A vida intertextual: esporte e educação
Público e notório, como naquela citação latina, que "mente sã em corpo são". E nada mais que um corpo são, em tese, que de um atleta, salvo se pego em algum exame antidoping.
Que lições olímpicas, pós-campanha brasileira em Pequim 2008, podemos legar aos jovens estudantes, desportistas ou não?
Muitos recursos foram dispendidos, mas até prova em contrário (e prestações de contas apresentadas) parece que ainda perdura certo amadorismo de alguns atletas e dirigentes. Dos atletas, de competiram quase sem incentivos, dos dirigentes que tendo muitos recursos financeiros à disposição gastaram mais e pelo jeito mal. É a famosa má redistribuição de renda do país. As leis de incentivo à cultura e ao esporte são usadas por grandes conglomerados, mais com o objetivo de conseguir incentivos fiscais e grandes inseções do que patrocinador quem de fato precisa. Se não fosse assim, tantos esportistas, pós-jogos olímpicos de Beijing não teriam reclamado da falta de apoio.
O judoca Eduardo, sem recursos para mudar de faixa no judô; a maratonista que precisou usar o uniforme de Franck Caldeira para competir 42 km; o medalhista Cielo, que, segundo soube, quando foi estudar e treinar nos EUA perdera o patrocínio de uma estatal; a equipe de futebol feminino, sempre reunida às vésperas das competições sem a décima parte do apoio da seleção masculina, e que sempre acaba em melhor colocação, são casos vivos do verdadeiro espírito olímpico e do amadorismo dos dirigentes e do amor ao esporte dos atletas, superando limites e limitações... Quando Gustavo Kürten venceu em Roland Garos, uma geração de tenistas surgiu; quando Ayrton Senna triunfava nas pistas, outra série de pilotos se formava em sua trilha; quando Gustavo Borges nadava, muitos, como Cielo, se espelharam em sua conduta e exemplo. Mas pouco se investe nesse filão, até por que seja qual for o esporte, requer recursos financeiros. Lembrem-se que Cafu tentou em 5 clubes, nas chamadas "peneiras" atrás de jovens talentos, até que o São Paulo F.C. deu a ele alimentação e hospedagem, pois o premiado atleta, quando garoto, mal tinha dinheiro para pagar a passagem de ônibus de casa ao clube, e vice-versa.
Sou um defensor do esporte nas escolas, pois além de prática saudável, retira dos jovens outros apelos antidesportivos como o uso de drogas.
Realmente, mente são em corpo são. Apesar de que, o esporte de ponta também produz seus atletas fabricados em laboratório, que não resistem ao exame de contraprova.
Infelizmente, quando não se investe convenientemente em educação e esporte, acaba-se, como já dito por outros, investindo em presídios, o que é lamentável. Recursos existem, mas nem sempre, embora disponibilizados em boa dose, utilizados de forma satisfatória...
Entretanto, parece que alguns cismam de ter o "complexo de Poliana" e de não ver as coisas como de fato são. De narradores esportivos a dirigentes olímpicos há um discurso ufanista e justificatório que não coaduna com os dados estatísticos, que decorrem das ciências exatas, e contra os quais não há como especular. Falar que esta participação foi a melhor de todos os tempos, detendo-se apenas sobre dados quantitativos (maior delegação, maior quantidade de modalidades disputadas, etc) é não reconhecer que em termos qualitativos nossa campanha deixou a desejar. Embora em número total de medalhas conseguimos a mesma marca de Atenas, segundo os próprios dados estatísticos, foram menos medalhas de ouro, apesar de ter aumentado os recursos e patrocínios. O que houve? Que estratégia foi usada?
Notícias, como os links abaixo, demonstram que não faltaram recursos e sim o uso mais eficiente deles:
Olimpíada de conquistas inéditas e decepções
http://www.humorbabaca.com/fotos/esportes/salto-em-altura
Observação 2: Curiosamente, a referida imagem ilustra os extremos da realidade discutida, pois, como dito acima: quando não se investe em educação e esporte, acaba-se precisando investir tardiamente na criação de presídios...
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