Com... ciência tecnológica requer consciência pedagógica
Na educação não existe mágica e sim planejamento e execução de como passar o conteúdo programático pelo professor, através de metodologia, estrutura e didática adequadas, definindo objetivos gerais e específicos de cada disciplina. O aluno é ou deveria ser considerado o centro da escola e da educação...
Na educação, não existe (ou não deveria existir) a consciência tecnológica sem antes surgir a consciência pedagógica do uso da tecnologia no ambiente escolar. Ou seja, se o professor não planejar antes a atividade, não tiver um projeto com amparo teórico que sustente a sua prática, a tecnologia por si só será (praticamente) mais um complicador do que um facilitador... O jovem se dispersa se não há um fio condutor na atividade que lhe seja significativa. Há que, portanto, se delimitar antes e projetar depois a melhor forma de estebelecer uma comunicação entre a informação e o conhecimento no espaço informatizado.
Comparando a matemática com a informática, podemos dizer que as fórmulas matemáticas se comparam aos equipamentos tecnológicos, todavia a sua utilização adequada é que poderá gerar o conhecimento, pela manipulação eficiente dos dados que são processados pela memória para posteriormente gerarem uma resposta a uma indagação...
Mal comparando: é a luz no fim do túnel. Entretanto, o túnel é o próprio processo educacional que deve possibilitar a saída da escuridão (da desinformação) e a chegada à luz (do conhecimento)...
Na educação, a consciência do uso da ciência e da tecnologia de forma adequada, e não apenas por questões de modismo, deve ser estimulada pelo gestor, que deveria ser o primeiro a se integrar ao processo de inovação tecnológica e pedagógica; primeiro como cursista, depois como incentivador do corpo docente de seu estabelecimento de ensino, favorecendo os horários para que o colega possa se qualificar, dentro das possibilidades da escola, sem prejuízo do calendário escolar... O exemplo deve vir sempre de cima...
Digo isso, pois percebo que alguns usam o projetor multimídia (o famoso datashow) apenas para dar uma falsa modernidade à sua prática conservadora. Usam o equipamento para mostrar uma apresentação de slides de terceiro, como introdução, dinâmica de grupo, mas depois voltam a prática tradicional. Ao invés da folha mimeografada, da transparência no retroprojetor, agora muitos adotam uma apresentação de slides. E o curioso e paradoxal para quem espera ver algo inovador é que na maioria dos casos aparece apenas um show datado em um datashow... As mesmas frases feitas sem maior provocação ou reflexão sobre o contexto educacional...
O próprio video Metodologia e Tecnologia, que é uma bem humorada crítica ao uso banal da tecnologia no ambiente escolar, é reproduzido por muitos que não têm consciência de que são eles próprios o objeto da irônica crítica.
Pior é quando alguns que fogem de um microcomputador - como se estivessem diante de uma bomba-relógio prestes a explodir - acreditam que o computador, a informática e a internet resolvem tudo com um simples apertar de botões, de teclas, como num passe de mágica. Alguns chegam às pressas para pedir a um colega mais experiente algo para "ontem", como se a informática, que equivale a "informação + automática" fosse sinônimo de magia, de um piscar de olhos e tudo se resolverá... Dependendo da situação ou do recursos a ser utilizado, tudo poderá ser mais complexo que o meio convencional. Não importa o veículo e sim ea mensagem a ser passada.
A base da informática é mateMÁTICA e não a mateMÁGICA... No antigo teatro grego o deus ex machina era um recursos tecnológico da época para erguer os atores no palco para cenas de elevação espiritual, voos etc. No palco escolar há que se desmistificar o papel das TICs para aqueles que não querem usá-las por acreditarem piamente que é algo sobrenatural... É complexo? É! Viver também é muito mais complexo que usar um sistema operacional, pois requer que convivamos com pessoas com algoritmos diversos do nosso e nem por isso deixamos de conviver... Só aqueles com desvios em seus algoritmo é que saem por aí a querer "deletar" seus semelhantes.
A informática não faz mágicas, requer um conhecimento mínimo para a sua manipulação. Contudo, faz-se mais necessário ainda a plena consciência de qual significado terá aquela prática ao conteúdo a ser dado. Para usar algo de maneira superficial, melhor o método convencional mas bem elaborado... Conheço alguns educadores que conseguem até fazer mateMÁGICAS para e com seus alunos, usando ou não a tecnologia no ambiente escolar... Esses com certeza têm consciência do que são e do que fazem no ambiente escolar... Para essas pessoas a tecnologia é uma ferramenta de apoio, e como tal, precisa ser manipulada pelo usuário de forma consistente e consciente... Nem sempre "com ciência" pressupõe a consciência da metodologia e da didática a serem aplicadas em determinada ocasião.
A ideia deste post surgiu depois de assistir o vídeoclipe da banda Muse, intitulado Con-Science, um trocadilho com a palavra Science (ciência em inglês)... A partir daí, comecei a ter minha própria consciência a respeito da ciência e da tecnologia no ambiente educacional, juntando algumas impressões que eu já venho armazenando ou discutindo via blog, msn, orkut etc e também ao vivo com colegas e amigos...
Como especialista em tecnologias da informação e da comunicação na aprendizagem, cada vez que entro em blogs de amigos, colegas, leio novidades em curso ou em fase de implantação, chego a conclusão de que "eu sei que nada sei". Essa talvez seja a primeira fase que o educador deve ter (da consciência de suas limitações) caso pretenda usar às TICs, pois deverá ter isso em conta... De que precisa trocar informações que gerem conhecimento com outros colegas e até com os alunos, pois a cada dia outras parafernálias tecnológicas estão sendo inventadas ou em fase de elaboração... O aluno manipula bem os equipamentos, sem consciência de suas possibilidades além do trivial, do jogo, da brincadeira, do lazer...
Precisamos ter a consciência de que não dá pra querer dominar tudo, pois tudo está sempre em transformação, mas que se deve ter a sensibilidade (e consciência) do que melhor utilizar em sua prática escolar, não somente por ser novidade, e sim por ser significante para o educador e seus alunos dentro dos conteúdos e competencias daquela disciplina...
Alguns professores precisam deixar de ser ilhas isoladas e interagir como um arquipélago, conectando-se a outros colegas, dentro da escola e fora dela... As chamadas redes sociais e educacionais. Muitos estão tendo essa consciência. Sei que com a carga horária fechada, trabalhando muitas vezes em duas ou mais escolas, em dois ou mais turnos, com afazeres domésticos e familiares (se mulher, mãe, esposa...), há que se ter muita mais do que consciência. Requer tempo e espaço para estabelecer essas trocas. O gestor escolar e o público precisam ter a consciência de que o currículo escolar deve ser flexibilizado, que o diálogo deve ser incentivado, que é preciso criar um banco de dados de experiências existosas para estimular essas e novas práticas.
Sempre gosto de frisar que hoje tenho uma consciência do uso da informática e do uso dos multimeios, graças a essas trocas com colegas no mundo real e virtual. Que estou sempre aprendendo e que a atualização constante é uma necessidade.
Porém, mais do que se especializar em algo, há que o educador primeiro se conscientizar de que a ciência e a tecnologia no ambiente escolar é meio e não fim... É um meio de atingir uma finalidade. Que um laboratório de informática/sala de aula digital não mudará em nada a realidade de uma escola se ele não for utilizado de forma adequada, como centro de produção de conhecimento e não como reprodução de prática conservadoras travestidas de modernas por causa do ambiente em si. O educador precisa se conscientizar-se que nesse espaço diferenciado a aprendizagem ocorre igualmente de forma diferenciada, e que o professor deve mudar em parte a sua postura, permitindo que os alunos possam interagir não apenas com a máquina, mas com o próprio educador e com os colegas ao lado, levantando e sentando a todo instante, uns ajudando aos outros... Que o professor não precisa ser um tecnólogo, mas um mediador, orientando as atividades ou projetos sem a necessidade de tornar-se um expert. Que delegue aos alunos as tarefas de monitoria com os colegas.
Todos devem estar conectados a um mesmo objetivo: o processo de ensino-aprendizagem. Eis aí a rede lógica de uma lógica de ensino-aprendizagem em rede... Quando temos a consciência de nosso papel na sociedade o próprio ato de viver em rede fica melhor estruturado, do ponto de vista educacional, tecnológico e social...
Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço abaixo
http://www.neuronbrasil.com.br/news1/pg03.html
2 Comments:
Olá Querido Amigo
Que belo texto. Gostei muito e por isso já recomendei aos meus pares por aqui a leitura para que já na segunda reflitamos com o seu texto.
E exatamente isso precisamos rever vários conceitos e aplicações no ensino médio. Por isso sou defensor intransigente da reforma.
Ensinar o professorado "das antigas" a saltar de Bumping Jumping (pois vai ser assim que eles vão se sentir) vai ser difícil, mas que essa transformação vai gerar muita confusão e vai encontrar muita resistência, ah meus amigos não duvidem, mas na minha humilde opinião esse é o único caminho para a redenção do ensino médio.
Pois afinal o sistema educacional atual já deu o que tinha que dar.
Deu em Nada.
Abraços
Em tempo: Vou te recomendar dois vídeos muitos bons:
http://www.youtube.com/watch?v=e50YBu14j3U e se der veja esse também http://www.youtube.com/watch?v=HV29xUVqc6I
e
http://www.youtube.com/watch?v=mUZrrbgCdYc
Oi, Robson, adorei os vídeos e colocarei no blog Educa Tube, como tuas indicações. A questão da consciência em qualquer atividademseja tecnológica ou não, é essencial para que a atividade tenha sentido ao aluno e não apenas oa professor... Obrigado pelo comentário. Um abraço, amigo.
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