quinta-feira, abril 19, 2007

Literatura, informática e educação


Ontem, no encerramento do curso de literatura canadense, proferido pelo prof. Albert Braz (canadense de origem portuguesa), realizado dentro do mestrado de História da Literatura, FURG, pude anotar muitas relações entre a literatura, a informática e a educação.
Primeiramente, Braz comentou sobre alguns escritores canadenses. Alguns são imigrantes escrevendo sobre o país que os recebeu; e de canadenses que escrevem num estilo estadounidense, que se não soubermos sua nacionalidade, acabaremos, pela temática e estilo, confundindo-o com um escritor dos EUA.
Um dos mais destacados é Douglas C. Coupland, que escreveu em 1991, o livro Generation X - Tales for an accelerated culture (essa geração surgiu lá pelos anos 1990, após os hippies dos anos 70 e o yuppies dos nos 80). A geração X é aquela que incorporou ao seu dia-a-dia a TV, a internet e o computador. O livro generation X, com ilustrações de Paul Rivoche, é chamado de romance gráfico, um modismo nos EUA, Canadá, Japão... em que são incorporados à literatura alguns detalhes do cartoons; Não confundir com os Comics ou HQs. Tem a forma que lembra uma HQ, mas é romance ilustrado, com textos de Kafka e outros clássicos, não somente autores contemporâneos. Nesses livros além do texto, de cartoons, tem notas na margem direita.
Escritores canadenses escrevendo sobre o Canadá, como se fossem estrangeiros. Talvez fruto da globalização e americanização. Segundo Braz, de onde você é não importa mais. Aaba sendo um estrangeiro no próprio país. Essa geração X sente que "o importante aconteceu antes, e nada importante acontecerá mais, e que é impossível mudar o mundo". Disse ainda que "temos que produzir narrativas a respeito de nossas vidas, pois a única possibilidade de escapar é através de histórias - pela função psicológica apenas". Segundo ele, o cinismo de Coupland é feito para surpreender, para negar o agora! Daí que existe o dilema de como catalogar um livro dessa espécie, de como justificar a sua inclsuão ao não num curso sobre literatura canadense. Um texto escrito por um canadense que fala apenas dos EUA. Qual é a cidadania do texto? É preciso ler o texto sem sair do texto. Pra isso necessita-se ampliar o debate entre a cidadania do texto e do autor. É o escritor ou o livro que estamos lendo?, perguntou Braz. Desse conflito emntre leitor-autor-texto, Braz disse que quando lê Coupland não vê ali o Canadá. E que há mais poetas do que leitores no Canadá.
Segundo Kertzer, outro escritor canadense: a literatura pode ser uma forma de manipulação do nacionalismo. A literatura tem uma função política. Mas, tm,bém, de acordo com Braz, demonstra quando a nação não faz o que promete. Que a literatura está mais ligada à Justiça. Na literatura nacional o herói é a nação.
E o mais curioso, Braz disse que não há identificação do americano no canadá, pois falando o inglês é considerado canadense, da mesma forma que o canadense nos EUA. A fronteira não é tão rígida como a dos EUA com o México. Por fim, concluiu que a mão do governo não é muito visível, mas está lá, de forma não ostensiva.
Enfim, coloquei essas anotações que fiz na palestra de Albert Braz pra mostrar que essa americanização não ocorre apenas em países tidos como Terceiro Mundo, subdesenvolvidos ou chamado de emergentes. Essa influência é mundial, e o Canadá, também sofre seus efeitos.
Parafraeando Caio Gracco Prado: "Um livro não muda o mundo. Um livro muda as pessoas, e essas sim podem mudar o mundo". A informática, ou melhor a computação gráfico está entrando em universos antes fechados, como o da literatura. Na educação seu avanço é visível. Pode ser que com os livros sendo transpostos para universo dos cartoons seja uma forma de estimular ao jovem, da geração da imagem e do som, a pegar gosto pelos clássicos da literatura e para o livro em geral. Não custa nada ver o resultado dessa combinação: "literatura-informática-educação".

Observação: Imagem gráfica intitulada "alternHATE CPU", de Ed Nunes traz uma frase em inglês, que diz: "Você pode matar um homem, mas não pode matar uma idéia".