quarta-feira, janeiro 28, 2009

De perto ninguém é normal...



Em tempos de "Eguinha Pocotó" e assemelhadas, eu que tive o privilégio de adolescer num tempo em que as letras das canções eram verdadeiras poesias - daí quem sabe ter despertado aos 17 anos em mim um poeta -, confesso que, vira e mexe, como já brinquei com amigos e colegas: entre o MP3 e o MPB4, não raras vezes, prefiro o segundo... Vaca Profana, por exemplo (vídeo acima extraído do YouTube), canção de Caetano Veloso, interpretada por Gal Costa, tem uma letra reflexiva, de onde tirei o verso que serve de título para esse post...
Isso mesmo, haviam intérpretes e não apenas dubladores de si mesmos...
Noutro dia estava fazendo a cópia de um "tijolo" em forma de livro (ou seria o contrário), justo no estabelecimento de meu amigo Homero (diga-se de passagem, nome mais apropriado para quem é escritor e faz uma pequena odisséia de mestrado), que tinha TV ligada, assistindo um musical do grupo Roupa Nova. Na verdade, um DVD, pois certo tipo de música que não esteja na pauta ou no "jabá", por melhor que seja, não toca. E aí, se a geração atual não conhece, que culpa tem de adorar apenas a "vaca profana" que lhe é oferecida?
Eu, Homero e um cliente, todos da mesma geração, ficamos comentando sobre como antigamente (nem tanto assim também, risos), quem cantava sabia mesmo cantar e não apenas gritar, pular e fazer mímicas e macaquices diante de uma câmera ligada. Os grupos tinham harmonia vocal, e não usavam tanto playback, acompanhados de uma britadeira...
Nada contra a esse tipo de música, adoro rock, desde que tenha canção. Sou do tempo que Pink Floyd introduziu relógios, sirenes, sobrevoo de helicópteros em suas músicas, mas isso tudo tinha sentido e razão.
Hoje, salvo raríssimas exceções, a maioria dos vídeoclipes são obras-primas da computação gráfica desperdiçada, pra mostrar mais seios e bundas, pra aumentar a audiência e as vendas de seus sucessos, que na minha juventude jamais sairiam da garagem.
E isso que nem falo da temida e banida censura, que jamais volte!!!
Falo daquele consenso de qualidade que cedeu, como tudo nessa vida a questão da quantidade. Hoje, o famoso "Sem Noção" é que está nas paradas e na hora da decisão do que devemos ver, ouvir, ler, acreditar, sonhar...
De perto, com os fones de ouvido, cantarolando estranhas músicas pelas ruas, quase ninguém parece normal. Àqueles garotões exibicionistas, nas praias, com seus carrões turbinados por imensos alto-falantes; esses então estão totalmente "Sem Noção", do 1º ao 5º, na cabeça e invertido, para usar uma expressão "lotérico-zoológica".
Então, já que de perto ninguém parece normal, parfraseando os versos da canção Vaca Profana, de Caetano Veloso, volto para meus devaneios dissertativos, ouvindo no MP3, de tudo um pouco (menos Eguinha Pocotó! me poupem!), desde que tenha melodia, harmonia, belo arranjo e uma letra que me chame a atenção...
Aprendi a duras penas na vida, que de fato, "De perto ninguém é normal", pois só o tempo, e às vezes nem ele, para nos mostrar quem são de fato as pessoas ao nosso redor. Nem sempre as que simpatizamos à primeira vista serão nossos amigos eternos; muitas vezes, quase sempre, os verdadeiros amigos nos surpreendem, quando mais precisamos e menos esperamos. E, afinal, o que é ser de fato normal? Sei não...
"Prefiro ser aquela metamorfose ambulante/ Do que ter a mesma opinião formada sobre tudo...", como diria o "maluco beleza" do Raul Seixas. Longe daqueles "comentaristas de resultado" da TV e do jornal, que dependendo de quem esteja no poder são sempre contra ou a favor... Contradição ou "com tradição"? Seja como for, isso não é normal... Ih, e o que é mesmo normal? Bom, deixa pra lá...

Observação: Abaixo, endereço do vídeo acima incorporado a este blog
http://br.youtube.com/watch?v=Cei1HUf1wHY

3 Comments:

Blogger Robson Freire said...

Olá amigão

É amigo hoje o conceito de musica está longe de ser praticado. Um festival de MCs, músicos descartáveis de um musica e pagodeiros mauricinhos assolam o cenario musical brasileiro.

Bandas como o Radiohead, U2, Pearl Jam entre outras internacionais e grupos como Titãs, Los Hermanos, Maria Rita e outros músicos nacionais deveriam servir de exemplos para todos, mas infelizmente isso não acontece.

Eu escuto qualquer musica (letra, musica, arranjo, harmonia, compasso, afinação), músicos de ontem e sempre como Noel Rosa, Cartola, Tim Maia, Tom Jobim, Vinicius, Caetano e Roberto Carlos entre outros fazem parte do meu repertório musical.

Quer conhecer uma pessoa? Peça para ver as musicas do seu MP3. Lá estará toda sua identidade musical.

Maravilhosa postagem

00:24  
Blogger José Antonio Klaes Roig said...

Oi, Robson, dissesses tudo amigo: mostre as musicas do teu mp3 q te direi quem és, é ótima sacada! Um abração!

14:28  
Blogger yanmaneee said...

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