A Canção do Senhor da Guerra: uma eterna repetição
Mudam os exércitos, os soldados, mas o Senhor da Guerra, ora personificado no Bush pai, ora no filho (W. Bush), continua a usar a mesma máscara da desfaçatez, ao comandar ou apoiar invasões à terras estrangeiras. Alguém que chegou ao poder, deixa-o como veio, com um rastro de destruição e interesses nebulosos.
Nesses tempos inglórios, lembro-me de ensinamentos de comandantes do passado:
“Lembra-te que defendes não interesses pessoais, mas os do teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas conseqüências. Geralmente, os grandes são irreparáveis e funestos. É difícil sustentar um reino que terás levado à beira da ruína. Depois de destruí-lo, é impossível reerguê-lo. Tampouco se ressuscitam os mortos”.
As palavras acima, não foram proferidas por comentarista político contemporâneo, mas sim por Sun Tzu, militar, filósofo e estrategista chinês, que viveu há quase 2500 anos atrás, e que comandou e venceu muitas batalhas, sendo seus ensinamentos compilados pelo comentarista Se-Ma Ts’ien, no século I a. C.; e, “recentemente”, em 1772, feita a primeira versão que o Ocidente conhece, graças ao missionário jesuíta francês Amiot. Por sinal, o livro “A arte da guerra”, de Sun Tzu, influenciou L.F. Scolari, em sua campanha vitoriosa na Copa do Mundo em 2002.
Diz ele ainda:
“Trata bem os prisioneiros, alimenta-os como se fossem teus próprios soldados. Na medida do possível, faz com que se sintam melhor sob tua égide do que em seu próprio campo, ou mesmo em sua pátria. Jamais os deixes ociosos. Tira partido de seus serviços, com as devidas precauções. Resumindo: conduz-te em relação a eles como se fossem tropas que se tivessem engajado livremente sob teus estandartes. Eis o que chamo ganhar uma batalha e tornar-se mais forte”, ensinou o militar milenar.
Sun Tzu, quase 2500 anos depois, parece ficção, se levarmos em conta o avanço tecnológico da Humanidade e a gressividade dos exércitos atuais contra civis desprotegidos, principalmente. Entretanto, a civilização a qual pertenceu o militar (em que as armas eram, hoje para nós, singelos arcos, flechas, escudos, espadas), em matéria de relações humanas era, parece-me, mais evoluída do que a atual, em plena revolução digital. Sun Tzu vaticinou: “(...) se tiveres em mente as vitórias obtidas em épocas remotas, e todas as circunstâncias que a acompanharam, não ignorarás os diversos usos a que serviram, e saberás que vantagens ou prejuízos trouxeram aos próprios vencedores”. Sun Tzu viveu no futuro sem saber, enquanto Bush pai e filho e os interesses que representam), mais Bin Laden e outros extremistas parecem viver no tempo das cavernas, de clava forte à mão. A arte da guerra para estes "Senhores da Guerra" se resume em atirar antes, e perguntar depois. Torturada está a Verdade em alguma prisão.
Mais do que lamentar-se é preciso indignar-se com atos de covardia contra a própria Humanidade. Entretanto, os gigantes de um olho só, os cíclopes modernos, as nações mais poderosas do mundo compactuam, por omissão, com tudo isso que vemos, ouvimos e custamos a crer. Tão culpado é aquele que vendo a injustiça, fica de braços cruzados, ou apenas colocando "panos quentes" sobre as feridas abertas do mundo atual. Entretanto, o verdadeiro Senhor da Guerra não mostra a sua verdadeira face, deixando a cargo de seus "testas-de-ferro" essa missão. O verdadeiro Senhor da Guerra não é uma pessoa física, mas um conglomerado gigantesco, em que a letra da canção acima mostra bem didaticamente ao quem quiser... Trocam-se as máscaras, mas as armaduras continuam em prontidão. Até quando? Até quando veremos esses conflitos serem a grande metáfora da civilização, em que os gigantes devoram tudo ao seu redor e aos anões, escravos de um modelo monolítico, cabe manter a engrenagem funcionando dia e noite?
Observação 1: Vídeo acima, capturado do YouTube, da música cada vez mais atual A Canção do Senhor da Guerra, da banda Legião Urbana, que tinha como vocalista o inesquecível Renato Russo.
Observação 2: O texto acima é fragmento de um artigo de opinião, de minha autoria (2006), publicado em jornais aqui da região sul do RS - Brasil, referindo-se às guerras inglórias do Afeganistão e Iraque, mas que pode ser transosta ipsis litteris à Palestina (2009), e, em especial, ao conflito cruel e desumano na faixa de Gaza, na total desproporção entre o ataque de extremistas e a extrema violência da retaliação do Estado e Israel. Parafraseando Neil Armstrong, quando pisou na Lua: "Um pequeno conflito de proporções monumentais para o Senhor da Guerra, uma imensa e dolorosa vergonha para a Humanidade!"
1 Comments:
Passa lá no meu blog que tem prêmio para vc!
Vou ficar desconectada por 15 dias.
Beijinhos
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