quinta-feira, junho 05, 2008

O algoritmo da sociedade


Uma notícia publicada no portal Yahoo! Brasil, merece um comentário, pois tem a ver indiretamente com o que já tinha comentado de forma transversal em "A vida intertextual", aqui mesmo neste blog, inspirado na assertiva de Marcel Proust, para quem existem tipos humanos de reduzida diversidade, tanto que é possível que nos deparemos ao ler um livro com o reconhecimento da personagem em um vizinho, ou que um amigo, colega, parente, desafeto se pareça nitidamente com alguma personagem literária. A vida é intertextual mesmo. E a tal notícia, intitulada Estudo confirma que capacidade de movimentação do homem é restrita é uma pequena amostra disso. Vale a pena ler a íntegra, clicando no link. Fragmento da notícia demonstra que: "Pesquisadores da Northeastern University de Boston (Estados Unidos) confirmaram o que muitas pessoas já suspeitavam: o ser humano é um animal com restrição de movimentação, já que se limita a ir e vir de um número reduzido de lugares.O estudo, publicado no último número da revista científica britânica 'Nature', registrou durante seis meses as movimentações de 100 mil pessoas através do rastro que deixavam pelos sinais emitidos por seus telefones celulares quando se comunicavam".
Conheço pessoas que se restringem a mesma rotina, dia útil ou não, com precisão de relógio suíço. Repetem-se á exaustão. Mesmo caminho a seguir, da casa para o trabalho, mesmo programa de fim-de-semana, mesmos programas de TV a assistir, mesma forma de puxar assunto (falando sobre o tempo, se vai chover ou ventar), cada qual com horário pré-determinado pra almoçar, jantar, dormir, acordar, etc... Têm alguns que até brinco que poderia acertar o relógio de corda por seu "algoritmo", se hoje não vivêssemos tanto presos a rotina do mundo digital... E quando alguém ameaça a rotina de um "ecosssistema", às vezes, é visto como um estranho no ninho, um estrangeiro numa terra distante. Somos comuns ou diferenciados pelo sotaque, não da voz, mas de nossas ações e opiniões... É incrível como percebo, por ser escritor e escrever seguidamente para jornais artigos de opinião, de forma crítica, como os olhares de concordância ou discordância com o texto publicado mudam. Não sou paranóico, sei quando as pessoas mudam. Até pelo fato, seguindo a máxima do Barão de Itararé, público e notório humorista: "Só por que você é paranóico, isso não significa que você não está sendo seguido". Risos. E quando escrevo poemas, e sou reconhecido na rua, já que a página do jornal traz a foto dos integrantes da Academia Rio-Grandina de Letras (da qual ocupo a cadeira nº 6) ao lado do texto poético, alguns podem confundir o chamado eu lírico (a personalidade poética que só existe enquanto escrita, o ser de papel) com o eu mesmo (o ser de carne e osso). Nem todo poeta é um autobiógrafo que traduz em verso sua vida, nem todo escritor ficcionaliza sua existência... Mas parte da inspiração é fruto de seu cotidiano, obviamente. Porém, para isso existe a licença poética, da gente dizer e criar um mundo a partir de nosso devaneio, tido de olhos bem abertos. O algoritmo da sociedade é o reflexo de seus habitantes e da forma como vivem e convivem em torno de um mundo só seu. Em um dia de chuva observem atentamente os pingos nas poças d'água, que parecem seguir um algoritmo de um imenso sistema operacional. Bendito o Grande Programador, que calculou tudo na natureza num algoritmo perfeito, em que as órbitas dos planetas e os ciclos dos seres vivos têm um ritmo universal. Noutra postagem comentarei as relações que tenho percebido, lido e conversado com amigos, sejam programadores, técnicos em informática ou poetas, entre a tecnologia e a teologia, por mais incrível e paradoxal que possa parecer tal associação.
Observação: Imagem acima, de René Magritte, pintor belga, mestre do surrealismo, extraída da internet, do endereço
http://atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/golconde-
ReneMagritte-thumb.jpg

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi Roig,

está muito bem colocada a idéia no teu post. Com relação ao eu-lírico a única coisa que posso dizer (e isso talvez vá me colocar em apuros) é que não consigo disassociar os meus escritos daquilo que sou, sinto e vivencio. Balela de quem diz que o que o autor escreve não tem necessariamente a ver com ele.

Acrescentei teu blog aos meus favoritos.

23:18  
Blogger José Antonio Klaes Roig said...

Oi, Alison. Grato pelo comentário. Pois é, somos sers intertextuais entre o que vivemos e escrevemos. Só não podemos ser lidos ao pé-da-letra em tudo que escrevemos. Mas com certeza o componente autobiográfico está presente em quase tudo que é escrito. Mas que não deve ser tomada literalmente como sendo cópia exata da nossa vida. Não é possível pensar um livro de ficção totalmente decomprometido da realidade que circunda seu autor. Ai serei inverossível. Até mesmo a mais tresloucada das ficções, tem no fundo um componente da realidade em sua concepção. Grato, mais uma vez pelo comentário, e por favoritar mesmo blogs. Apareça sempre. E se tiver um blog, mande o endereço. Um abraço, Zé.

08:59  
Anonymous Anônimo said...

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