Educação e Mídia
Algumas passagens do texto, quando comenta do "milagres das novas tecnologias", demonstra que nada mais é do que a volta ao padrão anterior de uma prática tecnicista, e ultrapassada. A verdadeira mudança se faz no homem e não através da máquina.
Léa Fagundes já disse, também, brilhantemente em um texto, que os laboratórios de informática nas escolas impressionam mais aos pais e a sociedade, do que ao professor. O que concordo plenamente, se não houver um planejamento adequado de práticas pedagógico, em que o professor utilize as mídias como recursos acessórios e/ou ferramentas de apoio. Do contrário, a tecnologia será apenas um recurso a mais de entretenimento.
Que vivemos numa "comunidade de consumo", como bem coloca Fischer, é público e notório. Em que o ter é mais importante que o ser. E, sob esse aspecto, temos consumidores de modismos e não de educação, arte e cultura. Temos competidores e não cidadãos solidários. São padrões de convivência distorcidos, que acabam repercutindo no dia-a-dia da escola e da própria comunidade.
Fischer nos faz uma pergunta que não quer calar: "E a TV? Ela narra, ela tece histórias, seleciona estratégias de linguagem pelas quais edita vidas, aponta caminhos, ensina modos de ser, espetaculariza o humano, a qualquer preço". Fischer ainda coloca outra questão, inspirada numa frase de Jurandir Freire Costa, em que fragilizam-se "os meios tradicionais de doação de identidade", como a família e a escola. O que resta fazer?
Nessa questão da escola, da família, da mídia e da identidade, cabe redefinir com urgência qual o papel de cada um. Pais e sociedade em geral, parecem estar delegando à escola e à mídia a educação e a instrução escolar... Ninguém mais tem tempo pra conversar com o filho, sondar seus caminhos... Depois, a culpa passa a ser também só da escola e da mídia. Mas e a sociedade? Qual o papel da família? Numa escola podemos perceber que o novo modelo familiar é: filhos de pais separados; separados inclusive dos filhos, ainda que morando juntos na mesma casa.
Nesse contexto, a própria mídia tem sua responsabilidade, através de uma grade de programação vinculada mais ao mercadológico do que ao pedagógico. Mas, em tempos de liberdade e de estado democrático de direito, a censura não é a melhor opção. Quem deve fazer a seleção natural é a própria família, já que a mídia em geral está vinculada cada vez mais a índices de audiência ou de interesses comerciais, seja rádio, TV, internet, jornal etc... A sociedade pode mudar a tendência da mídia, desde que mude a sua própria tendência à banalização da vida e da violência, que é muito influenciada pela mídia... Sim, parece e é um ciclo vicioso.
Por fim, na indagação final de Fischer há um "balão colorido", como ela cita... Uma dúvida, uma pergunta e nas entrelinhas um caminho pra solucionar esse dilema, quando comenta: "Pergunto-me se nossos modos de educar, de aprender e de ensinar não têm se afastado, gradativamente e sempre de forma mais intensa, das imensas possibilidades de sermos diferentes do que somos, diferente do que nos é mostrado e ensinado em espaços como o da mídia; sobretudo, de tratarmos as crianças, adolescentes e jovens nas suas infinitas diferenças e múltiplas formas de ser e existir, presos ainda somos aos modos cristalizados de perceber e conceber o mundo, os grupos sociais e a nós mesmos, e que a mídia nos devolve, cotidianamente, com todo o sedutor aparato tecnológico de que dispõe, mas que replica uma mesmice tão difícil, para nós, de abandonar".
E se olharmos em volta, na comunidade, na escola, na política, nas relações sociais, a mesmice é o que impera, e os projetos que tentam romper com esse paradigma, acabam tornando-se paradoxais. Mesmo assim, não podemos deixar de lançar ao ar nossos "balões coloridos", esperando que ninguém venha furá-los, com a burocracia, o imediatismo, a falta de compromisso com o social. A mídia influencia à cultura e à educação, mas pode também ser influenciada por essas, desde que haja compromisso de continuidade de projetos sérios e inovadores, e não apenas o continuísmo de projetos que se dizem "o novo". Entre o "novo" e o "de novo", mais que questão terminológica, há uma profunda questão pedagógica a ser explorada a fundo, e não apenas de quando em quando...
José Antonio Klaes Roig
Atividade Proa5 – Turma 3 - RS
2 Comments:
Oi, José Antônio! Muito interessante as tuas considerações... importantíssimas!! Apontas questões bem pertinentes aos nossos estudos sobre mídia e educação! Um abraço, Suzana
Olá José Antonio
Gosto de ler suas considerações. Me identifiquei com a imagem anterior com Sonho, Logo existo. Fantastico se eu não tivesse sonhos já teria desistido de tudo. Em minha escola foi instalado um laboratório com 15 computadores. Estou entusiasmada e esperando para aplicar um projeto com as crianças com dificuldades de aprendizagem, acho que talvez seja o caminho para solucionar alguns problemas.
Sua última postagem me chamou atenção para a falta de tempo dos pais para os filhos. Agora por exemplo, minhas filhas estão no quarto vendo TV e eu aqui estudando. Tempo, naõ tenho. Trabalho 60 horas e não consigo me desvenciliar de tantos compromissos. Sei que é preciso parar mas é dificil enquanto isso quando percebemos o tempo passou, os filhos cresceram e ficamos na saudade.
Um abraços
Nilva
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