos com necessidades especiais são abrangidos pelo ensino comum, há a inclusão de alunos deficientes mentais. O treinamento de turmas especiais leva ao Mestrado em Educação – Pedagogia Principal, como requisito. Enfim, a carreira do professor é atraente, motivada e excelente, nas palavras de Hannu, e não poderia ser diferente, em vista dos dados de Primeiro Mundo.
Dadas as devidas proporções, levando em conta aspectos geográficos, políticos, econômicos, históricos e culturais, esse pode ser o modelo ideal de escola de qualidade, mas para o povo finlandês que vive num dos países mais ricos do mundo, sem crises econômicas, políticas, éticas ou morais, sem problemas estruturais ou de gerenciamento da coisa pública em todos os níveis. Comparar povos e situações diversas não é o ideal, apenas um parâmetro. Devemos comparar os iguais e não os desiguais, mesmo que essa "desigualdade", no caso finlandês, seja paradoxal, em vista da realidade da América Latina, em que a avaliação escolar pode ser uma das formas de reprovação ou evasão, e subseqüente exclusão social; que os transportes coletivos caóticos, mal fiscalizados (alguns parcialmente monopolizados) impõem série de restrições ao uso da carteira de estudante, dificultando a aquisição do passe escolar (além do atestado da escola - entidade com fé pública! -, é preciso relação de alunos matriculados, atrelando o poder público a mero "informante" do serviço concedido); como então compararmo-nos com um local onde não há chamamento para a sala de aula, que há infra-estrutura e planejamento. É questão cultural. E que deve vir da família, ser reforçada pela escola, e dado o exemplo diário pelos gestores e governantes.
Quando inexiste projeto de Estado (com a participação popular), e sim de governo (com tentativas de democratizar o espaço público), onde os governos mudam periodicamente (nos discursos, pré e pós-eleições), sem dar continuidade às mudanças necessárias, os agentes políticos se interessam via de regra mais pelo continuísmo no Poder. Mudar para a Finlândia não resolve. Precisamos comparar experiências exitosas e adaptá-las, no que tange à nossa realidade social, em constante transformação. O educador precisa, além do apoio governamental, a compreensão da própria sociedade de que a educação é um reflexo deste país-continente ainda a ser "descoberto" pelo próprio povo. A educação participativa e emancipadora, um caminho cruzado entre a teoria e a prática.

http://controlverso.blogspot.com

José Antonio Klaes Roig

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Control Verso

Tenho postado, sempre que possível, material diverso, em meu outro blog, batizado de CONTROL VERSO (http://controlverso.blogspot.com), uma alusão à informática e à poesia. Lá coloco alguns textos antigos e outros atuais, com algumas colagens de uns 7 anos atrás aproximadamente, que nem pensava que teriam essa destinação. Trabalhar com palavras e imagens é algo que complementa uma a outra.
Quem tiver um tempinho também, pode visitar o blog OLHAR VIRTUAL (http://olharvirtual.blogspot.com), que desenvolvi pra homenagear a vida e obra de meu pai, o artísita plásytico José Américo Roig, mais conhecido pelo apelido de Zeméco. Nesse blog há, além de pinturas, um pouco de resgate histórico, artísitico e cultural da região sul do RS.
Estou curtindo umas férias para recarregar as energias. Mas estarei alimentando os blogs com novidades,e colocando as atividades da especialização em tecnologia educacional em dia.
A propósito, a colagem acima é de minha autoria é tem muito de control (pelo lap top) e verso (pela imagem poética de uma avião pelo deserto).
Todas essas colagens foram feitas de forma ARTEsanal, sem efeitos de computação gráfica. Apenas, recortes de revistas, tesoura e cola bastão, para depois ser escaneada para o microcomputador. A simplicidade também dá um belo efeito visual.

Como vidro em conserva


Todos já ouviram dizer sobre o poder da imagem, que vale por mil palavras.
Recentemente vi estampado numa padaria um desses cartazes elaborados pelo Ministério da Saúde, que adverte para os males do tabaco, com a seguinte mensagem: "fumar pode causar aborto espontâneo". Tal mensagem pode ser impressa e distribuída gratuitamente sem causar nenhum efeito no fumante inveterado. Mas, a divulgação da imagem (num maço de cigarros) de feto abortado, mantido dentro de um vidro, que lembra vagamente esses produtos em conserva, é a demolidora constatação dos efeitos negativos do fumo. Tal publicidade impositiva lembra os próprios cartazes distribuídos no início do século XX, pelo médico-sanitarista Oswaldo Cruz, quando de sua campanha pela vacinação maciça da população do Rio de Janeiro e do Brasil, utilizando-se de imagens fortes, pela forma direta, visual e impactante, na busca da conscientização da população dos males à saúde. Talvez, aí a comprovação de que para que campanhas institucionais funcionem, o cinema e as artes visuais são aliados mais contundentes do que a palavra. Na Educação, também, o desafio é saber lidar com a geração da Imagem e do Som.
Desenvolvo projeto de aprendizagem, através de especialização à distância sobre tecnologia educacional, cujo tema que abordo é: "A televisão pode ser uma aliada da educação?". Tenho coletado vários dados, desde a programação, como a forma de televisão (a cabo, aberta, educativa, comercial, pública e privada) e as maneiras de entretenimento e aprendizagem. Penso que, apesar dos pesares, a TV pode auxiliar ao professor e ao aluno, desde que usada com critérios.
Discuto os avanços tecnológicos (TV digital, etc) sem o acompanhamento equivalente da programação, ainda calcada em índices de audiência, e a exploração do sensacionalismo, da "espetacularização da vida" e da banalização da violência, sem a devida autocrítica. Analiso o papel do jovem e do aluno em geral frente a um modelo consumista, que prioriza o sentido mercadológico, em detrimento do educacional. Disponibilizo diário virtual (http://letravivadoroig.blogspot.com), e lá tenho postado e recebido contribuições de interessados em tecnologia, educação e cultura. Nele estão postados artigos, sugestões bibliográficas, links (atalhos) para outros blogues educacionais, fotos e imagens variadas.
Todo telespectador diante da TV tem duas posturas receptivas: ativa e passiva. O receptor ativo é aquele que observa e compara o noticiário de mais de um canal, que debate com a família, os amigos e no trabalho, sobre os temas veiculados, tendo postura crítica e analítica das artes e fatos mostrados. E não aceita todo "artefato" produzido como sendo informação fidedigna, e a contextualiza. Já o receptor passivo é quem tem na TV e no rádio as únicas formas de informação. Por falta de poder aquisitivo ou alienação, não lê jornais, revistas, nem acessa à internet. Tem como verdade única tudo que é noticiado. Assiste ao telejornal à espera da telenovela. Dá boa noite ao apresentador do noticiário, confunde o ator com a personagem da novela e não separa o falso do verdadeiro, entre a tela envidraçada da TV e o mundo lá fora. Enfim, é aquele que recebe o sinal, mas não reflete sobre este.
Como num vidro em conversa, alguns telespectadores vivem como peixes num aquário, sem a noção de que o local não é mar aberto, e sim espaço limitado. Votam nas personalidades da TV para cargos eletivos, desconhecendo o passado social do candidato e seus projetos. Novela após novela, como vidro em conversa, esses usuários permanecem a assistir aos folhetins eletrônicos, que em determinado horário, o humor torna-se besteirol; pois a trama é feita com o propósito de continuísmo de uma fórmula que deu certo, pela própria repetição continuada. Basta perceber que na Novela das Sete o protagonista, seja qual for o enredo e o ator, vive sem camisa, ainda que a trama não seja sobre índios, selva, etc. Porém, segundo dados atuais, tais novelas, que eram campeãs de audiência aqui e no exterior, em ambos os locais, vêm perdendo receptores passivos, talvez, fruto dessa fórmula vitrificada, que já não convence mais.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Ilha das Flores e outros vídeos

Aviso aos navegantes! Coloquei dois novos links, a partir de minhas visitas aos blogues de colegas de curso. Em especial, ao da colega e amiga Elaine Flores: trata-se de dois vídeos que podem ser trabalhados em sala de aula, pois tratam de questões do cotidiano. Ilha das Flores, do premiadíssimo Jorge Furtado, eu pretendo utilizar no projeto de informática na educação especial e educação ambiental, bem como projetos de aprendizagem com professores, que queiram abordar temas ligados à educação ambiental. Cidade de Deus é também um vídeo de curta duração, muito interessante.
Aproveito para pedir aos amigos, colegas e conhecidos, se tiverem algum link para o vídeo O Príncipe das Águas, me repassem, pois é outro filme de curta duração que pode ser utilizado com alunos e professores em sala de aula, e até com a comunidade escolar, em geral, conscientizando para a valorização da água, a questão da poluição, do meio ambiente etc. Obrigado.

Observação: A foto acima, de minha autoria, evidentemente não é da Ilha das Flores, mas da Av. Henrique Pancada, em Rio Grande - RS - Brasil, num entardecer de 2006.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Me Acharam

Colegas, um valioso blog educacional, e que já consta em meus links, se chama ME ACHARAM, de Márcia Paganella. Descobri por acaso, quando precisei de um apoio durante essa especialização, para acessar material de uma das tarefas, e Márcia me auxiliou. Como no e-mail dela havia um link pro seu blog, fui visitá-lo, e tive uma grata surpresa. Nele constam links pra outros blog, jogos educacionais, oficinas, e uma variedade de informações sobre educação em sentido amplo, e educação especial, já que também desenvolvo projetos nessa área. Vale a pena uma visita lá, não apenas de educadores, mas de alunos também. Aqui está o endereço: http://meacharam.blogspot.com/. Até mais. Breve estará no ar um outro blog sobre os projetos desenvolvidos aqui em Rio Grande, em nosso núcleo. Aguardem.

Obs.: foto do site 1000imagens.com.