sábado, setembro 13, 2008

Entre as TICs e os tacs



Depois de quase uma semana fora, participando da etapa de formação regional do Proinfo Integrado/MEC, juntamente com cerca de 300 educadores dos três estados do Sul do Brasil, não sei se conseguirei colocar em dia o sono que já estava atrasado antes da viagem e veio mais atrasado ainda neste retorno. Risos.
Mas, entre TICs - as Tecnologias da Informação e da Comunicação, da qual sou especialista - e os tacs do relógio, que nos fazem pensar sobre a relatividade do tempo, há muita coisa a ser feita, avaliada, discutida e planejada com minhas colegas do NTE Rio Grande/18ª CRE Dulcinéa Castro (que foi comigo à Florianópolis) e Janaina Martins (que participou comigo da etapa de Brasília).
Além do pessoal do MEC, Demerval Bruzzi, Simone Medeiros, Angela, Stella e outros já conhecidos nossos noutros eventos, foi muito interessante conhecer o trabalho e as propostas do prof. Alberto Tornaghi (que tem a cara e a voz de seu irmão, o ator Eduardo).
Alberto é daqueles educadores que chamo de multifuncionais - e que me inspiram a ser também, de certa forma multifuncional -, e que inserem em seu fazer pedagógico a arte, a cultura, além da tecnologia. Se o aluno já é multifuncional, dominando diversos equipamentos, de forma simultânea (celular, MP3, DVD, TV, rádio, microcomputador, pendrive, câmera digital, internet, etc. etc. etc.), cabe ao professor procurar se integrar a essa realidade local e universal, participando do processo de inclusão tecnológica.
Como também sempre digo a colegas e amigos: para mim, toda a inclusão, seja de pessoas portadoras de necessidades especiais, como de equipamentos e tecnologias novas, requerem uma reavaliação e readaptação do currículo escolar para que esse processo seja efetivo e inclusivo, de fato e de direito. De nada adiantará a distribuição de equipamentos, sem a formação de professores para ensinarem a outros professores como lidar com esses recursos, que são ferramentas (meio) para atingir a finalidade maior, que é a qualificação do processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas brasileiras.
Tornaghi, brindou-nos com uma palestra esclarecedora, que vai também de encontro ao que seguidamente comento como projetos de trabalho que são extensões do projeto maior, que é de Vida (com letra maiúscula sim). Ele, prof. de Física, que não gostava muito de escrever, acabou se tornando também poeta e músico, por conta desses algoritmos, logaritmos, bioritmos do Sr. Destino. É o que chamo de Quarteto Fantástico: Educação, tecnologia, Arte e Cultura.
Parafraseando os versos de uma imortal canção brasileira, "você me ensina a fazer rede que eu te ensino a te conectar", lógicamente uma versão em tempos de rede wireless, claro, que bem poderia remeter ao processo de ensino-aprendizagem em vigor, em pleno século XXI, que dá razão a Paulo Freire, entre outros, quando disse que "ninguém se educa sozinho" - e isso que ele nem falava de EAD, e ainda que tivesse essa intenção, a própria EAD requer a importante presença, ainda que distante fisicamente, do professor tutor, como mediador de ensino a distância...
Apenas a título de ilustração: Quando dei atendimento a Hélio, que é cego, só consegui configurar a rede em dosvox (programa desenvolvido para UFRJ para acessibilidade de deficientes visuais ao uso da informática) para que ele pudesse consultar seus emails, por conta de um amigo seu, também cego, chamado Deivisson (se não me falha memória, residente em Marília-SP), através de fone e o tão criticado MSN. Deivisson, que um dia a passeio em Rio Grande, contou-me que quando foi fazer o curso de técnico em informática seu professor manifestou inicialmente certo receio, afinal não ver componentes pode parecer algo difícil para um deficiente visual (isso do ponto de vista de quem não interage com um). Mas por conta da dedicação e interesse de Deivisson, seu professor, do meio para o final do curso perguntava com outra ênfase se ele viria na próxima aula, já que tinha no aluno um bom monitor. São pequenas (para uns, enormes para outros) lições de vida que se tem a cada dia. Tô sempre aprendendo, mais do que ensinando...
Eu próprio, quando iniciei o Projeto de Informática na Educação especial, integrando surdos, deficientes mentais e altas habilidades, só pude integrar alunos cegos, graças ao auxílio da aluna Luize Dorneles, cega, que me ensinou a usar o DosVox. Fui seu aplicado aluno, e ainda tenho muito o que aprender...
Paulo Freire disse: “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo; os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Hoje o mundo é mediatizado pelas Mídias, e as Mídias na Educação precisam ser mediatizadas tanto por alunos como por professores, em comunhão. Alunos que conhecem por demais os multimeios - e até melhor que os professores, sejam eles, inclusive especialistas em tecnologia educacional, como é o meu caso -, mas que, como alunos, não têm o conhecimento de vida, mundo e educação, onde cada professor poderá ser o grande mediador de um grupo que aprenderá, mas também ensinará a fazer rede, seja ela de fio ou linha cearense, ou sem fio (wireless). Sempre é bom lembrar que educação é (ou deveria ser!) um ato de comunicação, de diálogo, de trocas, e não um monólogo... O princípio de Magister Dixt (o mestre disse, o mestre tem sempre razão) precisa de uma upgrade, de uma nova leitura de mundo. O professor do terceiro milênio precisa ser meio que arte-educador também, para automotivar-se e motivar sua turma, seus colegas, a escola, a própria comunidade, com uma prática que una essas 4 áreas que se comunicam sempre: educação, tecnologia, arte e cultura...
Bom, como em Floripa choveu dia sim, dia também, enquanto estivemos reunidos lá, no encontro de formação regional do Proinfo Integrado/MEC (Tecnologias na educação: ensinando e aprendendo com as TICs), aproveitei o intervalo de almoço de um dos dias para conhecer com algumas colegas, de guarda-chuva em punho, o Mercado Municipal (foto acima), a Casa do Artesanato, o Encontro de Nações e os arredores.
Foi uma grande oportunidade de reencontrar e/ou conhecer colegas gaúchos, além de conhecer colegas catarinenses e paranaenses, para trocar pelos emails, blogs, wikis, MSNs, orkuts da vida as experiências tecno-educativas. Para mim, a EAD acontece tanto quando sou educador, como quando estou cursista. O importante na vida não é estar algo, mas acima de tudo ser alguém, não apenas para si mesmo, mas essencialmente para os outros. Que seu fazer pedagógico, artístico e cultural tenha sentido e significado não apenas para o seu eu-lírico, mas para aqueles que compartilham conosco essa incrível viagem em torno de sonhos que se tornam realidades, a distância ou não.
Observação 1: Imagem 1, do grupo 1, na Oficina 1, do encontro Proinfo Integrado/MEC, que reuniu educadores de RS, SC e PR para sistematizar o tema Tecnologia na sociedade, na vida e na escola; Imagem 2 e 3, do Mercado Público de Florianópolis - SC - Brasil.
Observação 2: Como este blog trata, além de tecnologia e educação, de arte e cultura, noutra oportunidade voltarei a este tema, colocando alguns poemas que Alberto Tornaghi leu para nós, alguns de terceiros, outros seus.

2 Comments:

Blogger Teresinha Bernardete Motter said...

Zé , tu estás chiquérrimo. Vim te dizer para entrar no meu blog e ver o desenho que o Maicon Júlio fez de mim.
bjs
Berna

23:11  
Blogger Elis Zampieri said...

Grande Zé! ( Foi fácil te achar na foto amigo! rsrsrs) Grande no sentido literal, mas maior ainda pelas idéias!
Abraços!

13:15  

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