domingo, julho 22, 2007

Livro didático: a escola e suas escolhas


Discutindo sobre o papel do livro didático no forum do Curso de Mídias Integradas na Educação (UnB-2007), recebi um comentário da colega Sonia, com o seguinte teor, que ocasionou logo abaixo do mesmo, minha resposta:
Num dia desses, conversando com minha colega (doutora em informática educativa) ela disse que o primeiro critério na escolha da escola para seus filhos é o uso do livro didático. Ela argumentou que a escola que usa apostilas (referia-se a escolas particulares) não merecem, na opinião dela, credibilidade. Elas seriam o resumo do resumo (que é o livro didático). Confesso que essa declaração me fez pensar. O que você pensa sobre isso? Sonia.
Resposta: "Oi, Sonia. Realmente essa colocação de tua colega nos faz refletir sobre A ESCOLA E SUAS ESCOLHAS. O livro didático, pensado como uma apostila, um manual pro professor seguir a risca, realmente não é uma boa escolha da escola. O livro é um referencial, e deve ser pensado como tal, dando meios pra que o professor estabeleça as conexões necessárias com o aluno, a partir de sua concepção de mundo e de escola também. Por melhor que seja o livro, se o professor for extremamente conservador, de nada adiantará, e poderá tornar-se apenas folhas de papel. Ano passado assisti a uma palestra de João Monlevale, assessor parlamentar do Congresso Nacional para a educação, e ele dizia justamente isso: que o livro virou bengala pro professor. Mas pro mal professor, obviamente, da mesma forma que penso que um laboratório de informática pode tornar-se bengala praquele professor que quer largar os alunos no ciberespaço sem maiores divagações, nem projetos de aprendizagem onde possa relacionar seus conteúdos e competências. Eu, particularmente, penso que o livro didático é um dos recursos, entre vários, que o educador poderá usar, buscando conexões com o universo do aluno. O livro didático pode ser usado junto com revistas, jornais, literatura, mídias on-line. Mas, claro, depende do que pensamos como resumo. Penso que às vezes uma boa síntese para apresentação de uma atividade pode ser eficiente. O importante não é a quantidade mas a qualidade, seja do livro didático, seja da bagagem cultural do educador. Hoje, percebo que o jovem precisa ser motivado a todo instante, mas que em via de regra, não gosta de ler. Seja livro didático ou literatura. Então, ficamos naquele paradoxo: por mais que o livro seja bom, se não é lido, nunca será utilizado como deveria. Mas, se o resumo for bem feito, não quer dizer que seja um material a ser descartado. Claro, nem todo resumo traz em si clareza, síntese e concisão. Tua amiga pode ter razão, mas sempre é complicado se generalizar, pois, também como diz aquele ditado: nos pequenos frascos estão contidos os grandes perfumes. Acreditar nisso também é generalizar as coisas. Claro, toda regra tem a sua exceção. Creio que escolher a escola do filho por um único aspecto é delicado. Pode ter um ótimo livro didático, mas um corpo docente parado no tempo, embora, em escola privada isso não corra tanto como no ensino público. Nossas escolhas sobre a escola devem levar em conta a estrutura física, a qualidade do corpo docente, os projetos executados, enfim, o somatório de atividades".
Observação: Imagem acima extraída do site http://www.municipio-portodemos.com/?EEAVQCEM=1P0gLj...