quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Educação televisiva


Conforme uma das famosas supostas pérolas de Enem, que certa vez recebi por e-mail:"A televisão deforma a mente e o sofá". Nem oito nem oitenta, mas, pelo menos, no meu caso particular, muitos sofás deformei, diante da televisão...
Meu sofá atual, por exemplo - nem tanto por culpa da TV, mais por conta do notebook no colo, nesse período de férias e de dissertação -, no canto em que sento, literalmente já deformou, ou melhor, tomou a forma de meu ser dissertativo, ou seja, uma grande depressão, em duplo sentido, às vezes, por conta de meus quase 100kg, por conta também de que por mais que se leia e se escreva, parece quase sempre que falta aprofundar mais e mais. Bom, por enquanto, notório mesmo apenas o aprofundamento do sofá... Risos.
Mas, agora, falando sério, e em educação televisiva, motivo dessa postagem, é público e notório o poder da televisão sobre corações e mentes, de 08 a 80 anos no sentido simbólico, pois sabe-se que na prática a televisão impõe sua força massificante em todas as idades...
A televisão tem sido acusada de muitas coisas, mas também sejamos justos, há também muita coisa interessante veiculada (seja na TV aberta como na a cabo), pena que a maioria, se em canal aberto, é justamente em horário proibitivo para quem trabalha e/ou estuda, e precisa levantar-se cedo, no dia seguinte...
Já abordei diversos aspectos do Quarto Poder, em artigos de opinião, publicados em jornais aqui da região de Rio Grande e São José do Norte, no extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil; bem como, em publicações nesse post (vide links abaixo), além de abordagem ficcional (vide A vitrine iluminada no blog R.E.M. - Rápido Movimento do Olhar).

Porém, nesse feriadão, de 31/01 a 02/02, aqui no Rio Grande do Sul, em função das festas religiosas de Iemanjá e Nossa Senhora do Navegantes, acabei, depois de dissertar, para não surtar, vendo TV no quarto, e diante de cenais reais e fictícias de violência, seja em desenhos, filmes, telejornais, etc., bateu em mim, uma espécie de depressão... Foi um bombardeio de imagens e cenas fortes (reais e ficcionais), que nem o "zap" do controle remoto me fez relaxar... Um desconforto incrível, e ai passei a pensar no impacto que tais imagens têm num adulto, imaginem só numa criança e adolescente, expostos diariamente a elas... Jogos violentos, filmes violentos, mundo violento e a banalização da violência...
No dia seguinte, ao abrir meus e-mails, lá estava nas notícias do portal Yahoo! Brasil, a seguinte informação (por favor, leiam na íntegra):

Ver TV em excesso pode aumentar risco de depressão, diz estudo
http://br.noticias.yahoo.com/s/03022009/40/entretenimento-ver-tv-excesso-aumentar-risco.html

Segundo a notícia:
"O ato de assistir televisão em excesso durante a juventude pode estar associado aos riscos de depressão na idade adulta, assegura um estudo publicado hoje pela revista americana "Archives of Geral Psychiatry".

E essa semana foi pródiga em imagens fortes, como o conflito na favela de Paraisópolis - SP; no confronto entre supostos vândalos e a polícia, depois, parece que as notícias que chegam, indicam uma pretensa retaliação de manifestantes contra a suposta ação violenta da PM no mesmo local, dias antes.
A bárbara ação contra um casal que caminhava por uma trilha no Paraná. Não mais o contato com a natureza é possível, pois foram atacados por um ser, que tudo indica, já foi humano, que matou o rapaz, baleou a jovem e ainda voltou ao local, horas depois, para violentá-la. Deplorável.
Sem falar, mais um ataque de cão dilacerando uma criança...
Enfim, tem horas que vendo tudo isso, como numa metralhadora giratória, não tem como não ficar depressivo...
Sem entrar nesse momento, no mérito entre a vinculação da programação televisiva e o comportamento espelhado na sociedade; comentarei, dessa feita, tão-somente o enfoque educacional.
Será que, na grade de programação das TVs, só tem espaço para esse tipo de notícia, que deve ser divulgada, logicamente, mas que não dá o mesmo lastro a projetos culturais, sociais e educacionais?
Normalmente, o que tenho percebido é que "pessoas que nada tem a dizer", seja em programas dominicais ou de entretenimento, ou pura fofoca e sensacionalismo barato, ficam preciosos minutos, nada acrescentando, senão alguns pontos na audiência; enquanto que assuntos relevantes, passam cortados, em que o repórter se apressa em fazer com que o entrevistado sintetize algo complexo em 2 ou no máximo 3 minutos.
Há um certo "nepotismo cultural", de mostrar e dar espaço, seja em telejornais, programas de variedades, shows, telenovelas, etc. a apenas os apadrinhados de determinado diretor, autor, produtor, editor, etc. Sempre as mesmas "figurinhas carimbadas", para interpretar sempre a si mesmos, independente do projeto em que estejam envolvidos. Sempre os mesmos cantores nos mesmos programas, de rádio e TV.
É lamentável que, apesar dos avanços tecnológicos, como a TV Digital, a qualidade da programação não acompanhe esses avanços.
Como comentei em post anterior, se a educação de Erico Verissimo e de meu pai, foi a cinematográfica, a da minha geração foi a televisiva, amparada também nos gibis e revistas de história em quadrinhos e álbuns de figurinhas.
A geração atual, tem sua educação, antes de adentrar aos bancos escolares, em parte via televisão, mas principalmente pela internet e videogames... Nem sempre com a devido acompanhamento dos pais e/ou responsáveis.
Porém, a televisão tem grandes possibilidades de uso pedagógico, desde que o educador tenha à disposição ou busque por si só, de acordo com a sua área de atuação e disciplina, subsídios, desde a TV Escola e TVs educativas às TVs tradicionais.
Um dos programas que tem me surpreendido, não apenas pela qualidade, tem sido o Esporte Espetacular, nas manhãs de domingo, mostrando uma série de reportagens, quase documentários, sobre a questão do esporte entre os jovens e adultos. Numa delas, falando do sonho de 10 entre 10 garotos em atingir o estrelato, via futebol, e mostrando os dois lados do problema é extremamente instrutiva. Tem muito mais coisa boa, que nem sempre recebe o devido destaque.
Hoje, com uma placa de captura de TV, que pode ser comprada a preços acessíveis e instalada num PC, pode-se armazenar tais programas, para servirem de subsídios ao fazer pedagógico em sala de aula, em sala de vídeo ou laboratório de informática. Se o educador possui TV a cabo, abrem-se mais as possibilidades. Escolas que tem convênio com empresas de TV a cabo, para receberam sinal gratuitamente, podem adquirir essa placa de captura, e deixar a cargo dos educadores ou de alguém a gravação de diversos programas, nem sempre veiculados na TV aberta. Ou seja, a educação televisiva deveria ser acompanhada pelos pais, quando seu filho se torna quase autodidata em tudo, via televisão, e complementada pelo professor, dentro de uma proposta pedagógica. Contextualizar o próprio papel da televisão na vida familiar e social é também uma necessidade que poucos dão-se conta ou se interessam.
Televisão não deveria ser considerada apenas uma "babá eletrônica", responsável pela educação e entretenimento das crianças, quando os pais estão fora, trabalhando. O papel educativo da TV deve ser proposto pelos educadores, levando em conta o comportamento espelhado que essa caixa luminosa tem em frente aos telespectadores...
Diante de um tema tão complexo para um único comentário, indico abaixo, alguns posts de minha autoria, feitos no blog Letra Viva do Roig (2006 - 2007), sobre os vários aspectos envolvendo a televisão, frutos em grande parte de pesquisa na especialização em tecnologia educacional e no curso de extensão em mídias na educação:

abril/2007
TV: imagem e endereçamento - Parte 1
TV: imagem e endereçamento - Parte 2
TV: imagem e endereçamento - Parte 3

março/2007
A televisão como vitrine

fevereiro/2007
TV & Digital
TV aberta a quê?
O casamento entre a TV e a internet

dezembro/2006
Recepção e consumo cultural: receptor ativo versus receptor passivo
TV e práticas escolares
A invenção da televisão

agosto/2006
Televisão e habitação
TV Educativa e a educação via televisão

julho/2006
Quero ser um televisor
Alguns textos sobre o papel da televisão na educação
Manipulações de imagens digitais pelo cinema e televisão
Pay-per-view (pague para ver): exclusividade ou exclusão?
Projeto de aprendizagem sobre a televisão na educação
E o teu futuro espelha essa grandeza
O futuro na sua tela

junho/2006
A televisão pode ser uma aliada na educação?

janeiro/2008
A vitrine iluminada

Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço abaixo
http://eujornalista.blogs.sapo.pt/81732.html

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Li seu post e fiquei pensando na tv aberta, que é a mais assistida pela média da população. Costumamos dizer que "se torcer a tevê, sai sangue", ou seja, o grau de violência, cada dia mais, aumenta e explora-se o trágico, o mórbido, a meu ver, porque as pessoas "estão precisando disso", pode parecer loucura, mas qual é a qualidade de vida que temos? A maioria da população não vive, sobrevive, então se apega - talvez - aos episódios mais tristes, mais mórbidos para "compensar" a sua tristeza, a sua frustração e, com isso, seguir adiante. Penso, sinceramente, que existe alguém manipulando tudo isso para que o povo não pense, não reaja e - com tevê, frango barato e salário mínimo - seja feliz. Não sei, estou descontente com o meu país e com a gente que nele vive (com exceções), gente que se cala, que tem medo, gente que tem, diariamente, sonegado o direito à vida, à cidadania, à verdade...E, francamente, não adianta televisão em sala de aula se o professor não preparar uma boa aula, observo colegas que optam por um filme, aleatoriamente, colocam seus alunos na sala de vídeo e vão montar suas atividades para entregar no curso à distância que estão fazendo para, com especialização, terem direito ao nível 6. De fato, ando muito pessimista. Mas, que se ressalte, seu blog é muito bom!!!

22:49  
Blogger José Antonio Klaes Roig said...

Oi, Elaine. essa sensação que tens eu também compartilho, de haver uma espécie de manipulação da grade televisiva, em parte, com fins mercadológicos, em parte ideológicos... É incompreensível, com a quantidade de recursos tecnológicos de primeiro mundo, que temos, fazer certos programas nada nobres para serem veiculados justo no horário nobre, e deixar o filé mignon pro "corujão" e madrugadão, que só os insones ou desocupados tem direito a ver...
Já abordei, naqueles links citados no post, a TV em diversas perspectivas, e pretendo continuar fazendo isso, pois é um assunto que muito me interessa por essas possibilidades que a TV, se usada pedagogicamente, pode ter...
Um filme, pode ser usado de forma fragmentada, apenas uma cena, se for relevante pra um projeto, se preciso passar todo ele... Já que sabemos que dispor de 2 aulas ou 2 h diante da TV em escola, ás vezes é inviável... Já propus que dois ou mais profs. se juntem e agreguem seus horários e turmas, se o filme ou programa for relevante como um todo, é questão de planejamento. Ao ler teu comentário, lembrei de fato, nas Olimpíadas que Hortência e Paula decidirama final do basquete com os EUA. Bom, naquele época, a escola onde eu trabalhava tinha uma sala de vídeo, mas TV ficava guardada num local cerca de 150m distante, por motivo de segurança. E quando queriam usar, me pediu pra carregá-la... Bom, naquele dia, coloquei lá a TV (que pesava bastante) e fiquei um pouco vendo o jogo. Depois de alguns minutos, no "transe" empolgado com a final, fui despertado pela barulheira ao meu redor: os alunos brincando e as profs. conversando. O único que tentava ver a TV era eu mesmo.
No caso da programação da TV, conheço muita gente boa que merecia ser divulgada, mas que a grade de programação das TVs não tem "tempo". Tempo é dinheiro, diz quem é do ramo. Salvo raras exceções, a programação é condicionante e impactante, causa sim problemas em crianças em estado de formação... tenho mais um post em produção, que trata dessa questão, que breve irei abordar: o comportamento espelhado... esse pessimismo teu é natural, pois só vemos exemplos nada exemplares properarem. Enquanto a sociedade não tiver essa consciência que é preciso mudar certos hábitos mecânicos e individualistas, as coisas ficaram como dantes no quartel de Abrantes. Mas sou um otimista-realista, e creio que a educação ainda o caminho para essa mudança, desde que consideramos como primeiro educadores, os próprios pais, que assumam seu papel social, não delegando, como fazem com os políticos, suas responsabilidades tão-somente aos professores. Grato pela visita e comentário, Elaine.
Breve publicarei mais textos sobre o poder do Quarto Poder. Abraços.

10:40  
Anonymous Anônimo said...

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