segunda-feira, outubro 06, 2008

Incompatibilidade, desconhecimento ou preconceito digital?


Noutro dia, comprei um jornal de grande circulação, pois me interessou a chamada na TV, sobre o caderno de tecnologia, em que trazia matéria sobre os crimes na internet e suas penalidades. Interessei-me, pela questão tecnológica e jurídica. Mas o que mais me provocou a curiosidade foi a própria chamada que dizia sobre o "Cuidado com o que você escreve na internet". Como sou escritor, no mundo real e digital, sempre é bom estar atualizado, até mesmo para repassar, através desse blog essas orientações. No geral, eram informações que eu já sabia, até pelo fato de que calúnia, injúria, difamação, ameaça, apologia do crime e racismo, entre outros crimes, já estão tipificados no Código Penal, independete do meio utilizado. O avanço é em tentar punir aqueles que se escondem no anonimato, criando perfis falsos no mundo digital, para ofender pessoas, ou se passar por outras e obter algum ganho ilícito. Tenho amigo que já sentiu na pele isso, tendo sido "roubado" seu perfil, e em seu nome contraído dívidas, ofendido amigos, etc.
Mas o que me causou estranhamento nesse caderno não foi os temas abordados, que são esclarecedores a todos os que usam a internet, não apenas como lazer, mas como trabalho. A estranheza deveu-se a pequena propaganda de um notebook de última geração (até daqui a seis meses já estar ultrapassado), em que mostrava aos clientes em potencial as maravilhas do equipamento: HD de 120 GB, peso reduzido (menos que 1kg), ótima memória, alta capacidade e velocidade, etc. Enfim, "um pequeno notável". Ou sonho de consumo de muitos, inclusive meu, que tento me policiar e não aderir a desse consumismo que tanto condeno na sociedade contemporânea, que está levando nossa civilização a exaurir os recursos naturais e a própria sustentabilidade enquanto ecossistema planetário. Mas um laptop ou notebook me auxiiariam e muito em minhas atividades e deslocamentos constantes. Quem sabe Papai Noel se lembre de mim! Risos.
Todavia, voltando à referida propaganda de jornal, um trecho dela deixou-me de certa forma preocupado, pois aparentemente trata-se de ou um equívoco ou um engano; ou um preconceito ou uma propaganda enganosa. Não pude precisar qual dessas facetas ela está mais vinculada. Vejam então o fragmento do texto, abaixo, e depois meu comentário:

"Outra grande vantagem está no sistema operacional original de fábrica: o Windows XP Home Edition. Este é o primeiro notebook com peso abaixo de 1kg e que já vem com Windows: todos os demais vêm com o impopular Linux, desconhecido e de difícil utilização, incompatível com a maioria dos programas, como Word Excel, Power Point e Internet Explorer".

Palavras-chave como "impopular", "desconhecido", "difícil" e "incompatível" para o Linux são relativas, dependendo do ponto de vista, nem tanto ideológico e mais mercadológico mesmo. Se poucos usam poucos dominam o recurso. Quanto a questão de ser impopular, difícil e desconhecido, ainda pode-se levar em conta, dependendo da distribuição Linux, pois existem diversas. E como o sistema operacional Windows está presente em mais de 80% das máquinas no mundo, tudo que é diverso, acaba não sendo bem assimilado.
Entretanto, eu, trabalhando com tecnologia educacional, e esse ano com a distribuição do MEC Linux Educacional, como o próprio nome demonstra - direcionado à educação -, tenho mostrado aos professores cursistas, de escolas que receberam laboratórios de informática com o referido sistema 2.0, que tudo é questão de assimilação e adaptação, pois ambos os sistemas são similares. Primos-irmãos, poderia-se dizer. E se de fato há alguma "incompatibilidade" é em relação ao Windows e não o Linux, pois este último reconhece o primeiro, enquanto o Windows é que teima em não aceitar ao Linux.
Como mostro aos meus cursistas, se ao usar o pacote BrOffice.org/Linux, equivalente ao Office/Windows, que tem o editor de textos Writter = Word; o software para planilhas de cálculo Calc = Excel e o para aprsentação de slides Impress = Power Point, basta usá-los livremente e ao salvá-los em ambiente Linux, nomeá-los normalmente e trocar o tipo de arquivo, salvando-o com extensão similar ao Windows para ser lido e estar compatível com qualquer sistema operacional.
Ou seja: texto em Writter com extensão .odt pode ser salvo como extensão .doc; planilha de cálculo com extensão .ods como .xls e slides ao invés de .opd como .ppt. feito essa "magia" ou simples troca de extensão ao salvar o arquivo com nome igual, mas tipo de arquivo com extensão semelhante ao windows a incompatibilidades do Windows em relação ao Linux (e nunca o contrário) estará sanada.
Não comentar isso e alegar incompatibilidade como se o Linux é que fosse o vilão da história - se é que há algum vilão nessa história -, parece preconceito, desconhecimento de causa ou, por engano, parecer propaganda enganosa. Mas não posso afirmar, quanto ao comercial em questão, qual das alternativas é a correta...
Incompatibilidade para mim, juridicamente falando, é mais quanto a pessoas do que máquinas, pois muitos casais alegam hoje em dia uma "irreversível (irredutível) incompatibilidade de gênios" para pedir a separação de uma união estável ou instável, seja ela registrada em cartório ou não. É a dura realidade do cotidiano familiar, que repercute na escola e em toda a sociedade.
Por sinal, voltando à tecnologia, com o advento do XP, sistema operacional Windows, muitos equipamentos, do próprio Windows, ficaram inoperantes, como scanners, impressoras, por conta ironicamente de uma suposta incompatibilidade de gênios e sistemas de um mesmo criador. A vida é curiosa e irônica às vezes. E sempre é bom, antes de criticar algo, analisar todos os lados de uma questão, pois a vida para mim é meio como o cubo Rubik, aquele que tem várias peças multicoloridas que nem sempre se consegue encaixar cada lado de uma mesma cor rapidamente, tudo depende de muito de exercício de raciocínio lógico, visão espacial e etc e tal...
Observação: Imagem acima, feita por mim, mostrando como salvar o arquivo de mesmo nome em Linux, com tipo semelhante ao Windows, para abri-lo em qualquer máquina ou sistema operacional. No Linux, basta buscar a opção Windows 97/2000/XP e a extensão equivalente, se for texto de .odp para .doc; se cálculo de .ods para .xls e sendo slides de .odp para .ppt. Para sermos justos e corretos, a incompatibilidade é do Windows para com o Linux e não o contrário. A César o que é de César e ao Linux o que é do Linux.

4 Comments:

Blogger Robson Freire said...

Olá Amigo Zé Roig

É preconceito ou coisa pior. Não me espanta pois até governos optam pelo Windows em detrimento ao Linux, vide o caso de Portugal.
Ficar refém de uma solução proprietária ao invés da proposta livre e gratuita e algo inaceitável.

Nos cursos de educação digital aqui no nosso NTE também mostrei aos cursistas as facilidades e compatibilidade entre os dois sistemas.

Eu inclusive instalei e rodei um programa Windows dentro do Linux, para demostrar que se tal aplicação ainda não existe para Linux eu posso usar a do Windows.
O sujeito do anuncio com certeza está levando um qualquer da Micro$oft.

Como você cita no seu texto: "Para sermos justos e corretos, a incompatibilidade é do Windows para com o Linux e não o contrário. A César o que é de César e ao Linux o que é do Linux."

Viva a Liberdade.

Abraços

12:25  
Blogger José Antonio Klaes Roig said...

Oi, Robson, pois é amigo.
sistema operaiconal é que nem dirigir carro. A gene muda de veículo, cambio, as marchas, até acento e volantes são um pouco diferentes, mas no geral tewm mais coisas em comum d que diversas. Se a gente consegue dirigir um carro, independete do ano, modelo ou marca, por que na informática ficar tào atrelado a griffés??? Né?? Janaina é que mostra pra alguns colegas que qdo veem no datashw o ambiente do pc diverso do que ees têm a frente, dizendo: colegas,a bolsa de vo~^es nao tem o mesmo conteúdo uma das outras, në? Ent;ao, um PC é a mesma coisa, dependendod usuário terá variaçoes. Risos. Há um bloqueio a ser transposto no q tange a informatica na educaçao e a inclusao dos profs ao ambiente virtual, mas como tudo na vida, é gradual, mas acredito q irreversel ess erocesos de ncorporaçao dos multimeios no ambiente escolar. e nisso, o software live tem papel fundamental de decratizar esse espaço.Um grande abraço, Zé.

21:12  
Blogger Sinara Duarte said...

Menino, que jornal é esse? Por favor, porque somos consumidores deste tipo de lixo...Podemos e devemos reclamar... valeu pela dica e denuncia. Realmente, ainda temos pessoas desinformadas que usam a midia para divulgar inverdades...Aqui em Fortaleza, migramos recentemente para o linux nas escolas e não tenho tido problemas com as crianças, nem adolescentes, o que demonstra que o mesmo não é tão dificil assim... bjs

www.softwarelivrenaeducacao.blogspot.com

18:22  
Blogger José Antonio Klaes Roig said...

Oi, Sinara. Não culpo ao jornal, pois foi matéria paga de anunciante de produto, valorizando um e desmerecendo o outro. Mas que é importante, nós que usamos ambos os sistemas operacionais, desmistificar tanto a infalibilidade de um e a suposta incompatibilidade de outro. Todo educador tem esse papel social de informar e denunciar a desinformação. Grato pela visita e comentário, um abraço. Zé Roig.

19:09  

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