sexta-feira, agosto 01, 2008

Uso precoce do computador?


A maior fonte de inspiração que tenho para os meus post's e comentários são às vezes decorrente de conversas com amigos, ou leituras de suas publicações em seus blogs.
Lendo postagem no blog Caldeirão de Idéias, de meu amigo e colega Robson Freire, Itaperuna-RJ, intitulada Professor combate o uso precoce do computador , fiquei fazendo minha própria reflexão. Sugiro a leitura na íntegra do texto, no link abaixo.

Professor combate o uso precoce do computador

Hoje, falar em precocidade é relativo. Os tempos modernos de hoje são totalmente diversos dos tempos modernos retratados por filmes como o de Charles Chaplin. A atual geração educa-se a distância, via televisão, ainda no berço, sejam com desenhos instrutivos ou não. Mesmo os desenhos animados que não são abertamente consumistas, geram um consumo indireto com a venda de bonecos, cadernos, tênis, roupas, etc. Quando eu era menino, roupa de criança era roupa de criança, e não tinha esse apelo de estampas de super-heróis e de personagens de histórias em quadrinhos. Vestia-se com o que o dinheiro podia pagar, e que sempre foi curto demais lá em casa... Mas entre altos e baixos, salvaram-se todos. Hoje, cada vez que se leva um filho para escolher uma roupa, calçado e até brinquedo é uma pequena odisséia, diante da variedade de itens, e a dificuldade de os preços se encaixarem no orçamento familiar. A televisão já se instalou no imaginário infanto-juvenil, assim como o videogame, e agora o microcomputador e a internet, até que surja outra revolução tecnológica. Quem tem filho pequeno sabe como eles monopolizam a TV. É preciso estipular horários e restringir certas programas, de acordo com a faixa etária da criança. Mas quais pais que de fato fazem isso? Eu ainda consigo, pois meu bebê tem apenas 3 anos e meio, e adora assistir o canal Discovery Kids. Mas quem não possui esses recursos, e que os filhos crescem vendo programas permissivos, travestidos de shows de realidade? Apesar disso, pode-se conversar com os filhos sobre certos programas e seus conteúdos.
Segundo publicação do Caldeirão de Idéias:
"Valdemar Setzer, titular do Depto. de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, defende que o computador seja utilizado somente a partir dos 17 anos, admitindo que isso hoje é ‘meio utópico’. Para ele é preciso barrar a tecnologia na rotina das crianças, pois pode ser prejudicial".
Vejam a íntegra de sua entrevista a revista Veja, no link abaixo, e façam suas próprias conjecturas:

Escolas High Tech

Entretanto, apesar de uma parte da argumentação do professor Valdemar ser válida, outra realmente é utópica. Hoje, barrar o acesso à tecnologia às criança e jovens, impondo limites, ou sugerindo-os, em torno dos 16, 17 anos, além de improvável é impossível. Primeiro, pelo fato de que vivemos no olho do furacão de uma nova revolução tecnológica, com uma parafernália que é o sonho de consumo não apenas de jovens mas também adultos. Segundo, que a grande crise da educação é familiar e nem tanto escolar. A escola recebe uma criança aos 7 anos com todas as qualidades e defeitos que a família, por ação ou omissão, sobre essa criança depositou. Se os próprios pais se julgam impotentes perante 1, 2 ou 3 filhos, que deixamos para um professor com 30 ou mais "rebeldes sem causa" em um mesmo local, que além de nem sempre ter a infra-estrutura adequada de trabalho (recursos humanos e financeiros), nem sempre pode tomar atitudes disciplinares; pois pais de filhos rebeldes (distantes a maior parte do tempo do filho) não aceitam as atitudes tomadas por professores e escolas, tentando compensar diante dos filhos sua ausência, com uma defesa intransigente de comportamentos injustificáveis!
Volto a frisar que, para mim, o computador e os meios eletrônicos por si só mal nenhum causam a alguém, desde que usados com moderação e bom senso. Quem faz uma máquina ser nociva a quem quer que seja é o seu usuário. Sim, atualmente, os maiores usuários de drogas e de equipamentos tecnológicos são as crianças e os jovens, na maior parte por conta da omissão dos pais e/ou responsáveis que não impõem limites ainda quando a criança está formando sua personalidade. Limites e não proibições. Não adianta proibir sem explicar o motivo, nem apresentar uma compensação. Depois, a escola é que arca com o ônus da destrutura do modelo familiar.
A sugestão do prof. Setzer seria válida, quem sabe, numa escola, tipo internato, com regras rígidas, em que aos alunos não fosse permitido acessar a tecnologia nem conviver com colegas que estas possuem. Ou então, numa proposta inovadora de conciliar o tecnológico com o lúdico, da arte com o fato, na criação de artefatos culturais - brinquedos, jogos, danças, teatro, etc - dentro de um currículo escolar dinâmico. Mas ai requer mudança de valores culturais de uma sociedade. Algo que leva tempo e investimentos de todos os atores sociais envolvidos na questão.
Quando eu era menino - e computador só existia em filmes de ficção científica e em grandes corporações industriais e bancárias -, eu fazia os meus próprios brinquedos: carrinhos com lata de leite em pó cheios de areia, presos com arame e puxados a cordão; pipas ou pandorgas; carros de lata de óleo; bonecos feitos de papelão, desenhados e pintados por mim e meus irmãos, imitando os super-heróis da TV; etc. Era uma prática saudável e de custo irrisório, pois aproveitávamos a sucata do dia-a-dia, e se estragava, logo o próximo material que deveria ir pro lixo já era incorporado ao nosso mundo de criança. Fazíamos educação ambiental sem saber disso...
Atualmente, para voltar a esse tempo, só vejo duas formas, ambas complexas: através de alguma máquina no tempo, o que a ciência ainda busca, mas parece no momento improvável, embora não de todo impossível; ou tentar mudar o modelo atual de consumismo da sociedade, o que para mim é mais difícil do que criar uma máquina do tempo!
Porém, apesar de possíveis exageros, tantos meus como do professor Setzer, pode-se tentar o meio-termo da pacífica convivência entre o tecnológico e o lúdico. Mas para isso, família e escola têm que se unir e trabalhar em conjunto, pois de nada adianta a escola motivar por um lado e a família puxar para o outro lado (ou vice-versa) neste cabo-de-guerra que se tornou o ato de educar e ensinar em pleno final de século XX e início de século XXI. A educação é um compromisso de todos - parafraseando lema de campanha institucional. Todos, para mim, representam o estado, os professores, os pais, os alunos, enfim, toda a sociedade.
Acho que algumas propostas inovadoras - como da amiga e colega, a profª. Vilmabel Gibon, e de seu Livro Teatro Pedagógico, que comentei a alguns post's atrás -, que trabalham a questão do brinquedo, da dança e do teatro na educação vêm de encontro, tanto ao que penso, como da proposta do professor Setzer.
Mas o computador, a internet, os multimeios em geral não precisam ser banidos do meio educacional, pelo contrário. Requer apenas serem monitorados por pais em casa. E, se usados no contexto escolar, serem utilizados dentro de propostas que conciliem o ensino e a aprendizagem, junto com a questão lúdica, tanto para jovens como adultos. Em minhas atividades como especialista em tecnologia educacional às vezes sou o aprendiz, graças aos multimeios e recursos como msn, orkut, chat, etc., em que às vezes aprendo com alguns de meus alunos, jovens de 10, 12, 16 anos, todos dentro da idade que o prof. Setzer desaconselha o uso do computador. Em projetos com o uso da informática na educação especial vejo como o computador transforma alunos ás vezes apáticos com popostas tradicionais se tornarem jovens criativos, interagindo em grupos. Afinal, tudo na vida tornou-se relativo, desde que Albert Einstein formulou a sua teoria da relatividade... E Einstein, segundo sua biografia (que li muitos anos atrás), quando jovem, foi considerado incapaz pela maioria de seus professores e seus pais. Toda avaliação também pode ser relativa...

Observação: Imagem acima, colagem de minha autoria, feita do forma artesanal, usando recortes de revistas antigas, tesoura e cola bastão, e digitalizando o resultado para o computador. Uma mescla de artesanato e tecnologia.

3 Comments:

Blogger Robson Freire said...

Olá amigo Zé

Que maravilha de postagem. Você é realmente um artista, um magico com as palavras. Que reflexão bem feita e bem humorada (alias o que anda faltando ao mundo atualmente). Essa é a proposta do Caldeirão de Idéias levar textos que iniciem a reflexão individual e coletiva através da rede física e virtual. Mas nas minhas buscas na internet eu descobri a sua solução para "Ou então, numa proposta inovadora de conciliar o tecnológico com o lúdico, da arte com o fato, na criação de artefatos culturais - brinquedos, jogos, danças, teatro, etc - dentro de um currículo escolar dinâmico. Mas ai requer mudança de valores culturais de uma sociedade".
Dá uma olhada no Caldeirão de Idéias que a resposta esta lá, inclusive seu nome.
Você vai gostar.
Abraços e Parabéns do amigo
Robson Freire

23:56  
Blogger Unknown said...

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