quinta-feira, dezembro 20, 2007

A intertextualidade entre Cecília Meireles e Rui Barbosa

Lendo recentemente o livro Escolha o seu sonho, de Cecília Meireles, já comentado em postagem anterior, encontrei na crônica Tempo Incerto, publicada em 1964, certa intertextualidade com o discurso de Rui Barbosa, proferido no Senado Federal, em 1914. Vejam os dois fragmentos em questão:
“... Chegamos a um ponto em que a virtude é ridícula e os mais vis sentimentos se mascaram de grandiosidade, simpatia, benevolência ...” - Cecília Meireles (1964);
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86).
Literatura e política se entrecruzaram, e continuam se entrecruzando sempre. Ambas são formas narrativas, discursivas de passar idéias e ideais. A literatura muitas vezes diz o que a política silencia, eis a grande diferença. Noutra postagem, abordarei outra crônica surpreendente de Cecília Meireles, do mesmo livro Escolha o seu sonho, desta feita, debruçando-se sobre o diário do imperador D. Pedro II, e sua visão da política de seu tempo, tão similar a de nosso, em pleno século XXI. Aguardem.
Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço
http://www.unipampa.edu.br