sexta-feira, maio 25, 2007

Sociedade familiar

Nesse blog, falo de tudo um pouco, preferencialmente sobre Educação e Tecnologia. Mas, hoje de manhã, antes de vir pro trabalho, assisti a breve entrevista no Bom Dia Rio Grande (RBSTV), com juiz da Infância e da Adolescência sobre questões de adoção de crianças, que me chamou a atenção, por eu ser um educador; e pensar que todos temos um papel educativo na sociedade, trabalhemos em escola ou não.
Peguei a matéria pela metade e não consegui saber nome do juiz, nem local, mas isso são detalhes... O importante mesmo é que sua fala foi bem esclarecedora. Entre algumas, disse que: a maioria dos futuros adotantes procura crianças brancas e bebês de menos de um ano, embora o maior contigente pra adoção estejam entre 11 e 14 anos... Mas o que mais me chamou a atenção foi o juiz dizer que adoção não é caridade, e que a pessoa que deseja adotar uma criança deve fazer por causa da vontade de ser pai/mãe. O que concordo plenamente. Caridade se faz, contribuindo com trabalho voluntário ou dinheiro pra instituições filantrópicas e de apoio à criança e ao adolescente. Adotar alguém é trazer pra sua família, ser este um "ser" a mais na família, sem regalias nem discriminações. Hoje vivemos um tempo em que a sociedade familiar está em pleno processo de desestruturação; bastando assistir pela TV, rádio, jornal (ou em torno do próprio umbigo) notícias de violência doméstica contra idosos, abuso sexual contra crianças dentro do próprio seio familiar da vítima, etc. Desestruturação que vem desembocar na escola e mais especificamente no professor em sala de aula. Que muitas vezes é pai/mãe de um, dois ou três, e recebe mais 20, 30 ou 40 "filhos" de outros. Pais de filhos problemáticos, muitas vezes são pessoas problemáticas que geram filhos dentro de um modelo equivocado, feito à sua imagem e semelhança. Nesse ponto a escola fica impotente pra resolver tais questões extra-classe, quando quem deveria ajudá-la é, não raras vezes, o causador de tamanhos desajustes sociais. Via de regra, os pais que colaboram e participam da vida escolar de seu filho são os que estão sempre presentes na escola, ouvindo nas reuniões com outros pais; o que os progenitores omissos e ausentes deveriam saber. Claro, existem ausências por força de compromisso ou do trabalho, mas isso não impede de eventualmente ir à escola ou fazer contato via fone, e-mail etc. E quando vão tais pais problemáticos na escola, são pra defender comportamentos indefensáveis de seus filhos. Não adianta tapar o sol com a peneira nem culpar os outros pelos erros de cada um... A Escola da Vida não é tão solidária como a escola tradicional. Naquela, o "ensino a distância" é extremamente "padrasto", no sentido pejorativo que tal termo recebeu, ironicamente a partir de alguns contos de fadas. Adotar uma postura ética e cidadã, o grande desafio da sociedade atual, onde os filhos são educados pela TV e outros meios eletrônicos, antes mesmo de entrarem para os bancos escolares. Por falar em "educação bancária" ou para o trabalho, à escola pública compete educar para a vida, para que cada aluno faça suas escolhas por si só. Mas o primeiro educador na vida de uma pessoa (sempre digo e repito) são seus pais e/ou responsáveis, e não adianta delegar à escola ou a TV tal obrigação. É o que penso e repenso e a todo momento. Adotemos sempre uma postura crítica e construtiva, sejamos pais-educadores ou educadores-pais... A casa é a primeira escola de cada um.
Observação: Imagem acima extraída da internet, intitulada "Dreaming of Balloonia", de Madelaine (pseudônimo da autora).

1 Comments:

Blogger Suellen Rubira said...

Zé posso te dizer que convivo com esse conflito todos os dias. Meu filho tem 5 anos, praticamente 6, e sempre me questiono se estou o educando da forma correta. Essa parte da vida escolar até que eu cumpro bem. Dou valor a seus trabalhinhos e não dou moleza qdo ele vai de castigo por alguma maneira. Essa coisa de delegar à escola uma obrigação nossa é algo que já deveria estar extinto. Existem tantas fontes de problemas nesse país que não dá pra enumerar as causas. Essas crianças que "sobram" nos orfanatos param na rota do crime sexual. E nós, onde paramos?
Abraços!

16:04  

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