quarta-feira, maio 14, 2008

O paradoxo tecnológico e o comportamento espelhado


A tecnologia, quando bem planejada e executada, tem proporcionado novas possibilidades do fazer pedagógico tornar-se atrativo para uma geração que parece entediada com tudo que não seja expresso em bits, bytes, MB, KB, GB... Porém, a banalização da tecnologia ou o simples fraqueamento do laboratório de informática sem um contexto educacional, é ao meu ver mais um grande dilema ao educador que não domina, mesmo que a nível básico, a informática e suas possibilidades.
Tenho assistido a palestras (ou tomado conhecimento através de amigos e colegas) sobre o fenômeno da moda do chamado Professor(a) PowerPoint ou Professor(a) Datashow, que não usa mais o quadro negro, giz e apagador, dependente demais da tecnologia. Se faltar energia elétrica no dia da apresentação, quero ver só... Evidentemente que uma apresentação de slides e um datashow, se bem utilizados, pode causar uma boa impressão. Mas a simples leitura de slides atrás de slides, e o desconhecimento do uso de PC e projetor multimídia, dependendo de um "piloto" pra inserir o CD, até a simples troca de slides, causa-me, sinceramente, um desconforto. Afinal, se o autor da palestra não sabe manipular o teclado de um PC pra trocar os slides, terá feito a referida apresentação? Parece paradoxal! Mais: parece-me que atualmente, não é apenas aquelas numerosas correntes que circulam pelo ciberespaço. Apresentações de slides repassadas ad infinitum acabam sendo utilizadas por educadores, às vezes, até fora do devido contexto. Ah, parece bonitinha a mensagem, e lá vão em frente, pra abertura de uma palestra, seminário, reunião com pais, etc. Convenhamos: para quem, como eu, que discute a questão autoral e a produção de conteúdo pedagógico, na própria escola, ver reproduções de conteúdos de terceiros, fora da realidade a ser discutida, PC e datashow, sem um conteúdo de fato reflexivo, parece-me banalizar o que pode ser relevante. É um comportamento espelhado...
A tecnologia tem-me proporcionado possibilidades diversas. De conversar a distância, via e-mail, MSN, orkut e outros recursos com colegas, distantes do ponto de vista físico, estabelecendo troca de idéias e parcerias; e também com alunos e amigos cegos e surdos tenho podido conversar on line (MSN, orkut, e-mail, etc.). Através deste blog tenho feito amizade com pessoas que em situação sem o envolvimento da tecnologia seria impensável. A tecnologia - e a informátiva em especial - é acusada por alguns pais e/ou responsáveis de fazer o aluno/filho ficar absorto defronte um monitor de TV, de computador por horas a fio... Mas essa, digamos, concentração e fidelidade, poderia ser canalizada pra atividades escolares e extra-classe, com ou sem o uso da tecnologia. Falta o intercâmbio entre a família e a escola. A família vive um processo de desestruturação. Nele a tecnologia, como a televisão, é considerada a grande vilã. Evidentemente, sem entrar neste momento nem nesta postagem no mérito, cabe salientar que o jovem é o reflexo da família e da escola. Seus heróis (lideranças positivas) e vilãos (exemplos negativos) podem ser tanto os pais como os professores. Há que se discutir o pacto educacional, refletindo sobre o verdadeiro papel de cada um nessa questão: pais - professores - alunos - comunidade.
Sempre gosto de frisar que, para mim, a escola é o reflexo da sociedade, e não o contrário. Aproveitando a oportunidade, publico abaixo alguns versos atribuídos ao escritor uruguaio Eduardo Galeano, para ilustrar meu comentário:
Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos nos recordam.
Quando nos vemos, nós os vemos.
Quando nos vamos, eles se vão?
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Fonte: Fragmento extraído da internet, do endereço
http://www.cartamaior.com.br/templates/
postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=179
Extraído do Blog do Emir (Sader).
Observação: Imagem acima, extraída do endereço
http://www.jucinews.com/wp-content/uploads/2007/12/espelho.jpg