quarta-feira, agosto 09, 2006

A Sociedade do Conhecimento

Ladislau Dowbor (www.dowbor.org), professor da PUC-SP, comentando sobre “Educação e desenvolvimento local”, em Seminário Internacional de Educação (Brasília, abril/2006), disse da necessidade de efetuar mudanças na dinâmica do processo educacional, definindo a educação como “o trabalho com o conhecimento, e o conhecimento o centro das mudanças”; e que o educador hoje está no centro do furacão. E todos aqueles que militam na educação, sabem como. Que “o problema central é a desigualdade e a pobreza”; e que “não se enfrenta a pobreza sem desenvolvimento”; que “não há desenvolvimento sem a participação da sociedade” e que “não há participação sem a população estar informada”; que a “Educação não se resolve de dentro da educação”. Há que se ter planejamento e participação popular. Hoje “evoluímos rapidamente para a Sociedade do Conhecimento” e “a telefonia celular se espraiou como fogo”. Falou de reportagem da revista New Scientific, sobre cidades pelo planeta que através de sistemas públicos de acesso a Internet, instalaram pequenas antenas retransmissoras em postes de luz, irradiando sinal ADSL (banda larga) no espaço urbano, via tecnologia wireless (sem fio), a preços populares, subsidiados por prefeituras em Washington, na China, no estado da Pensilvânia, em Piraí, etc.

Porém, ainda “falta em muitas escolas brasileiras o ‘Aurélio’”, nome popular do dicionário. A “Educação é luxo para um segmento da população”; “não há inserção da massa de jovens no mercado, muitos deles partindo para a verdadeira tragédia nas áreas como segurança, saúde e educação”; “a Educação tem papel de informador, emancipador”; “o analfabetismo é hoje medido pela capacidade de ler frases simples, e não o nível de conhecimento que a pessoa precisa ter para não se sentir excluído”. E quem percebe, por exemplo, o movimento nos caixas eletrônicos sabe bem do que Dowbor fala.

Diz ainda: “o conceito de gestão do conhecimento parte da visão de que a Escola não apenas leciona, mas articula o conhecimento onde está inserida”; que o “Brasil possui cerca de 5.500 municípios, e que há que se olhar para a base para que se crie efetivamente um nível de formação de recursos humanos para o desenvolvimento na região, através de parcerias entre escolas com empresas e instituições”. Falta, para Dowbor, “a apropriação do processo do Conhecimento, através da dinâmica da construção a partir do conhecimento local, para a mudança pedagógica e da realidade regional”, pois “sabemos muito sobre D. Pedro e nada de nossa cidade”. E o mais irônico: “Só se aprende sobre a realidade social a cada eleição, nos discursos dos políticos”. E pergunta: “Quando não se entende a nossa realidade, como se faz planejamento? Sobre qual realidade planejar?” A compreensão dos problemas locais inseridos na análise curricular, reconstruindo-o, é necessária, diz ainda.

E que “vivemos o reflexo da urbanização das cidades, iniciado entre 1950/60, quando 2/3 da população era rural. Atualmente no Brasil, 82% da população é urbana e as cidades não possuem sistemas eficientes da água e esgoto, infra-estrutura, sendo o espaço urbano de consumo coletivo. Na Suécia, 72% dos recursos públicos são gastos localmente, decididos pela comunidade. No Brasil, apenas 13%”. E o mais emblemático: “o prefeito está na linha de frente do problema, mas no último escalão do recurso”; que “a cidade exige processos colaborativos de cidadãos que não a conhecem”. Diz: “Em Porto Alegre, a prefeitura informa, através do mapeamento dos alvarás, sobre a quantidade de farmácias, padarias, etc em cada bairro onde alguém quer instalar um estabelecimento comercial”. Esse conhecimento ajuda ao comerciante escolher a localização, em função da concorrência acirrada ou não.

Por fim: “há o conhecimento disperso e fragmentado”; “a Biblioteca deve ter o conjunto de sistemas da região como base para os professores trabalharem de outra maneira, pois sabemos sobre o cálculo do PIB, e nada se o município evoluiu em qualidade de vida”. Em Jacksonville (EUA), “há relatório anual de qualidade de vida, com 22 indicadores definidos. Vota-se segundo resultados e não clientelismo. Deve-se sempre socializar as experiências bem sucedidas. E quem deve viajar é a informação e não as pessoas.

Observação: Foto-promocional da Universidade Ritter dos Reis, extraída de revista semanal.