Mundos paralelos: tecnologia e educação
O incrível vídeo acima, da banda Radiohead (uma de minhas preferidas), intitulado All I Need ("Tudo o que preciso", tradução minha do título da canção), e que baixei do YouTube, assisti pela primeira vez ontem (02/10), durante o ProEA-PRG (Programa de Educação Ambiental do Porto do Rio Grande), do qual sou cursista, juntamente com cerca de 30 professores da rede pública municipal e estadual da cidade do Rio Grande - RS - Brasil.
É um triste mas necessário videoclip que mostra a vida de duas crianças e seus mundos paralelos, tão opostos. Um vídeo para refletir sobre a vida e os dois mundos distantes que existem no planeta Terra: dos que consomem e dos que são consumidos... Todos nós, ao nascermos estamos sujeitos a viver em um desses mundos, dependendo do lar que nos acolha, do poder aquisitivo dos pais que nos geram ou nos criam... Podemos ser o menino loiro ou o oriental, dependendo da roleta-russa que é nascer no Terceiro Planeta deste sistema solar - uma pequena bola de gude azul no céu tão escuro...
A letra, a música e as imagens são fantásticas, para serem vistas e revistas. Penso, logo existo; penso logo insisto... Penso, logo resisto!
Hoje, existem dois mundos paralelos também no que tange a tecnologia: os que possuem condições de uso dos multimeios (computador e internet, principalmente) e os que são considerados "analfabetos digitais". Há ainda muitas pessoas, em analogia com o livro, que sabem ler mas não sabem interpretar um texto; ou sabem usar um computador e internet, mas não conseguem dar a eles um significado e uma significância educacional - inclusive muitos professores. Para isso, tentar mudar essa visão, é que existe a tecnologia educacional. Mostrar como "podemos humanizar a máquina e não robotizar as pessoas".
Durante quase 3 dias, por questões econômicas, cortei telefone, internet, TV a cabo e aderi a convergência tecnológica, optando pela assinatura das três num único serviço/pacote. Mas do corte à instalação, e pós-instalação a problemas técnicos no modem, fiquei sem fone e internet. E, como trabalho (no horário regular e fora dele, em casa) com tecnologia e uso a tecnologia no meu cotidiano também, seja como multiplicador em informática educativa (com especialização em tecnologia educacional), seja como escritor e poeta, através de blogs artísticos-culturais (que são uma catarse, terapia e forma de dar vazão a outros projetos, inclusive educacionais...), nesse contexto, ficar sem fone e internet me deu a sensação de estar literalmente ilhado. Tive que por duas vezes me deslocar de casa até a operadora para solicitar serviços, até pelo fato que meu celular estava sem créditos. Rigorosa contenção de despesas. Risos.
Enfim, diante desse panorama, percebi na pele, mais claramente ainda, a questão dos dois mundos que existem atualmente: o tecnológico e o sem a tecnologia. Hoje, o celular, a TV a cabo, internet se incorporaram na vida cotidiana de muitos, enquanto que para milhares e milhões de pessoas, isso é um mundo distante e desconhecido.
Celular, segundo notícias, são 4 bilhões de aparelhos no mundo, quase 1 por pessoa (e conseqüentemente, no mínimo 4 bilhões de baterias a serem descaratados no lixo, com suas sérias implicações ambientais). Mas, sabido também que dados estatísticos não refletem a realidade do mundo "real". Muitos têm nada, poucos têm muito. E os que têm algum, nem sempre usam o celular para se comunicar (objetivo que deveria se o principal), usando somente o equipamento para tirar fotos, ouvir música, mandar mensagens, etc.
Eu mesmo, uso o celular para ser localizado por amigos, familiares e colegas e mandar mensagens curtas, quando necessário. Ainda não entrei nessa onda consumista, tanto que meu aparelho, quando mostro, parece um "jurássico" para quem vê. As teclas já não funcionam bem, visual deteriorado, mesmo com pouco mais de 2 anos de uso. Mas para o que preciso, está ótimo. Descartável são os demais, o que vem de encontro a outro vídeo, chamado A História das Coisas, que fala justamente disso, que também assisti no ProEA-PRG, nesses dias que estive sumido da internet, em curso pelas manhãs e dando curso de Linux Educacional, pelas noites.
São também dois mundos paralelos: o de cursista (aluno) e o de multiplicador (professor). O que me faz ter sempre essa visão abrangente das coisas é justamente conviver periodicamente entre dois mundos, me colocando na posição do outro, para a partir dessas observações, trazer as visões de cada mundo para o seu paralelo, e isso me auxilia e muito na minha prática pedagógica e vida. Sou um eterno aprendiz. Quem dera todos os professores, vez em quando reciclassem não apenas o lixo, mas também algumas idéias e ideais descartados pela vida, procurando ser aluno novamente, e/ou colocar-se na posição de aluno, avaliando e se auto-avaliando inclusive. Eu faço isso, dia sim, dia também, e isso me ajuda e muito a superar desafios, obstáculos e estabelecer parcerias com professores e alunos: dois mundos paralelos que precisam se aproximar mais e mais sempre, pois ambos têm na escola a sua intersecção...
Observação 1: Link para o vídeo All I Need (Tudo o que preciso), da banda (larga? risos...) Radiohead, no YouTube, logo abaixo. Se eu fosse músico e criasse uma banda, seu nome seria ADSL, por motivos óbvios. Risos.
http://br.youtube.com/watch?v=cdrCalO5BDs
Observação 2: Tradução abaixo, da música All I Need
Tudo Que Necessito
Eu sou o ato seguinte
Esperando nas asas
Eu sou um animal
Prendido em seu carro quente
Eu sou todos os dias
Que você escolhe ignorar
Você é tudo que eu necessito
Você é tudo que eu necessito
Eu estou no meio de seu retrato
Deitado na grama
Eu sou uma mariposa
Quem quer apenas compartilhar de sua luz
Eu sou apenas um inseto
Tentando sair da noite
Eu só fico com você
Porque não há nenhuma outra
Você é tudo que eu necessito
Você é tudo que eu necessito
Eu estou no meio de seu retrato
Deitado na grama
Está tudo errado
Está tudo certo
Está tudo errado
Fonte: http://www.lyricstime.com/radiohead-all-i-need-
tradu-o-lyrics.html
3 Comments:
Olá Amigo Zé
Desculpe pela falta de tempo em visitar os blogs dos amigos, em particular o seu.
Que clipe legal, que gancho maravilhoso para se trabalhar. Se o amigo me permitir gostaria de cita-lo lá no Caldeirão de Idéias.
Alias outra coisa que temos em comum: o Radiohead.
Abraços
Oi, Robson, sempre fique a vontade pra citar o que achar conveniente do LV em teu blog. É um priilégio poder compartilhar informações contigo, numa via de duas mãos, pois hoje eu me referencio muito em teu trabalho. E a Licença Creative Commons que me indicasses permite esse uso referenciado. Li ontem teus últimos post, trazendo muita informação. Sempre indico o teu blog e de outros colegas para pessoas (amigos, colegas, e visitantes). Indiquei o Caldeirão para um colega de Tocantins, que está fazendo mestrado em tecnologia da informação. Depois te repasso maiores detalhes. Um abração e pena que teu Fogão e meu Colorado perderam nessa rodada. Bah, ficou mais complicado, mas futebol é uma gangorra mesmo. Bom, domingão. Do amigo, Zé.
Zé, lendo você falando sobre consumismo me lembrei de uma coisa que fiquei apavorada um dia desses. Resolvi dar um celular de presente. Na loja a moça me perguntou: " A senhora quer celular com câmera, com isso, com aquilo...respondi: "Moça, quero um celular que fale, ponto. Sabe o que ela respondeu? 'Ah! celular que só fala nós não temos mais" Fico preocupada as vezes com isso? Onde vamos parar? Até onde as pessoas vão suportar essa onda consumista?
Muito importante essa sua reflexão, precisa chegar até os jovens e adolescentes que não conseguem sobreviver aos apelos da mídia e acabam cedendo.
Abraços amigo, boa semana pra ti.
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