domingo, abril 29, 2007
Quando se lida com tecnologia e educação não há como não perceber e estabelecer algumas conexões com a própria sociedade em que vivemos: a placa-mãe, matriz da realidade social.
Se observarmos atendo às duas imagens acima, a primeira é uma foto de uma placa-mãe para microcomputador; a segunda, o mapa do centro da cidade de Brasília-DF, Brasil.
Não são idênticas, mas similares em alguns detalhes, principalmente na disposição das peças, num esquema de arquitetura urbanística ou informática, que se equivalem em funcionabilidade.
Ambas as fotos partem da perspectiva do alto. Se analisadas ao nível do chão, veremos que as duas são tão complexas, embora com dimensões diversas: uma na escala microcosmos (do computador) e outra no macrocosmos da capital brasileira.
Depois que os irmãos Warchowski, escreveram, produziram e dirigiram a trilogia Matrix, muito coisa mudou, tanto na tecnologia utilizada nos efeitos especiais, reproduzidos até em clipes musicais e propagandas, da câmera lenta dando uma volta de 360 graus um torno de um objeto, até indagações filosóficas, como a de existir uma realidade virtual sobreposta a realidade real. E o mais incrível do que possa parecer, alguns físicos e cientistas renomados, através de pesquisas teóricas, crêem que o universo pode ser um grande complexo matemático, em que tudo tem um sentido e uma arquitetura planejada por uma inteligência maior, que não aconteceu do acaso de geração espontânea. Algo fantástico, que li numa revista científica, se não me fala a memória, a American Scientif - Brasil. Uma prova disso é a teoria dos fractrais, que são diminutas estruturas que reproduzem a estrutura maior onde estão inseridas (por exemplo, se observado em escala micro, os ramos de um árvore detém a estrutura da árvore como um todo, e assim todas as formas da placa-mãe..., digo, Natureza). Aos interessados em aprofundar esse tema, sugiro pesquisas sobre os fractrais.
Mas o que motivou essa postagem é a relação de causa e efeito que temos na sociedade, como um todo. Quando ocorrem escândalos no poder executivo, legislativo, e agora, recentemente, no judiciário, alguns comentarista de resultado saem a dizer que o mundo não tem jeito, que o ser humano é corrupto, e o pior, que na ditadura não tinha nada disso. Que a Democracia é sinônimo de bagunça.
Realmente, na ditadura vivíamos como as personagens do filme Matrix, vivendo numa realidade virtual, censura brutal aos meios de comunicação, nos dando a falsa impressão de um milagre econômico e de que não existiam porões escuros onde pessoas eram perseguidas, presas, torturadas por "máquinas biológicas de matar", que eram os torturadores. Que a anistia, de 1979 sepultou na memória de uma nação. Muitos dos efeitos violentos que hoje temos, é fruto daquela época obscura, que pouco a pouco somos desplugados, mas tem ainda algumas pessoas que naqueles tempos usavam ternos pretos e óculos escuros - a serviço da repressão -, e que hoje posando de "mocinhos", disfarçados e vivendo entre nós, como pacatos cidadãos, às vezes são até eleitos como "salvadores da Pátria". Abram os olhos. Prefiro viver num mundo de caos, mas de realidade nua e crua, do que num mundo de faz-de-contas, onde aparentemente não haveria, corrupção, tortura, violência, opressão...
De vez em quando é bom surgirem alguns filmes e teorias científicas para revermos nossos conceitos sobre a realidade circundante onde vivemos.
Incrivelmente, hoje, se olharmos em volta, pelas ruas, vemos pessoas com fones de ouvidos, óculos escuros, cegas, surdas e mudas para o que acontece em seu entorno, caminhando apressadas de casa pro trabalho. Já são passageiros de outra matrix, uma matriz cruel, que os impede de ver a realidade e de se importar com o próprio futuro. Que os faz viver pro trabalho, pois, parafraseando Fernando Pessoa: "trabalhar é preciso, viver não é preciso..." Pessoas que confessam coisas íntimas a ilustres desconhecidos, disfarçados sobre apelidos (nicks) em sala de bate-papo, mas que são incapazes de dar bom dia ou um olá, ao vizinho, ao colega, às pessoas pelas ruas... Quando cheguei para morar na cidade do Rio Grande-RS-Brasil, em 1982, vindo da pequena cidade vizinha de São José do Norte (do outro lado do canal, ligada apenas por lancha), onde todos se conheciam e não cumprimentar alguém mesmo que desconhecido era falta de educação imperdoável, senti muito a mudança, pois Rio Grande, uma cidade de porte médio era quase totalmente desconhecida para mim (tanto que eu e meu irmão Marco, saímos a passear, com um mapa da "city", embaixo do braço, pra tentar não nos perder... coisas de garotos interioranos e ingênuos...). E, aqui em Rio Grande, assim como todos eram desconhecidos para nós, nós também éramos desconhecidos para os outros. Mas em nossa ingenuidade e educação rígida, cumprimentar aos estranhos era obrigação. E os olhares que recebíamos era de espanto, como que dizendo: quem são esse dois caipiras loucos? Depois acabei lamentavelmente me acostumando com isso e sendo um desses, que só cumprimenta quem conhece, para não parecer estranho demais... Tempos modernos em que se desconfia da própria sombra... Tempos sombrios, como no filme Matrix, uma obra-prima da ficção científica, que dizem alguns cientistas, pode não ser tão fictício assim... É ver para crer? Entre a placa-mãe e a mãe Natureza, "há mais coisas que possam supor nossa vã filosofia", diria Shakespeare (um visionário?). Eu diria que há mais coisas que a própria ciência e a tecnologia possam nos explicar. Mas tudo são teorias... Nossa matriz social ainda espera por uma boa explicação...
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