domingo, dezembro 02, 2007

Blog Surdo em Evidência II


Olhem só, acima, essa apresentação em slide show, postada no blog Surdo em Evidência , que tem como editora a professora Daina Pfarrius Soares. Este blog foi criado por Daina, com meu auxílio, dentro do Projeto de Informática na Educação Especial, para divulgar os projetos e iniciativas da educação especial, área da surdez, das turmas de alunos surdos da EEEF Barão de Cêrro Largo, em Rio Grande - RS, instituição pública onde está implantado o Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) Rio Grande/18ª CRE.
O Projeto de Informática na Educação Especial, do qual sou coordenador, é uma parceria de 3 anos, entre o NTE e as professoras da Educação Especial da EEEF Barão de Cêrro Largo, abrangendo as áreas da surdez, deficiência mental, visual, altas habilidades/superdotação, e este ano, incluindo a 4ª série do ensino regular, que possui alguns alunos portadores de necessidades educativas especiais (PNEEs). É uma satisfação poder contribuir, de forma direta (via projeto) ou indireta (via blog) para a divulgação das atividades e das possibilidades que o aluno PNEE pode ter de se incluir na sociedade de forma efetiva, se a própria sociedade facilitar essa inclusão. Como? A família deve se integrar mais que a escola, tendo os pais o interesse de saber Libras se o(a) filho(a) é surdo, por exemplo, buscando se informar sobre como estimular o aluno fora do ambiente escolar. A escola e os professores devem se incluir, pelo menos na discussão do processo inclusivo, antes de fechar questão sobre algo que desconhecem. Quando converso com colegas, amigos, professores ou não (online ou offline), que se dizem contra a inclusão, a primeira coisa que pergunto é: "O que sabes de fato sobre esse assunto?" Eu, particularmente, tenho 3 anos de prática e leituras, sempre estou aprendendo algo novo. Àqueles que dizem que a inclusão inicia na contramão, depositando pessoas e equipamentos, antes mesmo da capacitação do educador para lidar com essa nova situação, até concordo em parte, pois é tema complexo que requer uma ampla discussão com todos os personagens deste processo. Muitos criticam, mas quando são convidados a se intergrar, pelo menos à discussão, saem pela tangente, mesmo que nãos ejam professores de matemática (desculpem a brincadeira). Aos que dizem simplesmente que são contra por que são contra, e não têm argumentos, pois desconhecem a questão, e são apenas, como muitos formadores de opinião, comentarista do "ouviram dizer...", digo: mergulhe no debate, mas antes mergulhe fundo no assunto, visite uma sala de aula inclusiva e pergunte primeiro aos alunos se eles são contra... Verão que os alunos se integram muito mais rápido seja à tecnologia ou à inclusão do que o professor... Alunos ouvintes aprendem Libras para se comunicar com os surdos, por exemplo. Quem sabe, os jvens, por ainda não terem desenvolvido aquele pensamento cartesiano, em forma de "MRU" (movimento retilíneo e uniforme), que não muda, apesar do mundo ao redor ter mudado, e muito, principalmente a prática escolar, consigam se incluir. Claro, sabemos também da carga pesada depositada pela sociedade na escola e no professor, que o impede de cumprir com sua atribuição principal que é ensinar. Educar cabe também à família, que nem sempre o faz.
Eu, confesso: Desde que há 3 anos atrás iniciei nesse projeto de inclusão educacional, digital, e , acima de tudo, social, mudei radicalmente (para melhor). Sou mais tolerante, mais paciente, mais solidário. Meus problemas e limitações são irrisórios perto de alunos que não ouvem, mas conseguem escutar o que a tecnologia tem a lhes oferecer de auxílio inclusivo; aos alunos deficientes mentais que manifestam, via jogos educacionais, pesquisas e projetos de aprendizagem, sua visão de mundo; os alunos cegos e alguns com problemas de baixa visão e/ou coordenação motora não enxergam o nosso mundo multicolorido, mas têm a visão do futuro, de querer se integrar aos multimeios. Enfim, apesar de, como funcionário público, saber que todas essas atividades nada acrescentem ao meu salário ao final de cada mês ou ano, me sinto (sinceramente) enriquecido como educador, como profissional e como pessoa toda vez que vejo que iniciativas simples, mas sinceras, obtém resultados como esse slide show e o blog Surdo em Evidência, entre outros tantos no ciberespaço, nos demonstram. Parafraseando, Fernando, o Pessoa, digo que "Acreditar é preciso..."; acreditar mais nos seres humanos do que nas máquinas, que são e devem continuar sendo, apesar de todo avanço tecnológico, como meros coadjuvantes do processo educacional, como ferramentas, suportes e nada mais que isso. Desculpem-me ser recorrente, mas para mim, devemos humanizar a máquina ao invés de tentar robotizar as pessoas. Parabéns a Daina, e também as demais professoras da área da surdez, Kátia, Cleusa e Elizete pelo seu profissionalismo e competência. Mas parabéns também aos alunos, que sem a sua interação, nada disso seria possível. Com alguns deles consigo conversar melhor, via MSN, pois ainda não sei a Libras, coisa que ano que vêm, se puder, pretendo aprender. Aprender é preciso... Incluir-se no debate, mais ainda. Um bom fim de semana a todos!