quarta-feira, outubro 10, 2007

O efeito borboleta


Fim de semana passado assisti ao filme Efeito Borboleta, e depois loquei o Efeito Borboleta 2. Como toda continuação, nem sempre traz algo novo e sim uma repetição já sem nada a acrescentar. Prefiro o primeiro vídeo, que traz em sua introdução uma citação inspirada na Teoria do Caos, dizendo que "o simples bater de asas de uma borboleta num local pode causar uma tempestade noutra parte do planeta". Idéia interessante e o filme também. Nele, um jovem perturbado consegue voltar no tempo relendo seus diários, e modificando seu passado, promovendo sérias implicações no futuro. Digamos que este filme esteja entre os Em Algum Lugar do Passado e De volta para o futuro, dadas as devidas proporções. Como essa postagem não se trata de uma resenha de cinema, sugiro locar o filme e tirar as próprias conclusões. Mas, o que pretendo com esse tema é abordar a idéia simples de que, dentro da teoria do caos e o caos do mundo em que vivemos, nossos atos repercutem sim, em nós e em quem nos rodeia. Para isso não precisamos ser teóricos ou físicos para perceber o tal "efeito borboleta". E como educadores somos exemplos positivos ou negativos, através de nossos discursos e, acima de tudo, de nossos atos. Quem lida com educação, observa diariamente, em seu entorno ou em depoimentos, projetos e atividades de colegas, no mundo real ou no ciberespaço, situações usando a tecnologia ou não, em que alunos em situação de risco tiveram seu "efeito borboleta", mudando radicalmente seu presente e futuro, a partir de intervenções positivas de educadores, escolas, pais, colegas, amigos, voluntários e outros mais. Como também, muitos alunos foram cooptados para o "lado escuro da Força", por pessoas que circulam dentro e fora do ambiente escolar, com suas falsas promessas de liberdade ou suas omissões. Sempre discuto com colegas e amigos a importância da escola integrar e motivar o aluno, através de projetos, não apenas de ensino e de aprendizagem, mas extra-curriculares, usando o esporte, a dança, a música, o teatro, a literatura, o rádio, a informática, a arte e a cultura em geral, canalizando toda a energia do jovem para a produção artísitica e educacional e não apenas a reprodução de conceitos e/ou pré-conceitos ultrapassados. Em 15 anos de trajetória educacional, conversando com alunos de várias faixas etárias, dentro e fora da sala de aula e do ensino regular, saindo em passeios em projetos ambientais, jogando futsal e volei, enfim, em diversas atividades fora do ambiente tradicional, aprendi que cada um tem um talento nato, faltando apenas descobri-lo e desenvolvê-lo. E que o adulto, embora não pareça, exerce sim uma grande influência no aluno, inclusive o mais rebelde e indisciplinado... Quando se fecha a cara, e não se traz o aluno para discutir problemas de interesse mútuo ao bom desenvolvimento daquela aula ou do próprio ensino coletivo, estamos indiretamente sendo tão imaturos como ele, e fechando portas para nós e para o jovem. A escola é o reflexo da sociedade, e o aluno é o resultado de sua família. Se a família se omite (por falta de tempo e/ou de interesse); sobrecarrega a escola, já com seus próprios problemas estruturais a resolver. Depois que o aluno ingressa no "lado escuro da Força" e na "escola do crime", muito pouco é possível fazer para mudar essa situação. Mas para toda regra, evidentemente, há a exceção. Pensemos então em nosso próprio "efeito borboleta", em relação a nossa vida e de quem nos rodeia. No cinema ainda é possível voltar no tempo e tentar consertar erros. Eu, particularmente, mesmo que isso fosse possível, prefiro continuar acreditando que pode-se aprender com os erros, para não repeti-los. E aproveitar os próprios acertos e dos colegas e amigos para utilizá-los em proveito de uma boa qualidade de vida e de educação escolar e familiar. Ainda que bons exemplos nem sempre cheguem ao horário nobre. Educar é uma nobre arte que não se aprende em nenhum lugar por ser pura vocação...
Observação: Imagem acima extraída da internet, do endereço:
http://aguanaboca.blogs.sapo.pt/arquivo/borboleta.jpg