sexta-feira, abril 04, 2008

Convergência tecnológica e educação digital


Quanto mais trabalho com a tecnologia educacional, diretamente com meus cursistas e alunos ou indiretamente a partir de experiências de colegas ou outros que venho a saber, mais fico com a impressão de que a convergência tecnológica depende da educação digital e vice-versa, no que tange a produção de conhecimento através do uso das TICs. Parece o óbvio, mas não é.
Para quem não ouviu ainda essa sigla, TICs são as tecnologias da informação e da comunicação (microcomputador, TV, rádio, internet, telefone celular, etc.), que, se bem utilizadas, podem promover a inclusão educacional e social. Porém, o uso desses equipamentos fora de um contexto que vise a criação de conteúdo pedagógico e não somente reprodução do que já existe, não propõe a convergência, que vai além de usar diversos equipamento para trabalhar conteúdos e competências curriculares.
Usar a TV e o DVD, ligadas a um sistema de som, apenas para recreação não é usar as potencialidades que estes equipamentos dispõem. Nos cursos e oficinas, quando possível, comento com colegas como se pode aliar essa convergência tecnológica em prol da informação e comunicação entre professores, alunos e comunidade.
O blog (diário virtual), que pode ser criado gratuitamente através de ferramentas como o Blogger , é um dos exemplos mais acabados dessa convergência. Para criar-se um blog é necessário ter algum conhecimento, ainda que básico, de informática, para manipular teclado, mouse, inserir imagens e textos, fazer links (atalhos) para outros blogs ou sítios (sites). Pode-se inclusive editar imagens, ou criar colagens digitais, a partir de fotografias capturadas por professores e alunos da prática escolar ou extraclasse, levando primeiro o arquivo para um editor de imagens, ou o próprio Paint, onde pode ser recortada, colocada a outras, e por ai vai. Para isso, faz-se necessário saber usar uma câmera digital, e como fazer sua transferência e manipulação dentro de um microcomputador. Se a escola, professor ou alunos tiverem uma filmadora, uma câmera digital ou um celular com câmera embutida, é possível tirar fotografias ou fazer pequenos vídeos, que podem ser editados, usando o Movie Maker, do Windows, ou um software livre. Com o vídeo editado, se for superior a 10MB, ou fragmentada em arquivos até essa capacidade, uma atividade pedagógica da escola pode ser publicada no YouTube, maior banco de vídeos do mundo digital. Estando lá, pode ser acessado por todos, ou capturado o endereço, como link ou como vídeo mesmo, para postagem no blog, orkut, site, etc. Claro que, como informo a todos, com o devido termo de autorização do uso de imagens e demais dados, por parte dos responsáveis pelo aluno, ou das pessoas maiores de 18 anos, envolvidas no projeto.
Uma apresentação de slides pode ser convertida e vídeo e gravada em CD ou DVD para passar no gravador/reprodutor de DVD, conectado a uma TV, caso a escola não tenha laboratório de informática. Essa apresentação de slides pode ser conteúdos de uma aula, e se for criativa e original, pode ser cedida ou trocada com outros educadores mundo afora.
Uma pequena história em quadrinhos, feita no Hagáquê, ou similar, unida a fotos, desenhos do paint, ou outra produção com imagens, pode ser colocada numa apresentação de slides, e esta convertida em vídeo, para futura publicação no YouTube, e de lá, seguindo o mesmo processo, postada em blog, site, orkut, etc. Com diversas fotografias, podem ser feitos álbuns digitais, para publicação no ciberespaço, usando recursos como o Slide Show, BubbleShare, etc. São recursos que requerem uma certa educação digital para sua boa utilização, mas nada complexo, somente requerendo uma conta de correio eletrônico válida e senha, e é claro, uma dose de criatividade e originalidade. Criativos, todos somos; originais, nem tanto, basta ver a programação televisiva, com todos os recursos de alta tecnologia que dispõem e ficam imitando mutuamente, diariamente, como nos reality shows, concursos de dança, “pegadinhas” e videocacetadas”, só para exemplificar algumas das banalizações dos meios de comunicação de massa.
Então, a meu ver, a convergência tecnológica é possível, desde que antes o educador e o alunado possuam uma educação digital direcionada para a produção de conteúdo pedagógico compartilhado. O aluno deve ser convidado a interagir em grupos, pesquisando e apresentando aos demais suas conclusões, sempre mediado pelo professor da disciplina, que não precisa necessariamente ser um tecnólogo, mas ter noções básicas do uso da informática e da tecnologia na sala de aula, no laboratório de informática. Professores e alunos devem também compartilhar e convergir para o uso dos multimeios de forma colaborativa, pois como gosto de dizer, o educando pode ser o “piloto” (usuário da máquina) e o professor o “navegador” (mediador do conhecimento e...) de uma atividade educativa, que inclusive pode e deve ser ao mesmo tempo recreativa para ambos. É o chamado aprender se divertindo, que auxilia a convergência tecnológica e à educação digital, minimizando os problemas do choque de gerações. Eu faço muito isso, e estou sempre aprendendo com meus alunos o que eles chama de “manhas”, seja em jogos educacionais, seja no uso mais objetivo do equipamento, através da descoberta de teclas de atalho e tudo mais...
Muitos educadores que não dominam os multimeios se queixam que seus filhos dominam a tecnologia, mas não têm paciência para ensiná-los. Por experiência própria digo que não há aprendizagem sem experiência e continuidade. Sem anotar o passo-a-passo do uso de um maquinário (seja qual for), quando nos primeiros passos, o adulto se esquece dada a carga de trabalho e responsabilidades na sala de aula e extraclasse; se este não utiliza com freqüência os equipamentos, também logicamente não recorda-se mais dos procedimentos. Nesse caso, concordo com os jovens: haja paciência! Anotar é preciso! Memorizar só se consegue com a repetição: acertando e errando.
A educação digital, independente dos cursos de capacitação que seja oferecidos ou procurados individualmente, pode ser feita de forma compartilhada e convergente, entre professores e alunos. Os primeiros passam aos segundos os conteúdos e competências a serem trabalhados naquela disciplina, gerenciando o processo de ensino-aprendizagem; os alunos, que convivem mais seguidamente com a tecnologia e trocam entre eles, com rapidez assustadora, impressões sobre tudo a todo momento, podem receber a atribuição de utilizar as ferramentas em grupo, convergindo todos, professores e alunos, para uma atividade prazeirosa, colaborativa, educativa e tecnologicamente eficiente. Não existe milagre nem receita de bolo infalível, pois cada grupo interage de uma forma peculiar. Mas sempre é bom lembrar que a escola só existe em função do aluno, e que cabe ao professor estimular sua turma a ter interesse no conteúdo a ser ministrado. A aprendizagem, em sentido amplo, só ocorre quando professores e alunos, pais e filhos convergem para um objetivo em comum: educação de qualidade (para a vida, o mundo e o trabalho), seja ela na modalidade digital ou convencional.
Muitos professores desconhecem as inúmeras possibilidades do uso das mídias na educação. Divulgar essas informações e sugestões é dever de todo educador que trabalhe com a tecnologia educacional.
Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço
http://www.iwb.net.au/advice/images/digital_hub.jpg

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Olá camarada e amigo Roig! Realmente, entrei no mundo da blogosfera... vamos ver se tenho fôlego para isso! Vou adicionar teu blog aos links que recomendo. Um abração, a luta continua!

23:29  
Blogger José Antonio Klaes Roig said...

Oi, Alexandre. Seja bem-vindo a blogosfera. Como digo pros amigos, o blog é uma ferramenta que comparo a imprensa portátil do educador. O blog é pra fazer refletir e não apenas inventariar. Estás de parabéns. Tens que adicionar um contador de visitas ao teu diário virtual, que é um termômetro para o reconhecimento do blog. No meu blog tem um, chamado RealTracker (contador estatístico), basta clicar na tarja amarela, que levará a página da empresa, para cadastrares gratuitamente teu nome, email e uma senha pro contador. Depois copie e cole o endereço gerado. Vá no layout, add page element, e em HTML/Java Script. Lá cole e salve. Está feito. O contador passa a mostrar por países, dias, meses, semanas os acessos ao blog. Um abraço, Zé.

11:23  

Postar um comentário

<< Home