domingo, maio 20, 2007

Ensino robotizado

Educação e tecnologia, têm muitas similaridades e diferenças. Similaridades no sentido de que hoje, a maioria de professores e alunos quer ter um computador pessoal em casa ou no ambiente escolar, ou em ambos. Diferença é que o jovem incorpora melhor a tecnologia (celular, micro, i-pod, mp3, pendrive etc) do que o adulto.
Além disso, entre a geração do MPB-4 (grupo vocal que fez muito sucesso na década de 1970/80, no Brasil) e o MP4, formato de compactação de vídeo e som, há um grande conflito de gerações... Parte da geração MPB-4 pegou em armas ou enfrentou a ditadura militar. Já a geração MP4 usa armas digitais em jogos eletrônicos, que simulam a vida real, com fases e resoluções impressionantes. Muitos são rebeldes sem causa. Mas na vida real não existem vidas reservas. Os passwords (senhas) cada vez mais nos fazem dependentes do mundo virtual dos bancos eletrônicos, cartões de crédito e tudo mais. Somos números e não mais nomes. Todos temos um código de identificação. Acabamos fazendo as coisas maquinalmente.
Outro paradoxo é o da realidade contemporânea, nada virtual, que fez muitos jovens abandonarem a escola para poder trabalhar e sobreviver, e hoje no refluxo dos tempos força àqueles que não estudaram, quando em idade escolar, voltarem aos bancos escolares (muitos deles descapitalizados) ainda que a distância ou de EJA, para manterem-se nos empregos cada vez menores e mal remunerados, já que as máquinas vão substituindo a mão-de-obra humana, sem a criação de outras frentes de trabalho. Lembro de que há uns 5 ou 6 anos atrás falar com um amigo bancário que me contou: "Antes da informática se popularizar o banco que trabalho tinha 130 empregados, depois com o início da informatização caiu pra 40 e poucos, e a tendência futura é ficar no máximo 4: um gerente, um caixa, um atendente de cx. eletrônico e o segurança".
No tocante ao ensino, outro paradoxo: há professores que resistem ao uso da tecnologia em sala de aula, ou por se dizerem frutos de outra época, por receio, ou por estarem em "final de linha", esperando a aposentadoria, dizem. Mas, incrívelmente são esses professores parados no tempo que insistem em ter alunos "robotizados" em sala de aula. Explico: alunos que dizem apenas sim e não (tipo código binário), que não se levantam da cadeira, salvo com autorização, até por que um PC convencional tem um cabo de energia curto demais, que deve estar sempre próximo de uma tomada. Mas pra esses professores "conservadores" no sentido restrito da palavra, cabe dizer que já existe a tecnologia wireless (sem fio), e que os alunos dominam mais esses recursos tecnológicos, podendo ser aliados do próprio professor, se pensarmos a educação como um ato de preparação para a vida e não apenas pro trabalho. Educar é sinônimo de emancipar e libertar o aluno para que ele saiba por si mesmo ver, ler e escrever sobre o mundo que o rodeia. Eu mesmo, particularmente, apesar de trabalhar num núcleo de tecnologia educacional, quando dou palestras sobre tecnologia/educação ou sobre literatura/cultura nunca uso datashow, um modismo que está por demais banalizado. Ainda sou do tempo de violão e voz, ou melhor, só a voz, já que não sou cantor e sim educador. Nos projetos que coordeno trabalho com pessoas, não máquinas biológicas ou seres robotizados por uma lógica perversa, inversa, em que o consumismo é regra e a solidariedade a exceção. Conheço vários professores que desenvolvem projetos interessantíssimos, que mesmo sem recursos tecnológicos são referência para outros, e outros que com a tecnologia abrem um leque de possibilidades tanto para alunos como para outros educadores. A vantagem da tecnologia é talvez essa, de conectar ainda que a distância, pessoas - mais do que máquinas - que pensam e não apenas esperam comandos.
Observação: Imagem acima, extraída da internet, chama-se "Deus ex machina", de Negative Feedback (pseudônimo do autor). Por sinal, "Deus ex machina" era um milenar mecanismo utilizado pelo antigo teatro grego para projetar os atores, simulando elevação, vôos e etc. Algo como o tataravô dos modernos efeitos especiais do cinema.

1 Comments:

Blogger Teresinha Bernardete Motter said...

Zé, meu querido amigo, virei professora de história e geografia , tu viu quantos mapas?
É que precisamos fazer um blog colaborativo e nosso tema é Mapas. Veja está bem interessante.
Eu sempre lembro do teu banner, fico triste de não ter tempo , mas prometo, farei e bem lindo.
bjs
Berna

21:39  

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