terça-feira, outubro 09, 2007

O efeito poltergeist

Semana passada, na 6ª-feira, pela manhã, com meus alunos que são professores cursistas de Informática Educativa Básico 2, e hoje a noite, com outra turma (básico 1), diante da forte chuva que caía lá fora do NTE, comentei sobre o "efeito poltergeist", e todos riram, lembrando-se daquela cena antológica em que (não me recordo bem) o pai se dirige aos filhos, ou o irmão a irmã, dizendo que se contasse a quantidade de segundos entre um trovão e outro, se aumentasse, era sinal que a tempestade estava indo embora, e se diminuisse que estava se aproximando... Acho que todos da minha geração, e todos que assistiram a filmes que tinham mais enredo do que pirotecnia e o suspense era sugerido, e não apenas a base de doses maciças de efeitos visuais, computadorizadas, devem se lembrar daquela cena. Meus alunos, todos professores e servidores estaduais da rede pública ficaram felizes pelo fato de que em ambos os dias, os segundo aumentaram entre um trovão e outro, e confesso que eu também. Risos.
O curso básico 1 dá ênfase a aspectos tecnológicos, para quem nunca mexeu num microcomputador ou tem noções vagas. Já o básico 2 tem um enfoque mais pedagógico de propor formas de utilização das mídias no ambiente escolar, tanto no setor administrativo como sala de aula.
Hoje a noite mesmo, antes do término da aula, em que inciamos o conteúdo sobre internet, comentei que além do cinema, HQs e álbuns de figurinhas foram minhas formas de adquirir cultura geral antes e durante o ingresso na escola. Aprendi sobre o nascente e poente do sol, em uma história em quadrinhos do Mickey Mouse. Nos álbuns de figurinhas, aprendi, nos anos 1970, sobre ciências, arte, literatura e cultural geral. Atualmente, tanto desenhos animados, álbuns, e toda a produção destinada ao público infanto-juvenil tem o aspecto mercadológico acima do pedagógico. O importante é mais estampar ícones de desenhos japoneses, e outros estranhos personagens em cadernos, lápis, tênis, roupas e tudo mais, para cobrar muito mais, do que passar valores éticos, morais e didáticos. Esse é um assunto que vira e mexe torno a tocar, pois vira e mexe sempre repete-se as mesmas histórias sem pé nem cabeça em programas infantis...
Como comentei em postagens anteriores, meu filho Allan, de 2 anos e meio, só assisti ao canal de TV a cabo Discovery Kids. Um investimento (e não despesa) que se fez necessário diante da programação discutível das TVs abertas... Temos tentado afastá-lo do consumismo (coisa impraticável em tempos globalizados), mas convivendo com outras crianças, em escolinha/maternal, logo já incorporou certos gostos como carrinhos da coleção Hot Wheels, que nunca falamos em casa. Isso é um outro tipo de efeito poltergeist também; pois por mais que tentemos não entrar na onda consumista, logo acabamos comprando coisa que não precisamos, seja através da propaganda subliminar, seja da propaganda explícita dia após dia... E logo, sem perceber, estamos também trocando de celular, TV, PC, impressora e outros equipamentos eletroeletrônicos pelo simples fato de que com a atualização tecnológica, logo ficamos sem peças de reposição... Então, só nos resta contar os segundos, minutos, dias, no máximo meses, entre um novo lançamento de uma bugiganga qualquer e a nossa adesão ao efeito poltergeist globalizante, pois nosso equipamento torna-se obsoleto, com menos de 1 ano, e temos que substituir por um clone de qualidade cada vez mais duvidosa... Assim caminha a humanidade, pagando cada vez mais caro por produtos cada vez mais inferiores... Não me espanto mais com filmes como poltergeist, mas continuo me espantando diariamente com o efeito que se abateu sobre todos nós, tentemos ou não fugir de disfarçados relâmpagos e trovões...