terça-feira, julho 10, 2007

Mídia Impressa e Hipertextualidade


O texto abaixo foi produzido por mim para cumprimento da atividade 3, do módulo IV (Mídia Impressa), do Curso Mídias Integradas à Educação (UnB-2007), e postada no ambiente virtual à distância e-proinfo(MEC), do referido curso.

Apesar do uso cada vez maior dos meios eletrônicos pelos alunos, haverá sempre espaço para o uso do livro didático e de materiais convencionais, primeiro, pela falta de estrutura e material tecnológico nas escolas públicas por parte da maioria dos professores; além do fato de que uma tecnologia não suplanta de todo o que já está posto, sendo integrada paulatinamente. O ideal é fazer uma transição, ou melhor, uma intersecção entre os saber tradicional e o uso adequado da tecnologia na educação, como uma aliada da prática escolar. Sabe-se que a forma e os resultados de um projeto de aprendizagem feito em sala de aula e num laboratório de informática são diversos, pois as formas de execução também o são. Uma coisa não elimina a outra, e sim complementa, se for usada com critério e habilitação. O formato eletrônico pode ser utilizado no horário escolar, se a escola possui condições pra isso, ou como complemento, por exemplo, em casa, pelo aluno que possui computador, e que pode trazer suas impressões e pesquisas pra sala de aula, pra quem os demais interajam, com o auxílio e intermediação do educador.
A principal mudança é possibilitar que o aluno também contribua com o processo de ensino-aprendizagem, na medida que ele pode pesquisar por conta própria em sites de busca e em páginas da internet, o conteúdo a ser dado ou já passado pelo professor, usando a tecnologia, principalmente, computador e internet, como aliado, e atividade de complemento. Mas sempre ressalvando que a tecnologia jamais substituirá pó professor, pois é este que deve mediar o processo de ensino-aprendizagem, pela formação que tem e experiência de vida que possui.
Os multimeios e os recursos disponibilizados por estes tem contribuído para a mudança de paradigmas. A sala de bate-papo ou chat, MSN, skype, orkut, blog, etc. são exemplos de como o jovem, e o aluno em especial, tem um domínio maior sobre a tecnologia do que o próprio professor. Há quem acredite que a linguagem abreviada, ou fora da norma culta, vá prejudicar a própria escrita, o que discordo, pois a linguagem telegráfica (claro, sabidamente não tão utilizada como e-mails e etc.) não mudou a forma de escrita das gerações passadas. O que leva a abreviação de termos e palavras é a pressa da escrita e não a escrita propriamente dita. Em salas de bate papo visa-se o contato informal, às vezes compartilhado com mais de uma pessoa, o que necessita pressa na digitação, e o que ocasiona essa forma nova de escrita, cheia de gírias, o que poderíamos chamar de “internetês”... Exemplo: tb (também), finde (fim de semana), blz (beleza, tudo bem?), aki (aqui), etc.
O blog ou diário virtual é um dos grandes recursos e ferramentas de interação e divulgação de idéias, projetos e atividades individuais (aluno) ou de grupos (professores e escolas), que tem mudado a forma de produzir informação no ciberespaço. Há blogs especializados em notícias, outros em jogos, alguns em poesia e literatura, outros em educação e tecnologia e por ai vai... Nesses ambientais virtuais, o usuário não apenas publica texto como adiciona imagens e links (atalhos) pra ampliar o tema, além de receber comentários de internautas. As possibilidades são inúmeras, de democratizar a informação e socializar o conhecimento, mas também há o risco de difundir idéias, conceitos, pré-conceitos e preconceitos, sem maior controle. A internet, pela sua forma, possibilita a visão do lado escuro da Lua, ou seja, um lado sem controle nem cuidado, que pode levar ao erro ou a difusão de idéias equivocados, preconceituosas, etc. Cabe ao professor alertar ao alunado desse dualismo de possibilidades: negativo e positivo, até mesmo pelo fato que qualquer um pode publicar qualquer coisa, nem sempre de acordo com o bom senso, razão ou a realidade.
Um texto em formato eletrônico tem a facilidade da produção em editor de texto, mas a maior dificuldade está no fato de que a leitura do mesmo, principalmente se for longo, diante de uma tela de computador é desconfortável, incômoda e que não permite a visibilidade de erros, o que é percebido de imediato numa folha impressa. Às vezes, digitamos um texto, e ao fazer a correção ortográfica e gramatical, não percebemos erros, que nem mesmo o corredor automático do editor de texto indicou. Ou inversões e erros de digitação.
Quanto à compreensão e aprendizagem do estudo desse documento no formato eletrônico, depende muito da elaboração e disposição do mesmo, já que um texto com muitos atalhos, imagens e referências poderá dispersar a atenção para o principal, que é o conteúdo escrito. Se feito de forma que mescle informação escrita com imagem, poderá ter uma grande receptividade do aluno, mais até que o texto convencional. Mas sempre é bom lembrar que independente da forma de apresentação, o que ocasiona melhor compreensão a aprendizagem de um texto é a forma de enunciação que é dada pelo professor, que faz o diferencial. De nada adianta a utilização de um hipertexto, num laboratório de informática, com datashow e tudo mais que a tecnologia proporciona, se o educador não estiver habilitado para o uso desses meios com fins educacionais e não meramente tecnológicos. A tecnologia tem que ser sempre meio, e a educação o objetivo principal.
Conforme Cristina Portugal, em seu texto Hipertexto com instrumento para apresentação de informações em ambiente de aprendizado mediado pela internet: “O conhecimento é a informação processada, articulada e integrada à rede de conhecimento prévio da pessoa. Caso uma determinada informação não encontre uma outra em com a qual possa se articular na rede de conhecimento, não será apreendida e, deste modo, não se tornará conhecimento”. Nesse contexto, igualmente como diz Portugal: “O hipertexto, de fato, sugere toda uma nova gramática de possibilidades, uma nova maneira de escrever e narrar”. Assim sendo, a autoria de um hipertexto é compartilhada, na medida que é o leitor que indica o caminho que fará nesse labirinto de possibilidades que o hipertexto traz em si. A distinção está em que o hipertexto antes de ser usada tem um autor definido, mas à medida que é utilizado de maneiras diversas, dentro dessas inúmeras possibilidades, passa o leitor a fazer uma autoria relativa, diversa da versão original.

Observação: Imagem acima extraída da internet, intitulada "Cristal ball hand book", no endereço http://www.bendicioness.com/view/uploads/!cristal_ball_hand_book2%5B1%5D.jpg