quinta-feira, dezembro 27, 2007

Educação pública de qualidade é possível


Muito se ouve e se lê sobre os problemas da educação pública no país, ás vezes por pessoas de fora da educação, que não conhecem as reais condições de trabalho de educadores e gestores para exigir um padrão de qualidade, tipo "ISO 9000". Como tenho discutido em artigos de opinião, publicados em jornais da região, e em algumas postagens deste blog, a educação pública é o resultado da sociedade em que vivemos, onde carece investimentos também em saúde, segurança, etc. Muitas vezes faltam equipamentos, formação e capacitação continuadas, remuneração digna e justa, etc., etc., etc. Mas a bem da verdade, de uns tempos para cá, nunca as escolas públicas e os servidores receberam tantos equipamentos (TV, DVD, microcomputadores, etc.) e cursos de capacitação, oferecidos pelo MEC em parceria com os estados brasileiros.
Curiosamente, matéria extraída do portal Yahoo! Brasil, traz uma interessante notícia sobre o desempenho de alunos da rede pública e privada no ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio, onde consta que:
"Os melhores alunos da escola pública tiveram nota maior que os estudantes da rede particular no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Estudo feito pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que a diferença na média passa dos nove pontos na prova de redação. Na prova objetiva, o grupo da rede pública teve nota 68,77, enquanto o da particular ficou com 68,72. O estudo considerou os 149.430 alunos de escola privada que concluíram o ensino médio em 2006 e participaram do exame. As notas desse grupo foram comparadas às dos 149.430 melhores formandos da rede pública.
De acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, a intenção era a de analisar dois grupos com o mesmo número de alunos, já que o total de participantes da rede pública é muito superior ao da particular. 'É equivocado dizer que a escola particular é uma elite com relação à pública porque também dentro da escola pública há uma elite', afirmou o ministro.
Os números mostram que a maioria desses alunos está nas regiões Sul e Sudeste e a maior parte deles, cerca de 41 mil, no Estado de São Paulo. Mas o Rio Grande do Sul tem a maior proporção de estudantes (32,7%) entre os que participaram da prova que estão entre os melhores da rede pública. O estudo realizado pelo MEC chama a atenção porque, tradicionalmente, estudantes de escolas públicas se saem pior em exames como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o próprio Enem. Se forem consideradas as notas médias gerais dos 602.232 concluintes do ensino médio público que participaram da prova neste ano, o desempenho foi mais de 20 pontos abaixo do registrado entre alunos da rede particular".

Conforme consta, as informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Para ler a matéria, basta clicar no link abaixo:

Enem: elite da rede pública supera alunos da particular

Sou suspeito para falar em educação (trabalhando há 15 anos na rede pública), já que sempre estudei e continuo estudando na rede pública, do ensino fundamental e médio ao superior e pós-graduação. E nem creio que seja esse o objetivo da educação nem de exames como o Enem, de fazer uma competição entre ensino público e privado. Mas é bom ter acesso a esses dados para desmistificar certas inverdades que alguns formadores de opinião divulgam como a verdade cabal por quem está de fora da educação: de que a educação pública está falida. Problemas existem, e não são poucos e nem de hoje... Depois de Einstein ter criado a teoria da relatividade, para mim, tudo ficou relativo na vida e no mundo, e antes mesmo dele já era... O verdadeiro debate deve ser o de fortalecer a escola e a educação, seja qual for seu mantenedor (público ou privado) como forma de fortalecer nossa Nação; e ter como um referencial, não a posição entre nós mesmos, de saber que gaúchos, paulistas; estudantes do sul e sudestes estão a frente das demais regiões. Não dá para sair pregando que tal região têm a melhor educação do país, quando tais dados são apenas um referencial. O verdadeiro referencial seria comparar esses índices com outros países, primeiramente da região sul-americana, depois com os demais pelos 5 continentes. Senão, ficamos naquela de nos vangloriarmos de ficar em terceiro lugar num ranking que tinha apenas 4 (um exemplo apenas e provocação fraterna apenas). A César o que é de César... Valorizemos a atuação do MEC, as parcerias de alguns estados, mas também, lembremos da importância do educador brasileiro, seja da rede pública ou privada, que alheio a esses índices e, principalmente, aos reduzidos índices de reposição salarial (quando ocorrem), que continuam fazendo diariamente o seu melhor e fazendo sim a diferença afinal...
Parafraseando o título de livro de João Ubaldo Ribeiro (que não li ainda): "Viva o Povo Brasileiro!" Viva a educação de qualidade, independente de seu mantenedor. Educação pública de qualidade é possível e exemplos não faltam, pena que a maioria das rádios, tevês e jornais preferem divulgar apenas os atentados, seqüestros, acidentes, catástrofes, fofocas de artistas e outras coisas mais que existem de fato. Porém, o mundo real é muito mais que apenas tragédias e comédias... Existem coisas boas e edificantes a serem vistas e contadas. Essa notícia é uma delas, que fiz questão de destacar. Mas não creio que a TV aberta brasileira, que resume-se atualmente num grande comercial com intervalkos para mostrar alguma programação vá dar o mesmo destaque, ora por questões ideológicas, ora por questões mercadológicas. E as questões pedagógicas, sempre ficam em segundo plano, infelizmente... Que em 2008, essa e tantas outras notícias motivadoras tenham o devido espaço na mídia em geral.
Observação: Imagem acima, colagem de minha autoria, a partir de recortes de jornal, escaneada tempos atrás e passado um filtro, tornando-a uma espécie de pintura a óleo.