sexta-feira, março 06, 2009

Nem tudo o que parece é...


Ao consultar minhas mensagens de correio eletrônico, deparei-me com uma curiosa notícia sobre cientistas que publicaram um estudo chamado "Músicas que te fazem ficar estúpido"; enquanto que outro grupo de cientistas divulgou também a lista de "Livros que te fazem ficar estúpido". Veja a íntegra da notícia no link abaixo:

Olhômetro: a relação entre mau gosto e burrice

Apesar do tom irônico e engraçado da matéria, é um tema polêmico por si só.
Penso que cada época tem a sua noção de o que é bom gosto e o que é brega, e esse conceito é flutuante, dependendo muito de quem determina esse padrão, pois assim como a moda (vestuário) vem e volta, e o que era "cafona" agora é chique, assim são os demais gostos, sejam musicais, literários e tudo mais...
Os óculos imensos, que nos anos 1970, 80 eram moda e que eu e meus irmãos apelidávamos de "cafonóculos", hoje são usados por 9 entre 10 pops stars, do rock ao cinema, do futebol ao trivial. E assim como esse, outros acessórios e itens vindos direto do "túnel do tempo", vira e mexe se incorporam ao cotidiano, de forma clara e noutras dissimulada, reciclada, dado o devido "verniz" de modernidade por quem detém e uso o poder de sugestão sobre o público consumidor...
Eu mesmo já fiz duras críticas a certo tipo de música e letras, mas não vinculando a suposta burrice de quem ouve. Muito pelo contrário. Sou eclético, meu mp3 tem de rock balada a rock "pauleira", de forró a vanera (música gaúcha), de música clássica a árias, de pagode a música caipira, desde que tenha ritmo, harmonia e letra interessante. O que sou contra é a essa massificação, feita por rádios e tevês, que monopolizam o gosto de quem não tem acesso a outra forma de consumo, e por isso mesmo só podem ter um tipo de gosto musical em seu celular, mp3, etc.
Um gosto que é rotativo, conforme a "roda do consumo" se movimenta, nem sempre por conta de interesses públicos e notórios... De tempos em tempos, um estilo musical se sobressai e só ele que é ouvido em todos os canais... (Durma-se com um barulho desses! Ainda mais se for naqueles carrões com suas caixas de som imensas!)
Culpar alguém por não ter opção é não conhecer o contexto social a que estamos circunscritos. Nem as estratégias de marketing que gravadoras, rádios, programadores e outros estão envolvidos. Ninguém deve ser rotulado como "burro" ou "intelectual" por conta desses gostos, sejam duvidosos ou não. Até pelo fato de que gosto não se discute. Cada um tem seu estilo e se respeita,d esde que respeite também o gosto de quem está próximo e não exceda a volume do bom senso... Se quer ouvir música alta, ou coloque fones de ouvido, ou faça revistimento acústico nas parades de sua casa, para não romper os tímpanos alheios. E fica ou dito pelo não-dito, ou ouvido pelo não-ouvido de cada um...
Se pegarmos nosso acervo musical e mostrarmos aos nossos filhos, talvez eles nos considerem antiquados; assim como fazemos com nossos pais; que fizeram com seus pais e assim por diante. Da mesma forma que nossos filhos sofrerão com os seus no futuro.
Por isso, não devemos culpar o gosto adquirido por alguém sem outra opção que não a quase "lavagem cerebral" que algumas rádios e tevês fazem, mostrando apenas um tipo de música e programação. Somos em parte fruto do meio em que vivemos, sujeitos a criação de uma identidade natural ou artificial. Se diariamente as mesmas músicas são ouvidas de hora em hora, e não é oferecido ao público ouvinte e telespectador outras variantes, nenhuma outra variante surgirá... O improvável se torna impossível...
É o ciclo vicioso que já abordei tempos atrás, sob o enfoque teleisivo e a respectiva audiência. Falava de programas discutíveis e apelativos, que expõem não apenas o espectador mas o convidado a um uso abusivo da intimidade alheia, sempre com o objetivo de alcançar audiência e nem sempre promover o debate sério... Que é o suposto objetivo desses programas.
Naquele post, publicado neste blog, discuti sobre isso: Quem faz de fato a audiência? O interesse público? O meio de comunicação de massa? O patrocinador? O patrocinado? O convidado? O interesse privado?
Creio que é a soma de todos esses, mas com forte tendência ao sentido mercadológico do que pedagógico e social. Alguns dirão que TV e rádio são concessões que visam lucrar e não ONGs ou entidades sociais, que visam apenas o bem estar social. Sei muito bem disso, mas uma coisa é visar o lucro e a outra, forçar uma audiência para lucrar com as misérias humanas, sem dar o devido destaque, ou no mínimo o mesmo destaque dado ao lado escuro da Lua e da Rua... Não franquear o mesmo espaço para as coisas boas que existem mas ninguém quase vê na tevê ou ouve no rádio...
Será que a vida é só o que mostram as tristes notícias dos telejornais, pautados também pela audiência (que vincula cada ponto percentual a um maior custo para o intervalo comercial), pela linha editorial e pela ideologia da direção da emissora? Convenhamos... Nada é de graça na vida, exceto a chuva, mas até essa, quando vem em excesso, paga-se um preço alto por isso. É a síndrome do Pay-per-view (pague para ver)... Adquirem os diretos de exclusividade para restringir sua veiculação ao pagamento de uma valor X. É como criar uma praça de pedágio e não disponibilizar um caminho acessório e livre para a circulação...
Em função disso tudo, é que penso que não se deva rotular ninguém para o bem ou para o mal, apenas por conta de um quesito ou requisito, sem levar em conta primeiro a própria história e o interesse do avaliador/pesquisador, que impõe ou cria as próprias regras, a partir de sua visão de mundo, e que determina o que deve ser considerado bom ou ruim pelos demais...

Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço abaixo
http://hrdesertor.blogspot.com/2008/10/blog-post.html