terça-feira, novembro 27, 2007

Final de ano e a Corrida Maluca


Sempre no final de ano temos aquela impressão de que o tempo voa e nem percebemos. Hoje, quando fui pegar algumas cópias reprográficas de textos pro mestrado em História da Literatura, comentei com o dono do local, o amigo Homero - que por sinal tem um nome apropriado para quem, como meu caso, lida com literatura - não saber o número do dia que estávamos. Perguntei: 23 ou 24? E ele disse, que nada, 26! Depois falando com minha esposa, no almoço, ela me disse: Que nada! Hoje é dia 27! Xiii, corrida maluca mesmo. Por causa do mestrado a tarde, este ano trabalho manhãs e noites, e minha colega a amiga Janaina trabalha no turno da tarde. Nos falamos mais por e-mail, torpedos de celular e fone, do que ao vivo e a cores. Estamos realmente trabalhando na educação a distância um do outro. Esse ano mesmo, pra mim foi correria total. Deitar todos os dias tarde, levantar cedo, levar o filho de dois anos para a escolinha (ele está lá desde os 3 mesinhos de vida, por causa do trabalho meu e da mãe dele), depois ir pro turno manhã, desenvolver às 2ªs e 3ªs.-feiras projetos de aprendizagem com alunos do ensino regular e da educação especial; no turno da tarde ir pro mestrado, em ônibus superlotados, ler muita teoria literária, apresentar textos através de seminários, ter colegas que poderiam ser meus filhos (pela diferença de idade, eu com 43 e a maioria entre os 24 e 25 anos de vida), voltar correndo para dar aula de informática educativa, no turno da noite, para professores da rede pública estadual (além das 4ªs. e 6ªs.-feiras pela manhã). Às vezes, chegar em casa e ter mais textos pra ler, resumir e apresentar no dia seguinte, e encontrar esposa e filhos dormindo. Em alguns momentos fiquei quase 2 dias sem ver meu filho acordado, levando-o dormindo e voltando do trabalho com ele já no País dos Sonhos. Além disso, enfrentei uma prática escolar dentro de uma especialização em tecnologia educacional (Ufrgs-2006/2007), que incidiu no segundo semestre na elaboração de um TCC sobre o projeto com informática educativa em turma da educação especial, na área da deficiência mental, com apoio da profª parceria Jane Degani. Defesa agora confirmada entre os dias 10 e 14/12. Como num desenho animado da Disney, em certos momento de um lado tinha um demônio interior dizendo para desistir de tudo, e doutro meu anjo da guarda, velho de guerra, pedindo pra resistir. Toda segunda-feira, quase uma síndrome do pânico, mas ao ver o sorriso dos alunos e o apoio das professoras parceiras, tudo voltava ao normal... Viver é superar desafios e obstáculos. Não viemos a esse mundo a passeio, salvo alguns políticos profissionais, mas isso já é outro assunto. Risos. Mas, hoje, depois de trocar e-mails com a amiga e colega Vera Guidi, do blog Arte Brasilis , amiga digital, que só conheço no ciberespaço, dei boas risadas, com a foto acima, que ela me enviou dizendo justamente dessa correria de final de ano que todo educador tem que enfrentar. Portanto, educadores do Brasil, se não atingirmos o índice para as próximas Olimpíadas nem nos classificarmos para a Corrida de São Silvestre, que sempre encerra o ano, continuemos com esse "pique" natural que jamais nos deixa presos a antidopings, mas que nos faz superar nossos próprios limites. Educar é assim mesmo. Quando estamos quase desistindo, um sorriso, um comentário, um incentivo do aluno, colega, amigo, familiar nos dá um "doping natural" que nos reanima a continuar vivendo e correndo (lógico!), e sendo o diferencial na educação brasileira. O verdadeiro educador não é aquele que se julga bom profissional, cumpridor apenas de metas, diretrizes, carga horárias e dias letivos oficiais, mas aquele que é cidadão comprometido com a mudança do mundo escolar a partir da mudança de sua prática escolar, que deve levar em conta sempre o conhecimento prévio que seu alunado traz de casa... Desse "hipertexto" e interdisciplinaridade entre professor e aluno surge a aprendizagem significativa para ambos. Entre as "Penélopes Charmosas" e os "Dicks Vigaristas", que valorizemos sempre o educador brasileiro em seu corre-corre diário, rumo a uma educação libertária e emancipadora a partir de si mesmo e de sua prática escolar diferenciada.
Observação: Imagem acima extraída do endereço http://www.hotink.com/wacky/wrstuff/wpcars_800.gif