sexta-feira, abril 13, 2007
Ontem, ao final da noite, entre algumas leituras pro mestrado em História da Literatura, que estou cursando a tarde, enquanto pela manhã e noite desempenho minhas funções no NTE (de manhã, com ênfase na especialização em tecnologia educacional, e à noite sendo multiplicador de informática educativa para professores da rede pública estadual), assisti simultâneamente (no silêncio não me concentro) reportagem do canal de notícias Band News que me deixou perplexo e indignado... Trata-se da atitude da profª. M. H. L. (prefiro não citar o nome completo), da Universidade Veiga de Almeida, do RJ, que impediu que um aluno portador de paralisia frequentasse suas aulas, por não estar apto, segundo a própria para o desempenho acadêmico... O fato revoltou colegas do rapaz e até sua chefe, pois o mesmo trabalha e, segundo a empregadora, possui um rendimento superior ao esperado. E note-se que o rapaz (que não consegui anotar o nome) entrou na Universidade, graças às boas notas no ENEM. Esse fato, que parece pontual, demonstra o quanto às vezes pessoas esclarecidas (doutoradas e pós-doutoradas, às vezes com teses brilhantes na teoria, na prática comentem os mesmos erros que qualquer ser humano, por não serem perfeitos, embora em seu íntimo se julguem como tal)... Erros de avaliação, por desconhecimento de causa, por preconceito ou pura má vontade, existem aos montes... Certa vez li um texto de uma educadora que dizia que a avaliação, quando extremamente rigorosa, pode ser um grave instrumento de exclusão educacional e, conseqüentemente, social, quando não leva em conta aspectos qualitativos e apenas quantitativos do alunado...
Presto nessa postagem solidariedade ao aluno e a todos àqueles que passam por este tipo de avaliação, no mínimo equivocada... Trabalho há 3 anos com a educação especial, mas ainda não tive alunos com paralisia ou cadeirantes... Já tive alunos surdos, cegos, com baixa visão, com deficiência mental leve, síndrome de down, mutismo, alguns problemas de coordenação motora, mas com todos pude obter uma interação, respeitando a especificidade individual... Claro que só consegui desenvolver um projeto de informática na Educação especial, com o apoio pedagógico das 8 professoras da EEEF. Barão de Cêrro Largo, que dividiram comigo, e a apartir de 2006, com minha colega Janaina Martins esse grande desafio, que tem tido resultados acima dos esperados... Evidentemente que em turmas de inclusão não haverá o rendimento idêntico do aluno portador de necessidades especiais ao do aluno regular... É o óbvio ululante, pois por isso existe a necessidade especial, que não os torna melhor ou pior, apenas DIFERENTES dos demais...
Mas ai aquela pergunta que não quer calar em mim: "Mas em turma regular, não temos também alunos com rendimento diferenciado: baixo, médio e avançado?" E como fazemos com a turma? Não vejo nenhum educador reclamar disso, mas quando se trata de portadores de necessidades educativas especiais, vira um bicho-de-sete-cabeças... Tudo bem, muda-se a estrutura de ensino, falta infra-estrutura, cursos de capacitação, professores apoiadores com cursos específicos nessa área para interagir com o educador em sala de aula... Em alguns casos, falta apoio ao professor de sala de aula, da parte do gestor escolar e do gestor público... Necessita-se de investimento em recursos humanos e equipamentos...
Desculpem-me aqueles que acompanham minhas opiniões nesse blogue, se parecerem repetitivas, talvez por que as situações como a acima narradas são repetitivas também... Mas, creio que pensar a inclusão de PNEEs é pensar a inclusão não apenas do professor, de seus alunos regulares, mais os alunos portadores de necessidades educativas especiais em dia, hora e local marcadas, e findo o período de estudos, tudo volta ao que era antes... E a própria família deposita na escola seus sonhos, anseios e frustrações... Inclusão é sinônimo de interação, de participação, de exercício integral da cidadania... Antes de direito, um dever... Antes de uma "boa ação", uma ação necessária... E para que isso seja concreto e eficiente tem-se que pensar a inclusão em classe regular, e em turno inverso a possibilidade de salas de recursos ao aluno PNEE, como acompanhamento, pois a inclusão não pode partir de uma exclusão de atividades que já existem, tipo APAE, APADA e outras entidades de apoio, que além da experiência, têm toda uma história de resgate social, que deve ser levada em conta e buscada a parceria com tais entidades... Do contrário, tudo será apenas uma TENTATIVA de inclusão... É minha opinião, e aceito contraditório (através de blogue, pelos comentáros), pois tenho apenas 3 anos de efetivo exercício com a educação especial... Afinal, o objetivo desse blog, além de interagir com os professores orientadores e tutores e os colegas da especialização em T.I.C. (tecnologias da informação e da comunicação) na Promoção da Aprendizagem, é propor debate e reflexões (de minha parte) sobre a tecnologia e a educação...
Observação: Antes que me perguntem o motivo da foto de Einstein, escrevendo num prosaico quadro negro uma de suas fantásticas teorias, que revolucionou o mundo moderno, quero esclarecer que tem dois sentidos: primeiro, o irônico, pois a professora que discriminou o aluno deve ser extremamente qualificada, entretanto... E o segundo motivo, é que o próprio Einstein, para quem leu sua biografia, era considerado, enquanto estudante (ainda muito jovem), tanto pelos pais como por alguns professores, como "retardado" (desculpem-me o termo pejorativo, mas era o usual à época, até o politicamente correto dominar os discursos, mas nem tanto à prática...) ou dispersivo, pelo mais educados... Ironia da vida, Einstein - que possuiu um Q.I. (quociente de inteligência) de mais de 180 pontos, e um dos maiores gênios da humanidade -, por sorte não teve algum professor(a) como o(a) desse fato lamentável, que o barrou , por conta de um equívoco de avaliação... Mais que uma provocação minha, a dura constatação da Relatividade de nosso mundo e nossos conceitos a respeito de nossos semelhantes e de nós mesmos...
1 Comments:
Olá, na minha pesquisa sobre inclusão com vista á realização de um trabalho para o módulo de "Administração e inclusão" encontrei o teu blog que acho muito interessante e gostaria de trocar impressões contigo. Tabalho em Educação especial há 7 anos e neste momento faço pós-graduação em Educação Especial.Chamo-me Paula e sou portuguesa. Espero pelo teu contacto! Bjinhos
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