quarta-feira, agosto 29, 2007

Motivação e automotivação II


Quando falo em "olho clínico" do professor, remeto ao método clínico de Piaget, formulado lá pela segunda década do século passado, em que cabe ao educador fazer uma sondagem de sua turma, para avaliar as possibilidades de interação e atuação, antes da execução de um projeto de aprendizagem, sem interferir nem condicionar ações. Claro que o método clínico é mais abrangente que isso, mas é um indicativo ao professor que tenha tempo e uma turma não muito grande (coisa rara hoje em dia, nas duas opções!), para poder pensar práticas educativas, baseadas na mediação, motivação e automotivação. Eu mesmo e meu filho sintimos na pela o fato de termos estatura avantajada, e sermos cobrados durante a vida escolar, principalmente uma maturidade que o tamanho representa mas a mente não carrega. Meu filho Allan, com 2 anos e seis meses mede 1 metro de altura, mas é um bebê ainda; eu, com seis anos aparentava 10; com 14 anos, já tinha 1,84cm; aos 21, sorte, estacionei nos 1,91cm. Ora me beneficiava da altura, ora era prejudicado pela mesma.
Casualmente, ontem a tarde, no ônibus, conversando com as colegas de mestrado Carla e Fernanda, conversa vai, conversa vem, falamos justamente disso, num outro sentido. Fernanda dizia que, como professora, cobra demais da filha, adolescente. E ai, contei que quando participei de juri de concurso literário, um jovem seria desclassificado pois a banca considerava seu texto muito bom pra sua idade. Ai argumentei que quando estava no ensino médio, justamente num concurso assim, tive meu trabalha premiado em segundo lugar, e que anos depois, uma das professoras que foi jurada me confessou que a banca achara que meu trabalho era também considerada acima da média de minha idade. Certas avaliações, levam em conta justamente esses conceitos generalizados sobre as coisas e as pessoas. Um jovem que lê, como foi meu caso, desde menino, incentivado pela mãe, desenvolve um vocabulário e um raciocínio, fruto de suas leituras. Aquele que não tem esse hábito, evidentemente, terá outra postura. Agora "tabular" todos num mesmo critério, muitas vezes é padronizar os diferentes. Ninguém é igual a ninguém. Educação não pode ser classificatória e sim emancipatória e libertária. Mas, acima de tudo, motivadora e automotivadora.
Observação: Imagem acima, intitulada Olho do Brasil, extraída da página:
www.siferraz.blogger.com.br