quinta-feira, novembro 15, 2007

A iconosfera e a tecnologia educacional

Participando de forum do Curso de Mídias Integrados à Educação - Ciclo Intermediário - Turma Sul/Norte (UnB), cujo o tema principal é TV e Vídeo: desenvolvendo projetos audiovisuais educativos, e lendo o farto material, me deparei com um termo que desconhecia, chamado ICONOSFERA. Ou seja, o mundo de imagens que a atual geração está vinculada, desde jogos, vídeos, programas, softwares, etc, em que o apelo visual é maior que os demais. Como consta em um dos textos disponibilizados aos cursistas: "(...) para que se seja capaz de preparar o aluno para viver no universo das imagens, na iconosfera, e também para formular planos curriculares sensíveis à realidade desse universo particular, torna-se necessário investir na formação dos profissionais engajados nessas práticas. Mas não basta o contato com as tecnologias existentes, conhecer as técnicas de sua utilização. O mais importante é fazer uma utilização crítica desses aparatos e de suas linguagens, para que se enriqueçam as práticas pedagógicas". E nessa discussão, a colega Sônia propôs uma reflexão que achei interessante me engajar. Perguntou ela: "Eu tenho uma grande preocupação e quero desde já dividi-la com o grupo. Pesquisas apontam que a inserção de novas mídias (computadores) na escola tem PIORADO a educação. Ou seja, os alunos que usam computadores, sabem menos matemática, português, etc. Isso é sério! O computador parece estar sendo, não um aliado à aprendizagem e sim, "um brinquedo a mais". O que nós vamos fazer com isso? Suscitar uma nova pesquisa para confrontar dados? Calar?"
Eu respondo que também tenho essa preocupação de que a inclusão digital tenha sentido e significado para os dois pólos educacionais: professores e alunos. E confesso que é uma preocupação pertinente pois a máquina, por mais potente e sofisticada que seja, nada faz além do que receber e pôr em prática comandos. Sabemos que a TV e o vídeo, em boa parte das escolas têm um aspecto recreativo e nem tanto pedagógico, e o computador não fugirá a regra, por ser um equipamento apenas. Se a escola não tiver um projeto de inclusão digital bem definido, organizado pela equipe diretiva e professores interessados nessa nova proposta, o que ocorrerá é o que já sabemos de antemão: projetos individuais de educadores dedicados, capacitados e interessados darão a falsa impressão de ser uma iniciativa da escola, quando na verdade pode ser apenas de um educador. Se a escola não se inclui no debate, e deixa a cargo de cada um, não haverá uma inclusão digital eficiente, e sim uma eficiente proposta individual que dará respaldo a uma instituição. Penso que o processo educacional de inclusão digital, bem como de todo tipo de inclusão escolar, é feito muitas vezes na contramão: são incluídos pessoas e equipamentos no ambiente escolar, antes mesmo da capacitação e da discussão de como fazer bem feito essa inclusão. Educação não é auto-escola. E até lá, não se dá o veículo primeiro, para depois dar o treinamento. Essa atitude me lembra crítica feita pelo escritor, poeta e historiador literário Ronald de Carvalho, no jurássico ano de 1919, em seu livro Pequena História da Literatura Brasileira onde dizia , em outras palavras, que havia em nossa cultura muita improvisação e pouco planejamento a longo prazo. Planejar é preciso. Senão a informática vira mesmo "um brinquedo a mais". Se o computador e toda a mídia não tiver um planejamento eficiente, com certeza, mais atrapalhará do que ajudará a prática escolar. Melhor então investir na biblioteca escolar, que apesar de não ter o apelo visual, leva o aluno a exercitar à imaginação.
Como declarou Pier Cesare Rivoltella, filósofo e especialista italiano em Mídia e Educação da Universidade Católica de Milão, em entrevista a Revista Nova Escola, ed. nº 200, mar/2007, p. 15-18, o professor moderno pode ser um mídia educador, mas para isso, deve haver uma equipe de planejamento e outra de produção, o que sabemos de antemão envolve tempo e recursos humanos e financeiros, tão raros de obtenção. É o paradoxo da modernidade: muitos educadores sabem e querem fazer a diferença, mas não tem condições ideais de pôr em prática suas idéias. Os que conseguem tal "façanha" são os educadores multifuncionais (que acumulam diversas funções numa escola), e que se dedicam além de suas atribuições e carga horária. Não podemos exigir deles tal dedicação sem o mínimo de infra-estrutura. Esses fazem a diferença, não raras vezes, por desprendimento pessoal, mais do que por projeto de escola e/ou de governos. Penso que a equipe diretiva deve ser a locomotiva de todo projeto escolar inclusivo, com o uso dos multimeios ou não. E se isso fizer, aí sim, os demais vagões se agregam ao processo em curso.
Quanto a calar. Jamais, se nossos projetos de trabalho são extensão do projeto maior de vida, e se acreditamos na educação de qualidade. Parafraseando o grande "filósofo contemporâneo da juventude transviada", Jean-Claude Van Damme (sic): "Retroceder, nunca; render-se jamais". Risos.
Eis curiosa reflexão: "(...) hoje, pensar em um cidadão que não tenha a necessária participação tecnológica é pensar em um cidadão alienado e sem a possibilidade de entender em que sistema econômico ele está vivendo ou sobrevivendo". (MEHEDFF, 1996: p.147)
Observação: Imagem acima, extraída da internet, do endereço
http://farm1.static.flick.com

1 Comments:

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Se a escola não tiver um projeto de inclusão digital bem definido, organizado pela equipe diretiva e professores interessados nessa nova proposta, o que ocorrerá é o que já sabemos de antemão: projetos individuais de educadores dedicados, capacitados e interessados darão a falsa impressão de ser uma iniciativa da escola, quando na verdade pode ser apenas de um educador.
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