quinta-feira, julho 24, 2008

A vida intertextual: televisão e cotidiano

Mais uma postagem da série "A vida intertextual" (que tratei de Cinema, Literatura e Teatro), dessa feita abordando a Televisão e o Cotidiano.
Fato acontecido recentemente com o ator Jackson Antunes, vilão da telenovela A Favorita, da Rede Globo, reacende a questão da intertextualidade e emotividade entre a novela e o cotidiano. Muitos leitores e/ou telespectadores confudem realidade com ficção, tomando a segunda pela primeira. Jackson, que interpreta uma personagem violenta, foi agredido na rua por um cidadão que misturou as estações...
Segundo a matéria (link abaixo), do site Famosidades, Jackson, em entrevista ao jornal carioca "O Dia", comentou que: "O homem parecia revoltado com outras coisas. Começou falando de Celso Pitta, do banqueiro Daniel Dantas e acho que quando me viu e aproveitou para se vingar das loucuras que o Leonardo comete".
Na terça-feira (22/07), o programa Casseta & Planeta Urgente!, humorístico também da Rede Globo, em seu tom escrachado de sempre faz uma engraçadíssima "pegadinha" com os colegas do ator Daniel Dantas, vilão da novela Ciranda de Pedra, das 18horas, e homônimo do banqueiro que é "protagonista" da Operação Satyagraha, da Polícia Federal. Por sinal, esse episódio recente da vida nacional, traz componentes trágicos de um imenso Teatro do Absurdo (para nenhum Eugène Ionesco, ou Qorpo Santo pôr defeito), com disputas entre os três poderes da República. E o mais estranho em tudo é que nenhuma CPI, em ano eleitoral, foi ainda determinada para investigar as supostas vinculações com os bastidores do poder, no tempo e no espaço. Satyagraha poderia ser o nome da próxima novela das Oito, que inicia às 21 horas, e que por causa de seu horário, delimita que os jogos televisionados sejam quase às 22 horas. Hoje, saber o que é trágico ou cômico, ou o que é fictício e real nos discursos advogatícios ou no dos políticos é tarefa hérculea, pois envolve além de arte e cultura, literatura e teatro, também política, justiça, e todas as formas de escrita possíveis e inimagináveis. A intertextualidade entre a realidade e a ficção (entre a vida e a televisão) são públicas e notórias, basta assistir ao telejornal e depois à telenovela. O grande problema é que na ficção todos pagam por seus pecados, mas no mundo real a ficção dos processos e CPIs nos fazem crer justamente no oposto. E que o crime compensa, a partir da quantia retirada dos cofres públicos. Se forem migalhas, o calabouço medieval está repleto, se forem milhões, o paraíso terreno é o destino. Entre o céu e o inferno de Dante, fica "...tudo como dantes no quartel de Abrantes".
Quisera eu poder ainda ver em vida, a intertextualidade da ficção contaminar a realidade, e não justamente o contrário...
Para saber mais do incidente envolvendo o ator Jackson Antunes e sua "intertextualidade" com a vida mundana, basta clicar no link abaixo:

Telespectadores levam casos de novelas para a vida real

Observação: Imagem acima, extraída da internet, do seguinte endereço http://niilismo.net/galeria/