sexta-feira, janeiro 11, 2008

A vida imita a arte nos livros de Roberto Drummond


Imagem 1: Extraída da internet, do endereço
http://www.ibacbr.com.br, trata-se da capa do livro Sangue de Coca-Cola, de Roberto Drummond; capa de autoria do artista plástico Elifas Andreato, numa estilização do quadro Cristo Morto, de Andréa Montegna.


Imagem 2: Quadro Cristo Morto, de Andréa Montegna, extraída da internet, do endereço http://leiturapartilhada.blogspot.com.


Imagem 3: Foto tirada pelo exército boliviano, poucas horas após a morte do líder revolucionário Ernesto Che Guevara em meio à selva da Bolívia, em 9 de outubro de 1967.

Sobre os livros de Roberto Drummond

Deparei-me com a obra de Roberto Drummond, escritor mineiro, mais conhecido pelo sucesso de Hilda Furacão - que inclusive foi adaptado para a “telinha”, tornando-se uma minissérie de sucesso da Rede Globo -, quando estava no ensino médio e ainda engatinhava nos meus primeiros escritos e poemas; e, confesso, o impacto, junto com a obra de Moacyr Scliar, Caio Fernando Abreu, Ignácio de Loyola Brandão e Érico Veríssimo, em minha vida foi avassalador. Era daquele jeito que eu também queria poder, quiçá, um dia escrever.
A crônica Nós, O Pistoleiro, Não Devemos Ter Piedade, de Moacyr Scliar, foi também um tiro à queima-roupa. Dali em diante, passei a ser assíduo freqüentador da biblioteca da escola. Quando mais novo, sempre tive vontade de ler, desde os clássicos aos contemporâneos. Lia até receita de bula na falta de um livro por perto (risos). Na minha infância, devido a problemas familiares, sequer tinha míseros trocados para pagar a mensalidade da biblioteca. Fui me associar tarde, já aos 17 anos, justo quando me apaixonei de vez pela literatura. A importância de uma biblioteca pública para um jovem é incomensurável e essencial.
Incentivado por minha mãe (professora) desde a mais tenra idade, adquiri o hábito da leitura. Dona Hildette já tivera inclusive uma coluna de variedades no Folha do Norte, antigo jornal da cidade natal de meu pai (São José do Norte-RS-Brasil).
Voltando a obra de Roberto Drummond, na época (meados dos anos 80), a própria capa do livro de contos Quando Fui Morto em Cuba, me chamou a atenção, com uma bela mulher mascarada, tendo sua roupa parecendo uma laranja sendo descascada. Ao ler o livro, a surpresa foi maior. Logo passei a ser um rato de biblioteca à procura de mais obras daquele autor sensacional. Li também Sangue de Coca-Cola, novela no estilo realismo mágico, falando da ditadura militar, sob o prisma do fantástico e do extraordinário. A capa, pra variar, era o máximo da originalidade: parecia um quadro da Renascença, de um homem doente sobre uma cama, com um soro preso ao braço, e que, onde deveria ter o líquido, havia sim uma garrafa de sanguinolenta Coca-Cola.
Por fim, li a novela O Dia que Ernest Hemingway Morreu Crucificado, também uma viagem ao imaginário, mesclando personagens reais com fictícios, de uma forma que nunca tinha visto ou lido antes, o que me cativou, e me capturou para sempre na dimensão do Realismo Mágico e do Fantástico, já que admirava o trabalho de Moacyr Scliar também.
Observação 1: Texto acima, de minha autoria, publicado originalmente no jornal Letra Viva, nº 14, edição de julho/2005.
Observação 2: Curiosamente, ainda que as ideologias sofram seus baques e contradições, dois ícones continuam como símbolos máximos do capitalismo e do socialismo, respectivamente, a marca registrada da Coca-Cola, de um lado, e a efígie de Che Guevara, estampada nas camisetas da maioria dos jovens, como um contraponto. Um paradoxo, pois a maioria dos jovens que ama Che adora tomar Coca-Cola...