sábado, fevereiro 14, 2009

Televisão e o comportamento espelhado


Quem acompanha este blog, que iniciou em junho de 2006, durante especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem (UFRGS-2006/2007), tem percebido que a linha do mesmo é refletir sobre o cotidiano escolar e social e a intercomunicação entre ambos, mediados pela tecnologia, a informática, a arte e a cultura. Afora isso, no meio dos post vou também fazendo meus devaneios póeticos. Às vezes, carrego numa pitada de provocação reflexiva e ironia literária, pois assim é meu estilo de ser e viver... Sim, pois nem todos são o que vivem, nem todos vivem o que são... Eu prefiro ser o que vivo... E quando a provocação é construtiva, promove-se o debate... Quando o debate é provocativo, constrói-se pontes, abre-se portas ao diálogo consigo mesmo e com o próximo, ainda que o próximo na internet seja um termo ambíguo (e por que não, umbigo? Já que muitos vivem conectados ao ciberespaço como se tivessem um cordão umbilical, claro, com cabo USB, só que a maioria a quilômetros de distância e ao mesmo tempo parecendo tão próximos)... Proximidade e distanciamento, em termos de mundo atual é algo muito relativo mesmo... Espelhar isso também é uma forma de reflexão em duplo sentido.
No caso desta postagem, vem de encontro aos primeiros passos desse blog, em que discuti, ainda no início da especialização, o papel da televisão como possível aliada do processo de ensino-aprendizagem escolar. Durante certo tempo analisei o papel da TV em si e no ambiente educacional, e alguns dos textos publicados aqui, também foram reproduzidos em jornais da região. Na postagem chamada EDUCAÇÃO TELEVISIVA estão a maioria desses post's.
Paralelo a isso, criei uma série de seis artigos, chamado A vida intertextual, que analisado essa comunicação entre meios diversos, como Games; Literatura; Cinema; Teatro; Internet e a própria Televisão.
Considerando intertextualidade, em sentido amplo, como uma comunicação, um diálogo entre diversas formas de expressão, e não apenas entre textos impressos, pode-se considerar que tudo é intertextual, quando ocorre esse diálogo. Nem sempre a intertextualidade é positiva. Depende do discurso, e todo discurso tem um objetivo: filosófico, pedagógico, ético, político, demagógico, etc. Todo discurso é único ainda que pretendendo ser universal...
Todo discurso é composto de ação e persuasão: a primeira, apresentando uma ideia, que é preenchida, moldada, manipulada pela segunda. Todo texto busca a persuasão do leitor para uma ideia ou objetivo, explícito ou implícito, de seu autor. Nem todo mundo fala sobre o que vivencia, e aí torna-se mera retórica. Eu procuro falar sobre o que sinto e vejo na prática, no cotidiano... Mesmo assim não é a expressão fiel da verdade, e sim a expressão fiel da minha verdade... cada um tem a sua, e a reunião de muitas verdades de várias pessoas chama-se senso comum. Hoje, o senso comum nem sempre condiz com a verdade. Contradição ou com tradição?
Em um mundo globalizado, no qual a televisão (e atualmente a internet) está incorporada ao cotidiano, nem que seja para apenas estar ligada no meio da sala falando às paredes, sempre se teve essa cisma de que a programação influenciava o comportamento das pessoas, principalmente os jovens.
As telenovelas são o exemplo clássico: anto influenciam beneficamente a sociedade, quando trazem em seu enredo o debate para temas relevantes, como a violência contra idosos, o problema das drogas, da violência contra a mulher, a questão da doação de órgãos, etc; como de forma subliminar, incentiva o consumismo, a alienação e o comportamento espelhado em estereótipos. As telenovelas de época são um oroduto bem acabado, mas as com temas contemporânos, via de regra, basta prestar a atenção, iniciam o primeiro capítulo, invariavelmente no exterior, tem o mocinho(a) que sofre a novela toda, o bandido(a) que se dá bem todo o tempo, menos no capítulo final, onde todos acabam vivendo "felizes pra sempre"...
Feito todo esse preâmbulo, falo enfim do comportamento espelhado, desenvolvido pelo uso contínuo diante da TV. Já abordei isso, referente mais ao futebol e a sociedade, no artigo de mesmo nome, publicado no Jornal do Norte, de São José do Norte-RS - Brasil, em 17/03/2006, que iniciava assim:

"Estudiosos falam que de tempos em tempos ocorre fenômeno, chamado comportamento espelhado, em que pessoas passam a reproduzir fatos, como num efeito dominó.
Exemplos existem em diversas áreas: mães jogam filhos recém-nascidos no lixo (e já perfazem quase 10 casos em um mês, após a veiculação do primeiro caso pela TV). A ciência comprova que em determinados casos a mulher, tomada por perturbação emocional (estado puerperal), rejeita o filho. Mas nem todos os casos podem ser atribuídos a este distúrbio, sem a devida investigação. As novelas produzem modismos e comportamentos espelhados: criam-se gírias, frases feitas, formas de vestir, cortes de cabelo, enfim, uma variedade de situações reproduzidas no dia-a-dia, enquanto o folhetim eletrônico estiver no ar. Na música, danças exóticas, tipo da garrafa, da galinha, etc., viram mania de Norte a Sul".


E a TV que é esse Grande Olho que todos veem, mas nem neles se veem, em muitas vezes torna-se espelho invertido da sociedade, que troca seus usos e costumes pelos espelhos da "modernidade" refletida na tela tremeluzente, que diz de forma subliminarmente: "Compre! faça isso! Faça aquilo! Diga isso! Imite aquele! seja o Outro e não você mesmo!" Torno a dizer que, salvo raros programas, a TV aberta se resume a um grande comercial com alguma programação em seu intervalo. Inversão? Parece.
Assim sendo, no final do ano passado, guardei uma notícia extraída de um jornal e os links de duas notícias extraídas da internet, falando de certa forma desse comportamento espelhado; a primeira, dados de uma, pesquisa; a outra, do ponto de vista científico, e por fim a opinião de figura pública, o presidente da República. Ambas, pensando em ilustrar esse tema, que é público e notório, o da erotização da programação da televisão e seus reflexos nas crianças e jovens. Leiam então os dois textos e façam a sua própria reflexão, entre pais e filhos, professores e alunos.

Tevê e (in)felicidade

"Pessoas infelizes passam 30% a mais do tempo em frente à TV aponta estudo da companhia européia Springer cience + Business Media. Ainda, de acordo com a pesquisa, a televisão está diretamente relacionada ao desepenho conjugal da população. Pessoas que se sentem insatisfeitas com o matrimônio ou o cônjuge dedicam 10% a mais do tempo à televisão em relação aos casais felizes.
Ou seja, quem sai, frequenta bares, pistas de dança, lugares de convivência ode se encontram pessoas de verdade e não virtuais, têm muito mais chance de estar e ser feliz."

Fonte: Diário Catarinense, 6ª-feira, 21/11/2008, p.43, coluna de Cacau Menezes.

Estudo vincula gravidez na adolescência a programa sexy de TV

Ter, 04 Nov - 14h10
CHICAGO (Reuters) - A exposição a determinadas formas de entretenimento é uma influência corruptora para as crianças e leva adolescentes que assistem a programas sensuais de TV a engravidar mais cedo e crianças que jogam videogames violentos a adotar comportamento agressivo, afirmaram pesquisadores na segunda-feira.
Pesquisadores do instituto de pesquisa RAND afirmaram que seu estudo de três anos de duração é o primeiro a confirmar um vínculo entre assistir programas de TV ousados e comportamento sexual de risco entre os adolescentes.
"Nossas constatações sugerem que a televisão pode desempenhar papel importante quanto à elevada incidência de gravidez entre adolescentes nos Estados Unidos", disse Anita Chandra, cientista do comportamento e diretora da pesquisa da RAND, uma organização sem fins lucrativos.
"Não estamos dizendo que estabelecemos um elo causal, mas afirmamos que esse é um fator que conseguimos vincular à gravidez na adolescência", ela afirmou em entrevista por telefone.
Os pesquisadores recrutaram adolescentes entre os 12 e os 17 anos e os entrevistaram três vezes entre 2001 e 2004, perguntando sobre o aquilo que assistiam na televisão, seus hábitos sexuais e gestação.
Em resultados aplicáveis a 718 adolescentes, a pesquisa registrou 91 casos de gravidez.
Os adolescentes que estavam entre os 10 por cento mais propensos a assistir programas de apelo sexual na TV corriam o dobro de risco de engravidar ou causar gravidez indesejada, ante os 10 por cento de pesquisados que menos assistiam a esses programas, de acordo com o estudo publicado pela revista Pediatrics.
O estudo se concentrou em 23 programas de TV aberta e a cabo populares entre os adolescentes, entre os quais comédias, dramas, reality shows e programas de animação. As comédias apresentavam o maior conteúdo sexual, e os reality shows o menor.
"O conteúdo de televisão a que acompanhamos raramente enfatiza os aspectos negativos do sexo, ou os riscos e responsabilidades que ele envolve", disse Chandra. "Assim, se os programas servem para transmitir alguma informação sobre sexo aos adolescentes, essa informação raramente se refere ao risco de gravidez ou de doenças sexualmente transmitidas".

Lula culpa mídia por parte dos crimes contra jovens

http://br.noticias.yahoo.com/s/26112008/25/manchetes-lula-culpa-midia-parte-dos.html

Qua, 26 Nov, 08h10
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou ontem parcialmente os meios de comunicação de massa pela ocorrência de crimes sexuais contra crianças e adolescentes durante o 3º Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, no Rio. Segundo ele, a mídia contribui com sua programação para a degradação da família com a divulgação sem limite de cenas de sexo e violência. Lula criticou a falta de programação cultural de qualidade dirigida aos públicos infantil e jovem na TV.
De acordo com o presidente, o crescimento do número de menores submetidos a ataques sexuais não é causado apenas pela pobreza que, admitiu, muitas vezes leva a criança a "vender seus corpos por um prato de comida". "Um outro ingrediente, além do econômico, é o processo de degradação a que está submetida a humanidade, a partir da família, pela qualidade das informações que recebemos pelos meios de comunicações 24 horas por dia", afirmou o presidente.
"Na hora em que a família entra num processo de degradação que passa pelo econômico, passa pelo social mas passa pelo que ela vê na televisão 24 horas por dia. Quem tem televisão a cabo, sabe do que falo. É sexo e violência de manhã, de tarde e de noite. Quantos programas culturais temos nas televisões para que as crianças possam ver às 7h, às 10h, ao meio-dia, 14h, 18h?" Projeto de lei que torna mais clara a legislação contra material pornográfico contra crianças e adolescentes foi sancionado por Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço abaixo
http://oceanonegro.blogspot.com/2009/01/quebre-o-espelhoquebre-o-espelho.html