Escolha o seu sonho (sugestão de leitura)
"Muitas coisas me desgotam; mas não posso logo remediá-las e isso aflige-me profundamente. Se ao menos eu pudesse fazer constar geralmente como penso! Mas para quê - se tão poucos acreditariam nos embaraços que encontro para que eu faça o que julgo acertado! Há muita falta de zelo, e o amor da pátria só é uma palavra - para a maior parte!"
Li essa crônica, posteriormente a não aprovação da continuação da CPMF, que embora um imposto a mais, teve na oposição um componente parece-me muito mais político partidário, do que ético, até pelo fato de quem foi agora (na oposição) contrário a sua prorrogação, quando na situação, foi seu autor... Vejam esse trecho:
"Tudo inventam; e triste política é a que vive de semelhantes embustes quando tantos meios honestos havia de fazer oposição; mas para isso é necessário estudar as necessidades da Nação - e onde está o zelo?"
Pois é, onde está o zelo de seguidas oposições que fazem a tal oposição mais a Nação, com suas atitudes de inviabilizar um governo. E quando retornam ao poder, lamentam-se dos fatos que fizeram quando oposição pela oposição pura e simplesmente. Opor-se a alguém ou algo, deveria ser baseado em convicções e não em conveniências momentâneas, como é feito neste país, desde que foi descoberto em 1500. Observem este outro fragmento do diário do Imperador:
"Na educação da mocidade é que sobretudo confio para regeneração da pátria. Gritam que se não pode chegar ao poder senão fazendo oposição como a fazem; mas, quando no poder, não sofrem do mal que fomentaram? A imprensa é inteiramente livre, como julgo deva ser, e na Câmara e no Senado a oposição tem representantes; mas que fazem estes pela maiori parte?"
O que fazem nossos "representantes", que investem milhões em campanhas, para um salário que durante um mandato será impossível de por meios lícitos recueprar a décima parte deste investimento? O que fazem além de defender seu quinhão?
Ao falar da coisa pública, D. Pedro II foi extremamente atual com seu tempo e também com o nosso, mesmo sem ter "bola de cristal":
"... Mas tudo custa a fazer em nossa terra e a instabilidade de ministério não dá tempo aos ministros para iniciarem, depois do necessário estudo, as medidas mais urgentes. É preciso trabalhar, e vejo que não se fala quase senão em política, que é, as mais das vezes, guerra entre interesses individuais".
Como Cecília destaca, D. Pedro II "deixou fama de sabedoria, e comparando-se as modestas (mas importantíssimas) observações de seu diário com a verborragia demagógica de que ainda somos vítimas, e dos males que a acompanham, compreende-se que muita gente desesperada até pense em tornar-se monarquista"; mas como a própria Cecília ressalta: "... convém não esquecer estas palavras do próprio Imperador: 'Nasci para consagrar-me às letras e às ciências; e, a ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou ministro à de imperador".Há mais de cem anos, o imperador do Brasil escreveu em seu diário algo que permanece imutável, para nossa sina na Terra Brasilis:
"A falta de zelo; a falta de sentimento do dever é nosso primeiro defeito moral. Forçoso é, contudo, aceitar suas conseqüências, procurando, aliás, destruir esse mal que nos vai tornando tão fracos". Creio que a educação e os jovens, como o próprio imperador sugeriu, sejam o caminho mais efetivo para essa mudança.
Escolha o seu sonho, livro de crônicas de Cecília Meireles (foto da capa acima) é uma indicação de leitura que sugiro àqueles que gostam de beber na fonte dos clássicos da literatura, trazendo curiosas reflexões sobre o seu cotidiano que ainda repercutem em nosso dia-a-dia.
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