domingo, maio 13, 2007

Rádio e Projetos Pedagógicos

Com base na leitura do material disponibilizado no Módulo II – Rádio, do Curso de Extensão a distância Mídias na Educação (UnB), para a atividade 2, pude perceber as grandes possibilidades que se abrem para o uso do rádio dentro da escola, com a participação da comunidade escolar. Experiências com rádios educativas e comunitárias, mas acima de tudo, com projetos como as rádios restritas, que tem alcance de 100 metros, em torno da antena instalada dentro da escola e que remete em determinada freqüência o sinal de rádio para as caixas acústicas distribuídas dentro do estabelecimento de ensino. Com certeza, dispor de um recurso como o rádio, que é acessado pela maioria da população, como meio de interação sócio-educativo é uma grande possibilidade de socializar o conhecimento no entorno da escola também.
Pesquisei os projetos sugeridos no módulo, como: Rádio Escola, do MEC, ouvindo o tocador do programa, acessei inclusive a site da mesma na internet; rádio Educom, promovida pela prefeitura de São Paulo, grandes iniciativas do poder público, que podem ser acessadas nos endereços já citados em postagens anteriores. Mas o que mais me chamou a atenção, foram iniciativas populares como a Rádio pela Educação, dos municípios de Santarém e Belterra, no Pará, que mobilizam 2 municípios, 400 escolas, 1.100 professores e 35 mil alunos, levando seu sinal e programação a um considerável número de alunos e a comunidade. Cynthia Bezerra, idealizadora do projeto diz: “é possível perceber a vocação radiofônica da cultura brasileira comparando o número de emissoras da TV e rádios: são 10 grandes redes de televisão no país e 2.826 estações de rádio comerciais licenciadas. Além disso, estima-se que existam cerca de mil rádios comunitárias em todo o país e cerca de cinco mil estações operando em baixa potência. E com a regulamentação para rádios comunitárias e a ampla difusão do direito de uso do veículo rádio pelas comunidades, associações e grupos locais, estima-se que este número aumente consideravelmente nos próximos anos”; consta também que o projeto visa o uso da comunicação para dinamizar as aulas dentro das salas, com o uso de temas transversais e da realidade local em seus conteúdos programáticos, propondo a interação entre professor, aluno e comunidade escolar, com a utilização de vários formatos de programas: radionovela, jornal informativo, etc. Cynthia conclui: “A continuidade nesse processo de educação, informação e difusão de conhecimentos por meio do rádio somente contribuirá cada vez mais para o exercício pleno da cidadania com conteúdos que subsidiem o desenvolvimento do senso crítico e a construção e novos valores nas comunidades escolares, a partir da experiência em sala de aula”. O que concordo plenamente, fazendo uma analogia do rádio escolar com o laboratório de informática. Em ambas, se forem usados e pensados apenas como espaços de profissionalização ou recreação, foge a função social e educacional que é de emancipar o aluno.
Outro interessante projeto pedagógico com o uso da educomunicação é o da Rádio Voz da Liberdade, dirigida por crianças e adolescentes, em Nova Olinda, no sertão do Ceará, cidade com 11 mil habitantes, atingindo também as localidades de Altaneira, Santana do Cariri e Assaré, atividade mantida pela Fundação Casa Grande, divulgando informações, músicas a artistas da região. Outro projeto interessantíssimo é o da cidade de Itabuna, BA, em que uma lei municipal avançou no uso da radiodifusão comunitária com caráter educativo, gerenciada por um Colegiado Escolar, formado por pais, alunos, funcionários e direção da escola, que administram a rádio e definem a programação da mesma. Mais do que socializar a informação e o conhecimento através da educomunicação, tais empreendimentos possibilitam a produção da informação e do conhecimento pela própria comunidade, o que poderá num futuro - espero não muito distante -, influenciar a própria programação das rádios comerciais, já que a programação destas é feita, como na TV, em função de índices de audiência. Como hoje são a rádio e a TV que determinam o que devemos ouvir e gostar, mudar essa lógica invertida é um grande passo pra democratização dos espaços de rádio e telecomunicações, afinal, ambas são concessões do poder público e deveriam, mesmo que tenham o enfoque comercial, privilegiar em sua grade de programação um percentual de programas sócio-educativos.
Fazendo minhas as palavras às pág.8 do tópico Projetos de Educação em Rádio, referindo-se ao projeto Educom, da prefeitura de São Paulo, e que deveria servir de lema a todos os que labutam não apenas em escolas, no serviço público, mas pra qualquer cidadão do mundo, que repito e peço comentários e reflexão dos colegas: “Os resultados alcançados reafirmam a importância de que é melhor se fazer algo, mesmo com todos os obstáculos, do que permanecer imobilizado diante dos desafios. Os frutos aparecem logo”. Muitas vezes ficamos no que chamo de “discurso fácil dos problemas difíceis”: falta infra-estrutura, equipamentos, recursos humanos e financeiros, etc etc etc. E ai, muito cruzam os braços e esperam, esperam, esperam... Mas esses projetos que citei, muitos deles elaborados em regiões com graves problemas sócio-econômicos, mostram-nos que com iniciativa, planejamento e envolvimento da comunidade o impossível pode se tornar realidade. E por fim, destaco o inciso IX, do art. 2º, da Lei 13.941, de 28/12/2004, que instituiu o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio, no Município de São Paulo, que trata dos objetivos do programa, e que diz: “aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas ações de prevenção de violência e de promoção da paz, através do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a comunicação”. Prevenção da violência e promoção da paz, duas iniciativas que são urgentes não apenas na escola, mas em toda a sociedade brasileira.
Esta atividade, como todas as desse módulo Rádio, além de elucidativas para mim, cursista, têm sido muito prazeirozas pela reflexão que nos propõem, e, acima de tudo, pelas ricas possibilidades de uso das mídias em geral, e do rádio, em especial, para qualificação do processo de ensino-aprendizagem, pois cada leitura nos remete a experiências exitosas e nos desencadeiam um leque de possibilidades de adaptação a nossa realidade local, respeitando a especificidade de cada região.
Obs.: Para saber mais, coloco abaixo as sugestões dos colegas Walmor (1 a 4) e Maristela (5 e 6): O primeiro link pode ser acessado clicando no título dessa postagem.
http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/
bancoprojeto1a4/radio/default.asp
http://novaescola.abril.com.br/ed/165_set03/html/radio.htm
http://coralx.ufsm.br/radio/rescola.html
http://www.radiolivre.org./
http://www.mc.gov.br/
www.usp.br/nce/