domingo, junho 24, 2007
Há 20 anos atrás, quando iniciei em meu primeiro emprego, saber datilografia era sinônimo de ter chances de conseguir bom trabalho. Cheguei, certa vez, a iniciar um curso de datilografia, mas problemas de saúde me fizeram interromper. Depois problemas financeiros, de retornar...
Quando vim, em 1982, da pequena cidade de São José do Norte, vizinha de Rio Grande, com avó doente, tia e irmão, lembro que conhecia apenas algumas ruas do centro. Eu e Marco, aos fins de semana - e até hoje meu colega Mauro brinca, por causa desse comentário - saíamos com o mapa do Rio Grande, sem destino, bem Easy Rider mesmo, só que a pé, e não de motocicleta, como no filme citado. Íamos indo até onde a curiosidade e as pernas levavam. Depois, abríamos o tal mapa, tentavamos nos localizar, e íamos retornando pro centro. Coisa de garotos do interior... E foi assim que acabei conhecendo boa parte da cidade onde vim morar, e onde estou há 25 anos... Aqui constituí família, arranjei emprego e fixei raízes.
Mas, voltando a datilografia... No meu primeiro, em 1987 (quando estava ameaçado de deixar o curso de direito por não ter como pagar a passagem de ônibus...), devo a permanência, graças ao ex-colega e pra sempre amigo Raul Vaz, que nos primeiros dias, vendo-me como um "dedógrafo" sem futuro, me avisou: "Magrão, vais ter que fazer urgente um curso de datilografia, pois aqui tem muito serviço, e assim, catando milho, não ficarás por muito tempo". Não sei se a necessidade ou a dedicação e facilidade que tenho de fazer coisas novas, justo pela aglutinação da curiosidade com a dedicação, logo a passei a ser um "dedógrafo" de alto desempenho, e ali fiquei, até passar no concurso para secretário de escola, em 1992. Para esse cargo não era preciso datilografia, e sim para o auxiliar administrativo. Mesmo assim, muito histórico fiz, corrigi e assinei; até receber convite para ser assessor jurídico, na área da educação da 18ªCRE, depois, fiz curso para técnico de informática, uma área que sempre me interessou, vindo a trabalhar no NTE - Núcleo de Tecnologia Educacional, onde acabei sendo coordenador e multiplicador... Em 2000, passei no curso para ao magistério público estadual, para dar aula de Direito e Legislação, ficando em 2º lugar, onde apenas 3 foram aprovados. Como não tinha o complemento pedagógico, esquema I, e não pude assumir... Justo a melhor colocação em concurso que já tinha obtido. A partir dali, voltei aos estudos, fiz uma especialização em História do Rio Grande do Sul, faço outra em Tecnologia Educacional, um Mestrado em História da Literatura, e não paro mais... Ainda falta ainda o tal esquema I. Ano que vem, quem sabe...
Quanto a datilografia... Hoje, quem não possui curso de informática e boa digitação, não consegue um bom emprego... Nesses 25 anos, o mundo mudou muito, caíram muros do lado do leste europeu, levantam-se muros na fronteira entre EUA e México, Israel e Palestina... E em certos momentos, ouço Elis Regina cantar: "Ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos pais"... Será? O que importa é que entre a datilografia e a digitação, mudou-se o equipamento, mas não a forma de encarar os desafios do trabalho... Hoje, trabalho com informática educativa, e me sinto realizado com os projetos que desenvolvo, mas sou alguém sempre buscando inovações... E novos desafios.
Observação: A imagem acima, extraída da internet, intitulada "Typewriter" de BloodXorange (pseudônimo do autor), lembrou-me história contada por amigos, de que uma menina que recebeu a visita de uma coleguinha, e esta viu uma antiga máquina datilográfica num canto da sala, exclamando: "Olha só, uma impressora com teclado!" Olha só, digo eu: "Éramos modernos e não sabíamos, unindo dois equipamentos num só, e hoje temos o microcomputador e mil apetrechos periféricos". Risos. Nada como um dia após o outro... Quanto aquele mapa antigo, perdeu-se na memória, como outras coisas, boas e outras nem tanto, que quando vou fazer algo, reviro toda casa, e logo relembro, como essa postagem me proporcionou fazer...
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